"Vamos conseguir resistir quantos dias?"
"Como será a reunião com o Lula?"
"O que podemos esperar?"
"Acho que isto não vai dar certo, mas não sei mais nada para fazer?"
Em 12 de junho de 2003 acontecia a assembléia geral dos trabalhadores da Flaskô que decidiria pela ocupação e tomada do controle administrativo, financeiro e operacional da empresa contra o seu iminente fechamento. Na esteira da ocupação da Cipla e Interfibras, ocupadas então por seus trabalhadores, foi uma decisão das mais dificéis e ao mesmo tempo mais simples que muitos trabalhadores da Flaskô tomaram na suas vidas.
E o impacto daquela decisão poucos poderiam avaliar com precisão naquela ocasião.
Vejam boletins publicados na época (Acervo do CEMOP)
Aquele era o primeiro ano de Governo de Luis Inácio Lula da Silva, um governo do PT, e mesmo que com muita desconfiança a esperança e a energia parece que crescia entre os trabalhadores.
No dia de hoje, 11/06, o próprio presidencia Lula Recebia uma delegação de trabalhadores das fabricas ocupadas naquela época, a saber, Cipla, Interfibra e a Flaskô, que decidiria a retomada da produção em assembléia geral no dia seguinte, realizada dentro da própria fábrica, junto com o sindicato dos químicos unificados de campinas e mais de 300 trabalhadores da Cipla e Interfibra que retornavam de Brasília após se reunirem com o presidente.
A bandeira de luta naquela ocasião era "Desemprego Zero". A luta era contra o desemprego e pela manutenção dos postos de trabalho nas fábricas que ameaçavam fechar. Com a bandeira de "Fábrica quebrada é fábrica ocupada!".
Foi também na mesma ocasião apresentada a proposta que o governo federal assumisse as empresas diante das dívidas dos patrões como forma de manter os empregos. Era uma medida que cobraria as dívidas dos patrões e manteria os empregos.
Muito água já passou por debaixo desta ponte. Mas é necessários lembrar que esta luta já passou por muito coisa. Venceu o primeiro mandato de Lula, venceu o segundo de Lula e agora ultrapassa o primeiro de Dilma.
Pouco, para não dizer nada, de positivo foi feito em relação aos trabalhadores e a defesa destes postos de trabalho.
De negativo foram mantivas, e mais agressivas do que contras os patrões, as medidas judiciais de cobranças de dívidas (estas feitas pelo patrão também) e suas consequentes medidas judiciais como leilões, penhoras de fatruamento, contas bancárias e processos criminais absurdos contra os dirigentes da luta.
Mas os trabalhadores nunca aceitaram calados os ataques e as recusas.
Os operários agiram sempre por transformar.
De uma fábrica falida retomaram a produção. E hoje produzem mais de 40 mil unidades de embalagens insdustriais por mês.
Reciclam mais de 180 toneladas de plásticos por mês.
Ampliaram a produção diminuindo o ritmo de trabalho. Ao contrário do que podem imaginar os trabalhadores baixaram a jornada para 30 horas semanais. E desenvolveram mudanças de formas e organização da produção, melhorias nas tecnologias utilizadas (é claro que sem dinheiro, e apenas com suas criatividades e seus esforços) que ampliou a produção em mais de 60% por hora.
Para enfrentar a questão da moradia popular, os operários decidiram ocupar e transformar parte do terreno da fábrica em uma Vila Operária para mais de 550 pais e mãos de familias.
Em dois galpões abandonas da fábrica criaram e ergueram a fábrica de cultura e esportes beneficiando centenas de crianças e jovens com sua iniciativa.
Mas ainda hoje lutam para que a fábrica tenha uma continuidade. Luta para que seja aprovado o projeto de lei do senado federal de número 257/2012 que declara a fábrica de interesse social, permitindo assim a desapropriação para a manutenção dos empregos, da moradia e do esporte e da cultura.
Onze anos depois os trabalhadores e trabalhadoras estão mais velhos, seus filhos cresceram, os netos nasceram, o Brasil mudou para muitos, mas a luta continua a mesma na Flaskô.
Ocupar, resistir e produzir! Dilma é chegada a hora de ouvir o que pedem os trabalhadores da Flaskô.
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