por Simone Caixeta de Andrade
Pesquisa publicada no periódico Energy Policy destaca que a divulgação intensa de eventos catastróficos, como o acidente nuclear em Fukushima, tem efeitos a polarização ideológica política sobre a percepção de risco. O estudo ainda conclui ainda que, a depender dos canais de consumo de mídia, ao contrário de se tornarem mais informados e uniformes em suas opiniões, a opinião pública pode ficar ainda mais dividida.
A análise entre ideologia e atenção à mídia demonstra que, entre liberais e moderados, as percepções de risco não foram diferentes após o acidente de Fukushima. Entre o subgrupo dos conservadores que possuem pouca ou moderada exposição à mídia a percepção de risco diminuiu, ou seja, apenas aqueles com menor contato com os meios de comunicação reforçaram seu apoio à energia nuclear. Entre os conservadores com atenção a um espectro mais ampliado da mídia o apoio à energia nuclear caiu. “Nesse caso, no lugar da mídia reforçar a ideologia política, os conservadores pareceram experimentar uma conversão na percepção de risco, possivelmente devido ao conteúdo da cobertura que eles optaram por ver”, concluem os pesquisadores.
A ideologia política dos participantes da pesquisa foi avaliada através de questionários socioeconômicos. As respostas obedeceram a uma escala de um a seis, sendo um “muito liberal” e seis “muito conservador”.
Conservadores políticos são mais favoráveis à energia nuclear que liberais. Pesquisas indicam que essa tendência manteve-se pós-Fukushima. Houve inversão de apoio entre os Republicanos (57% para 49%, ou seja, os apoiadores deixaram de ser a maioria). Já entre os independentes o apoio caiu (47% para 41%) e entre os Democratas o suporte à energia nuclear diminuiu ainda mais (36% para 31%).
Os autores da pesquisa (com exceção de Kristen Runge) apresentarão outros trabalhos sobre “temas emergentes em ciência e sociedade” na 13ª edição da Conferência Internacional sobre Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (PCST, sigla em inglês), que será realizada em Salvador, de 5 a 8 de maio de 2014, e terá como tema central a “Divulgação da ciência para a inclusão social e o engajamento político”.
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