Número de roubos sobe 21,5% em Belo Horizonte
14 de Novembro de 2013, 6:53 - sem comentários aindaVIOLÊNCIA
Bairros Planalto e centro e avenida Vilarinho são as regiões mais afetadas

Perigo. Mesmo com policiamento constante, roubos são frequentes no centro de Belo Horizonte
PUBLICADO EM 12/11/13 - 23h00
JOANA SUAREZ
Mesmo que a sensação de insegurança esteja em toda a cidade, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) admite que é no bairro Planalto, na Pampulha, no hipercentro da capital e na região da avenida Vilarinho, em Venda Nova, onde os roubos acontecem com mais frequência. Em Belo Horizonte, o aumento do número de crimes violentos contra o patrimônio cresceu 21,5% nos últimos dez meses, na comparação com o mesmo período do ano passado.
No último mês de outubro, conforme os dados da Seds, foram registrados, em média, 75 assaltos por dia na capital. A secretaria não divulga números para cada região da cidade, mas afirmou que o perigo no bairro Planalto tem sido maior do que no centro, antes a região mais visada.
Até outubro de 2012, foram registrados 19.032 roubos e sequestros. Neste ano, já são 23.134. Como as ocorrências vêm crescendo mensalmente, os crimes violentos (homicídios, estupros, sequestros e roubos) aumentaram, em Belo Horizonte, 18,6% de janeiro a outubro deste ano na comparação com 2012.
“O roubo tem crescido em todos os Estados. Em Minas, são quase 7.000 casos por mês e esse grande número dificulta para que todos sejam investigados. Por isso, estamos elegendo alvos de investigação para conseguir identificar integrantes de quadrilhas especializadas”, disse o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz.
Em outubro último, foram registrados 6.369 roubos em Minas – 22,7% a mais que outubro de 2012.
Estratégia. Para o pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Frederico Couto Marinho, a redução de crimes depende de um trabalho de inteligência das polícias. “É preciso entender a dinâmica de cada tipo de roubo, além de aumentar o policiamento ostensivo. Roubos de celular e de carro se reduz descobrindo os receptadores”, destacou.
Segundo a chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, a Polícia Militar se preocupa em estar onde os crimes são mais comuns.
“É importante que as pessoas registrem o fato para que possamos saber o dia, a hora e o local”.
Ela destaca que a operação Natalina, que deve ter início na próxima semana, vai reforçar as ações e dar dicas de segurança na cidade. (Com Bernardo Miranda)
Operações
Segurança. De acordo com a Seds, além do aumento de policiamento, serão realizadas operações mensais de combate ao roubo, com a identificação de quadrilhas especializadas no crime.
Lojistas
Reunião. Comerciantes do hipercentro da capital se reuniram ontem na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL–BH) com as polícias Militar e Civil para cobrar mais segurança na região. O presidente da CDL, Bruno Falci, afirmou que será iniciada uma pesquisa de segurança entre os lojistas. “Estamos sentindo esse aumento dos roubos”, disse.
Temas. O aumento da população em situação de rua, o retorno dos camelôs às ruas da capital mineira e o impacto das manifestações populares no comércio foram outros temas discutidos.
A polícia e seus antagonismos brutais
14 de Novembro de 2013, 6:30 - sem comentários aindaPublicado por Evandro Martins -
O surgimento da polícia como hoje conhecemos - toda uniformizada e postada de forma ostensiva aos olhos da população para vigiar e prender – é coisa extremamente recente em termos de civilização. No Brasil, remonta a pouco mais de dois séculos.
Ela surgiu junto à Revolução Industrial, ao crescimento das cidades e à unificação dos Estados. Com o industrialismo, camponeses foram expulsos de suas terras e obrigados a viver na cidade, provocando seu inchaço, o que, aliado à explosão populacional devida aos avanços tecnológicos, ocasionou um aumento da criminalidade, porque a oferta de trabalho sempre foi e será menor que o número de pessoas aptas ao trabalho. O capitalismo tem uma tendência natural ao chamado “exército de reserva”.
Quem de relance veja, achará que a polícia é o lado “bom”, voltado a combater o “mau”. Mas esta é uma ideia elitista, superficial e se desfaz muito rápido. Basta dizer que quem dita a regra de quem e qual será o “mau” é quem está no poder. E a regra ditada visa manter sempre a mesma e velha ordem, ou seja, visa beneficiar um grupo de pessoas e não todas as pessoas. Então, se o agente (policial) receber uma ordem para combater determinado “mau”, ele não poderá perguntar se o que vai fazer é bom ou mau, afinal foi doutrinado a repudiar seu senso crítico e a obedecer toda ordem hierárquica. A polícia é, em suma, a instituição cega, surda e muda criada para servir ao poder, sendo a fiel cumpridora de ordens, sejam quais forem.
Por isso é uma inocência das pessoas achar que a polícia existe para protegê-las. Polícia é a força bruta criada para proteger o poder (econômico, social, político, etc). Basicamente a polícia existe para conter as massas sobrantes do capitalismo para que não se apoderem dos bens dos ricos. Serve, pois, para manter a sociedade dividida em classes. Por isso é um meio de controle social: o mais violento.
Não é por acaso que Brasília registra o maior salário pago aos policiais: porque ali se concentra todo o poder político do país. Veja-se, por exemplo, nas recentes manifestações onde os alvos foram o patrimônio público, agências bancárias e estabelecimentos comerciais de renome. A polícia aí tende a agir com rigor a fim de reprimir tais ações porque houve afronta ao poder político (prefeituras, câmaras municipais, congresso nacional) e econômico (bancos, lojas). E quando o crime é contra pessoa de certo statussocial, a ação é rápida e quase sempre eficaz (exemplos: Carolina Dieckmann; filha do Silvio Santos). Em contrapartida, existem estabelecimentos comerciais, residências e pessoas sendo alvo de crimes cotidianamente e a polícia aí simplesmente não age.
Em linhas gerais a polícia não consegue e não está voltada para prevenir e nem reprimir o delito, o que comprova o fato de que dos 50 mil homicídios ocorridos no país por ano (números de uma guerra civil), apenas quatro mil (8%) têm o autor descoberto e preso[1]. É dizer o seguinte: cinquenta mil pessoas foram assassinadas porque não se conseguiu evitar que o fossem, quando a lógica do sistema seria que os homicídios – um dos crimes mais graves - sequer viessem a ocorrer. Muitas dessas pessoas a polícia é quem mata. E mata tão ou mais criminosamente quanto àquelas ações que deveria coibir. Ora, se a polícia vem cometendo os ditos excessos durante as manifestações, em que a ação toda está sendo monitorada pela mídia, imagine-se o que ocorre sem esta vigília? Lá com o pobre favelado. É claro que a maioria dessas mortes é de pessoas pobres. Por isto tal fato passa aparentemente despercebido por quem não vive na periferia.
A imprensa já faz o maior estardalhaço com alguns poucos crimes que acontecem nos bairros nobres, agora imagine se ocorrem cinquenta mil mortes nesses locais? Por tal razão, pode-se dizer que os Direitos Humanos só tiveram a devida atenção quando a burguesia foi vitimada na época da Ditadura Militar. Atualmente parecem servir apenas como estatística. Daí se vê que no atual modelo a vida possui valor diferente, variando de acordo com a posição ocupada pela vítima e não pelo valor intrínseco que a vida encerra em si.
A perpetuação da polícia se alimenta do "clima de insegurança social" que cotidianamente a imprensa marrom (sensacionalista) e a chapa branca (conservadora) noticiam. Ou seja, ela se mantém por conta do medo do tão aviltado inimigo: o “delinquente”; e porque se pública, incansavelmente, o quão numerosos e perigosos eles são. O medo está sendo fomentado e industrializado para alcançar fins comerciais, até porque, no atual modelo tudo tem que vender, inclusive o medo. E essa criminalidade de rua, (ou do pobre - assalto, homicídio, latrocínio), que é mais escancarada, obviamente que deixa a população comum, - aquela que não detém poder social, político ou econômico - em sobressalto. Isto porque, como já dito, a polícia não está direcionada para servir a população em geral, mas sim ao poder.
Mas, fazendo-se uma análise para além do bem e do mal, a polícia, mais precisamente os seus agentes, os policiais, são as maiores vítimas dentro do sistema penal. Esta íntima relação dos policiais com o crime arrastarão eles para diversos caminhos. São suicídios, depressão, síndrome do pânico e outras tantas patologias que essa atividade de guerra provoca. O número de suicídios chega a ser maior que o número de policiais mortos em combate[2]. Ora, se são conhecidos os terríveis efeitos entre os ex-combatentes de guerra que testemunharam o conflito de forma temporária, evidente que quem vivencia a guerra diária e sem trégua sofre de forma mais intensa os efeitos desta atividade insana. Mas dois caminhos são quase inevitáveis: a corrupção e o embrutecimento, ou seja, a animalização de seus membros.
Em 1971 foi realizado um experimento onde pessoas comuns foram selecionadas aleatoriamente para desempenhar os papéis de prisioneiros e guardas em uma prisão simulada (prisão de Stanford). Prevista para durar quinze dias, a experiência teve que ser interrompida no sexto dia. Os voluntários incorporaram de tal forma os papéis designados que os guardas foram se tornando cada vez mais sádicos e malvados com os prisioneiros, dispensando-lhes tratamento humilhante, castigos físicos, negando-lhes comida, acesso ao banheiro, etc. Em contrapartida, os prisioneiros começaram a apresentar distúrbios emocionais, perda do senso de realidade, desamparo. Estes quadros psicológicos e ações perversas dos “guardas” foram possíveis em uma mera simulação, agora quando os papéis tornam-se reais as consequências são muito mais graves.
Por isto há as chamadas milícias entre a polícia: verdadeiros grupos de extermínio que se arvoram no direito de fazer justiça com as próprias mãos sem que as vítimas tenham, muitas vezes, qualquer desavença com seus executores ou mesmo histórico criminoso. Por isto a tortura é um meio absolutamente normal dentre as práticas policiais. Por isto a polícia é truculenta, arrogante, estúpida, bestificada. As chacinas (Eldorado do Carajás, Acari, Candelária, Vigário Geral, Carandiru) acusam a violência da polícia contra os mais humildes. Isto se dá porque, ao se conferir certo grau de poder às pessoas, elas tenderão a abusar dele, se sentindo acima das demais. Isto ocorre em qualquer nível de poder, mas com a polícia é pior. Pior porque os policiais acham que se trata de uma luta do bem contra o mal, por isso suas ações descambarão para violência, tortura, mortes, chacinas, etc. Muitas dessas coisas terríveis e desumanas são amenizadas porque o sujeito que ordena não vê o fato, logo não tem a imaginação impressionada; enquanto o sujeito que obedece, está executando ordens e por isso não se sente responsável. Quem ler, não encontrará nisto senão palavras. Mas tem uma explicação: nada percebemos de injusto quando a distância entre nós e outro ser é muito grande, e matamos um inseto, por exemplo, sem qualquer remorso. Daí se vê que os conceitos de “bom” e “mau” caem por terra. As pessoas apenas desempenham os papéis que o sistema lhes confere.
E cabe um parêntese sobre a denominada violência deslocada. Suponha-se que um policial é humilhado por um superior hierárquico; neste momento ele nada poderá fazer. Sua reação contida (já que não pode agir) será deslocada, por exemplo, quando da prisão de um assaltante espancando-o, já que aqui ocupa uma posição superior a dele. Este assaltante, por sua vez, deslocará sua reação àquele espancamento numa futura vítima, p. ex; e esta vítima descontará esta agressão na sua mulher ou num subalterno no trabalho, etc. Cria-se assim, um ciclo interminável de agressões que é inerente ao próprio sistema. Estamos num ciclo vicioso que só gera violência.
E o pior de tudo é que há uma crença de que os problemas serão solucionados chamando a polícia: exatamente a instituição mais mal preparada para resolução dos conflitos. Praticamente todo problema e toda desordem é tratado como “caso de polícia”. Movimentos dos sem-terra, dos sem-teto, briga de vizinho, pensão alimentícia, tráfico de drogas, crimes patrimoniais, estupradores e assassinos, tudo é colocado na mesma vala, ignorando-se a raiz desses problemas, que nada mais são que sintomas de uma sociedade em crise estrutural.
Afora a animalização, há a corrupção dos policiais. Isto se dá por conta das seguintes proposições: atualmente é impossível acabar com o crime; e pior ainda: não existe nenhum interesse em acabar com ele. No modelo vigente o crime sempre vai existir e sua tendência é só aumentar porque o sistema, em si, é criminoso. O crime não está lá ou cá ; e tampouco são estes ou aqueles os criminosos. Ele está em toda parte e dentro de cada um. Crime é um conceito político. Isto quer dizer que seus fundamentos não se encontram em bases jusfilosóficas, naturais ou extraterrenas. Crime é uma criação de quem está no poder. A razão de existir do "crime" é a mesma que a Igreja Católica encontra para o "pecado", ou seja, é querer separar as pessoas em boas e más, onde umas seriam mais morais que as outras. No passado sacerdotes e guerreiros saqueavam o excedente da produção das famílias camponesas era a coisa mais normal, hoje seria roubo.
Há tantas leis definindo o que é crime que é quase impossível um cidadão não ter cometido ao menos um delito. Por exemplo: comprar CD ou DVD falsificado é crime (receptação); tentar subornar um guarda de trânsito é crime (corrupção ativa); comprar sem nota para reduzir o preço de um produto ou serviço é crime (art. 1º, inc. II, da Lei 8.137/90); dirigir sob efeito de álcool é crime (art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro); levar lança perfume para o carnaval e dividir com a galera é crime (tráfico de drogas). Porém, há uma espécie de seleção de quem são os criminosos (os pobres) e onde eles se concentram (na pobreza). Isto explica porque você, caro leitor, não foi apanhado pela teia do sistema penal e costuma enxergar o criminoso sempre como sendo “o outro”.
Em segundo lugar, há muita gente “vivendo” do crime. São repórteres, apresentadores e donos de TV, jornal e rádio, juízes, promotores, delegados, vigilantes e seguranças particulares, empresas de segurança, etc. O crime já se mercantilizou: blindagem de veículos, cercas elétricas, alarmes, seguros, cães adestrados. Quantos jornais e programas policialescos se alimentam do crime. Toda máquina estatal voltada para prender, julgar e punir (polícia, delegados, promotores, juízes) vive do crime. E quantos empregos e serviços deixariam de existir sem o crime. Isto apenas para dizer da criminalidade de rua: aquela que assusta a população. Há, portanto, muitos interesses por trás do crime. O policial se deparará com esta triste realidade, se corromperá e, não raro, se lançará a empreitadas criminosas iguais a que visa coibir (assaltos, homicídios, etc), pois seu trabalho é o mais inglório: colocar a vida em jogo por um mísero salário para travar uma luta já de antemão perdida contra a criminalidade do pobre. Aquele que eu e você se retorce para não ver, como a querer negar sua existência, sua realidade.
Pode-se dizer que quanto mais policiado um Estado é, tanto mais desigual é seu povo. Atualmente, bem se percebe que o Estado está precisando mais do que nunca da força policial, inclusive para governar. Outrora a “opinião pública” era facilmente manipulável pela grande mídia. Agora, com a internet - única imprensa livre - tomando a frente dos antigos meios de comunicação, a população está arisca, desperta e volta-se, inclusive, contra os antigos meios formadores de sua opinião. Quando um Estado precisa a todo instante da polícia para exercer-se é porque a situação vai de mal a pior. E esta insatisfação generalizada conduzirá, mais cedo ou mais tarde, à ingovernabilidade. Isto porque, ninguém governa contra a opinião pública. Governar é mandar, mas obedecer não é aguentar. Estado é um estado de opinião: uma situação de equilíbrio, de estática. Veja o caso de Napoleão ao invadir a Espanha: ele sustentou esta agressão durante algum tempo, mas não mandou um só dia. Isto porque tinha a força e precisamente porque só tinha a força.
Aqui no Brasil há uma insatisfação generalizada da população e uma casta social que visa tão somente se perpetuar no poder. O primeiro passo rumo à mudança é evitar que algum amigo ou conhecido tente ingressar para a polícia, ou se já faz parte desta corporação/instituição tentar dissuadi-lo desta ideia. A natural tendência é que haja uma greve ou mesmo uma conscientização também por parte da polícia deste papel que lhe é designado, ou seja, que ocupa uma posição indigna e está sendo lançada contra a própria população a mando do poder e, por conta disso, acabe deixando de sustentar uma situação que já está insustentável. Quando isto acontecer haverá, inegavelmente, um pequeno espaço para o caos. Mas já se vive uma permanente catástrofe e sua autonegação. E é preciso virar cinzas para que fênix renasça.
Somente com a ruptura do sistema vigente será possível viver num mundo sem polícia. Tanto a militar quanto a civil. A primeira porque mata, tortura, prende, é corrupta e brutal. A segunda porque faz tudo isso e não investiga o crime[3]. Este será o caminho natural para se ter uma sociedade mais fraterna, mais igual, mais humana, onde os problemas serão tratados como devem ser tratados, e não como “casos de polícia”.
[1] A estimativa é de Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa Mapas da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça.
[2] Segundo pesquisa realizada pela Unb e divulgada pela Istoé, edição nº 2285, 30.Ago.13.
[3] Numa sociedade pautada em outros nortes que não o capital, sequer precisaria investigar o crime para querer encontrar o culpado. Porque a punição de quem quer que seja nunca passou de um erro. Pena nenhuma previne ou reprime o delito, tampouco regenera o condenado. O índice de reincidência é de 70%. Não existem culpados. As pessoas se sentem culpadas, mas não são. A culpa se encontra dispersa: nos pais, nos educadores, nos amigos, no ambiente favorável, nos acasos da hereditariedade, em nós, nas mensagens subliminares, nas técnicas de persuasão, enfim, os embates psíquicos e as crises que jogam o ser humano de um lado para o outro até que ele decida agir, jamais formarão o seu “livre arbítrio”, serão apenas a escolha das circunstancias determinantes. Por isto, é inútil querer encontrar “culpados”.
Fonte: Jornal Flit Paralisante
Juíza do CNJ cobra ações do Executivo para ressocialização
14 de Novembro de 2013, 6:15 - sem comentários ainda
"BOMBA RELÓGIO"
Celas inundadas por esgoto, adolescentes impedidos de tomar banho de sol e ausência de atividades pedagógicas. Foi o que encontrou a juíza auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça, Marina Gurgel da Costa (foto), em visita às duas unidades de internação de menores em Aracaju, que têm registrado casos de agressões aos menores e sucessivas rebeliões.
Para Marina Gurgel, o Poder Executivo é fundamental na solução do problema. Entretanto, ela relata que chefia do governo de Sergipe não esteve presente em reunião no dia 29 de outubro, quando se discutiu a questão. Participaram representantes do Poder Judiciário local, do Ministério Público, da Direção da Fundação Renascer (que administra as unidades), da Procuradoria do Estado e da Secretaria Estadual de Assistência Social.
Após a reunião, a direção da Fundação Renascer foi exonerada. Mas, de acordo com a Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ-SE, nenhuma proposta para a solução dos problemas das unidades foi apresentada.
No mesmo dia, a 17ª Vara Cível de Aracaju determinou o prazo de 60 dias para que os adolescentes fossem transferidos do Centro de Atendimento ao Menor para um local adequado e que, após isso, nenhum menor fosse mantido ou recebido na unidade. A Ação Civil Pública foi movida pela Defensoria.
“A eficácia da medida aplicada pelo juiz, na sentença, depende do empenho do Poder Executivo, responsável pela sua execução”, explica a juíza, que reconhece que o problema não é exclusivo de Sergipe.
Em sua avaliação, o apoio técnico, que deveria ser do Estado, muitas vezes é substituído pela atuação de membros do Judiciário. “O que se vê atualmente é o mau funcionamento do sistema socioeducativo por falta de investimentos e indisposição dos gestores públicos”, diz.
Em entrevista à revista Consultor Jurídico, Marina aponta que o acesso a drogas como crack é mais um ingrediente em uma mistura que pode ter um desfecho desastroso. Ela aponta que 74% dos jovens internos no país têm acesso a drogas e cobra um protocolo de tratamento. “Há um tabu muito forte em face a políticas de redução de danos nesta órbita. Estamos segregando dependentes químicos e criando, pouco a pouco, uma bomba relógio.”
Leia trechos da entrevista:
ConJur — Qual era o propósito da visita às unidades de internação de menores de Sergipe?
Marina Gurgel — Conhecer de perto o contexto das rebeliões ocorridas recentemente nas unidades e tentar uma reunião de sensibilização política com o governador e demais agentes estatais. O CNJ recebeu um ofício solicitando a presença do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Medidas Socioeducativas (DMF) no local na tentativa de mediar uma solução para os graves problemas identificados pela Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ-SE. Esses problemas não são novos.
ConJur — Desde quando eles existem?
Marina Gurgel — Foram detectados pelo CNJ desde a primeira visita realizada por meio do Programa Justiça ao Jovem, em 2010, que apontava superlotação e negação de direitos mínimos aos adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas em meio fechado. A verdade é que os problemas verificados não são exclusivos daquele estado. Os problemas que afetam diretamente a execução destas medidas, de responsabilidade do Poder Executivo estadual, passam pela falta de investimentos em reforma e manutenção das unidades e a completa ausência de um projeto pedagógico para os adolescentes privados de liberdade.
ConJur — O que esse projeto pedagógico engloba?
Marina Gurgel — Em se tratando de adolescentes que cometem atos infracionais, esse projeto pedagógico implica na profissionalização, escolarização, tratamento contra drogadição e assistência social aos familiares, para que possam retornar ao lar após o cumprimento da medida. Ter uma referência afetiva que lhes dê sustentação emocional e um propósito existencial.
ConJur — E qual o perfil dos internos?
Marina Gurgel — Na maioria das vezes, são jovens que vivenciaram violência doméstica, conviveram com o alcoolismo desde a tenra idade e encontraram no tráfico uma promessa de sobrevivência e inclusão na cadeia de consumo. Deste jovens, 74% tem envolvimento com o uso de substancias psicoativas, dentre as quais, o crack. Esta é a média nacional identificada na pesquisa Panorama Nacional, do CNJ.
ConJur — O que a senhora viu na visita?
Marina Gurgel — Verificamos adolescentes confinados em celas imundas, sem banho de sol, algumas delas inundadas por água de esgoto, o que forçava os adolescentes a se dependurarem sobre as camas e grades. Houve grande evasão de adolescentes de ambas as unidades. As celas não tinham iluminação e aeração. Não havia qualquer atividade pedagógica. Os adolescentes afirmavam em voz uníssona que estavam confinados. Reclamavam o direito mínimo de tomarem banho de sol e de saírem das celas. Havia celas destruídas com imensos buracos após a rebelião. Também houve relatos de maus tratos e violência praticados pelos próprios agentes socioeducadores.
ConJur — Como o Estado se posiciona diante dos internos?
Marina Gurgel — De modo geral, não ha mínimo investimento no sistema socioeducativo. E quando me refiro a investimento, quero incluir estrutura física e, sobretudo, plano pedagógico. É comum que os próprios adolescentes reclamem em face da ociosidade, diante da inexistência de atividades voltadas à educação ou profissionalização. Algo igualmente preocupante é a falta de acesso a tratamento contra a drogadição, que inviabiliza qualquer plano de ressocialização.
ConJur — De que maneiro isso se agrava?
Marina Gurgel — Sem medidas de cunho assistencial, não há recuperação. Atualmente não se tem nem uma coisa nem outra, pois os adolescentes, dependentes químicos, não têm acesso a tratamento sequer ambulatorial. O fato é que o país não conta com um protocolo de tratamento contra drogas devastadoras como o crack. Há um tabu muito forte em face de políticas de redução de danos nesta órbita. Quando a situação pessoal exige tratamento mediante internação, a situação ainda é pior. Estamos segregando dependentes químicos e criando, pouco a pouco, uma bomba relógio de carne e osso.
ConJur — Qual é o panorama em relação ao crack?
Marina Gurgel — Em estudo recente, elaborado pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Justiça, detectou-se que o contingente de adolescentes dependentes químicos por crack chega a 14%. Temos uma população, apenas nas capitais, de mais de 370 mil dependentes de crack, dos quais 50 mil aproximadamente estão nesta faixa etária, segundo aquela pesquisa. Importante chamar a atenção para este grave problema e convocar a população para que cobre uma resposta mais efetiva mediante a implementação de políticas públicas curativas. Infelizmente, quando a prevenção e profilaxia não funcionam a contento, a remediação do problema tem um custo humano absurdamente maior e mais difícil. Se o Estado falha na prevenção, é inaceitável que seja omisso no tratamento e ressocialização.
ConJur — O que o CNJ pode fazer diante dessa situação?
Marina Gurgel — O CNJ tem ingerência diante de membros e servidores do Poder Judiciário e Cartórios Extrajudiciais, tão somente. Contudo, conhecendo o funcionamento da Justiça Infanto-Juvenil e do modo como vêm sendo executadas as medidas socioeducativas por parte do Poder Executivo, o conselho busca mobilizar esforços conjuntos a favor da otimização do sistema. Isso porque, em se tratando dessa matéria, o trabalho de todos os atores é interdependente. A eficácia da medida aplicada pelo Juiz, na sentença, depende do empenho do Poder Executivo, responsável pela execução da medida aplicada, por exemplo.
ConJur — Há algo sendo feito?
Marina Gurgel — O Poder Judiciário já se deu conta disso e já temos exemplos de protagonismos na articulação e fortalecimento das medidas socioeducativas em meio aberto, de responsabilidade do Poder Executivo municipal, como é o caso do TJ-SE, por meio de sua coordenadoria. O apoio técnico, que deveria partir do Estado, vem sendo dado, muitas das vezes, pelos atores do sistema de Justiça, diante da inação estatal. É preciso que os Estados assumam esse protagonismo, prestando o apoio necessário aos municípios, como determina a Lei do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo). Só assim evitaríamos uma intervenção tardia do Estado, que deixa de impedir o envolvimento do adolescente com atos infracionais mais graves.
ConJur — O executivo é, então, o grande responsável?
Marina Gurgel — O que se vê atualmente é o mau funcionamento do sistema socioeducativo por falta de investimentos e indisposição dos gestores públicos. Partem para a segregação como única medida sem se preocuparem com um projeto efetivo de ressocialização. Prestam um desserviço à sociedade, pois fazem uma "figuração" para a população sem resolver o problema. Insisto que, a continuar assim, estaremos alimentando uma bomba relógio que só ira incrementar e recrudescer os problemas já existentes no sistema carcerário.
ConJur — A senhora vê falhas no modelo de recuperação?
Marina Gurgel — Acredito que se há falhas graves, que comprometem a ressocialização. Elas estão mais localizadas na execução do modelo do que no próprio modelo. A verdade é que o atual modelo, existente desde 1990, nunca foi implementado. Não contamos com medidas socioeducativas em meio aberto articuladas nos municípios. As medidas socioeducativas em meio fechado, por sua vez, pautam-se, atualmente, na negação de direitos que vão além da liberdade restringida na sentença. Sem um plano pedagógico resumem-se a depósitos humanos.
Leonardo Léllis é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico
Políticos, operadoras e neutralidade são nó do Marco Civil
14 de Novembro de 2013, 6:12 - sem comentários ainda
LEGISLAÇÃO PARA A INTERNET
*Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo de segunda-feira (12/11).
O Marco Civil da Internet precisa ser aprovado. Ele define os direitos dos usuários da rede. Por causa de pontos polêmicos, o projeto está há dois anos no Congresso, à espera da votação. Na semana passada, foi divulgada uma nova versão. Em regime de urgência, o Marco Civil trancou a pauta da Câmara desde o fim do mês passado, impedindo que outros textos fossem votados.
Do lado político, o principal opositor ao projeto é o PMDB (apesar de o texto ter sido enviado ao Congresso pelo governo). Do empresarial, são as operadoras de telecomunicações. O relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), tem destacado o que ele chama de "três pilares" do Marco Civil: a proteção à privacidade do usuário, a garantia da liberdade de expressão e a neutralidade de rede.
O pilar menos óbvio para a maioria das pessoas - e também o mais polêmico - é a neutralidade. Por esse princípio, a operadora tem de tratar da mesma forma todo o tráfego de internet que passa por sua rede. Não pode haver discriminação.
É uma definição importantíssima. Serve para impedir, por exemplo, que alguma tele resolva bloquear ou prejudicar aplicações de telefonia via internet (como o Skype) ou de mensagens (como o WhatsApp), já que eles concorrem com seus próprios serviços.
Evita também que a operadora crie, num outro exemplo, seu próprio serviço de vídeo, e que torne a qualidade dos concorrentes baixa a ponto de torná-los inviáveis.
Também impede que cobrem taxas de grandes empresas de internet, como Google e Facebook, para garantir um bom acesso aos sites desses gigantes, degradando a qualidade dos serviços das empresas de internet que não têm dinheiro para pagar essas taxas.
Na semana passada, Alexander Castro, diretor do SindiTelebrasil (sindicato das operadoras), disse na Câmara que o texto atual poderia impedir a oferta de pacotes de acesso à internet com franquia de dados (em que a velocidade cai quando o cliente alcança o limite de dados que contratou), já que a degradação ou a interrupção do acesso, segundo o projeto, pode acontecer só por motivos técnicos, e não comerciais.
Molon respondeu que o Marco Civil define princípios, e não modelos de negócio. O deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB, afirmou que o texto atual impediria a venda de pacotes de acesso com velocidades diferentes. Existe também o temor de que inviabilize a comercialização de internet pré-paga.
É claro que a neutralidade não existe para impedir a venda de pacotes com velocidades diferentes, com franquias de dados ou pré-pagos. Se o texto atual dá margem a esse tipo de interpretação, por que não deixar mais explícito que o princípio da neutralidade não trata disso? Até para ver se a oposição realmente termina.
Renato Cruz é jornalista e colunista do jornal O Estado de S.Paulo
Revista Consultor Jurídico
MENSALEIROS NA CADEIA! JUSTIÇA QUE O CIDADÃO ESPERA A TEMPOS...
14 de Novembro de 2013, 6:10 - sem comentários ainda
STF terá de analisar embargos pendentes antes de execução
AP 470
Antes de determinar o trânsito em julgado de uma condenação e executar a pena, o Supremo Tribunal Federal tem de analisar o cabimento de recursos pendentes de juízo de admissibilidade. O entendimento foi firmado nesta quarta-feira (13/11), na conturbada sessão em que os ministros discutiram sobre a execução imediata das penas dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
A sessão foi tensa e marcada por trocas de acusações entre os ministros, que decidiram — por maioria — pelo cumprimento imediato das penas dos condenados que tiveram os Embargos de Declaração considerados protelatórios — não conhecidos pela corte. Nesse ponto ficou vencido o ministro Marco Aurélio, para quem a pena só deve ser cumprida depois da publicação do acórdão. A corte decidiu também pelo trânsito em julgado dos casos que não foram contestados por meio de Embargos Infringentes.
O embate entre os ministros ganhou tom bélico quando a corte se mostrou dividida sobre a possibilidade de declarar transitado em julgado o processo relativo aos condenados que apresentaram Embargos Infringentes mesmo com menos de 4 votos favoráveis.
A divergência foi aberta pelo ministro Teori Zavascki. “Nos casos em que há Embargos Infringentes, cabíveis ou não, não há transito em julgado”. Ele foi seguido pelos ministros Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Carmen Lúcia, Marco Aurélio e Celso de Mello.
Mais uma vez, coube ao decano da corte o voto de minerva em um ponto de controvérsia no plenário. “Seria prematuro formular um juízo positivo ou negativo nesse momento”, afirmou. “Não podemos, nessa sentada, julgar os Embargos Infringentes que estão para juízo de admissibilidade", concordou Marco Aurélio. “Não podemos, em Direito, queimar etapas”, acrescentou.

O argumento foi duramente contestado pelo relator da Ação Penal, ministro Joaquim Barbosa, e pelo ministro Gilmar Mendes. “Não é razoável que o Plenário não possa dizer que esses Embargos Infringentes são manifestamente incabíveis”, disse Mendes. Com a voz elevada e visivelmente irritado, afirmou que “manipulou-se o Plenário” e que “é preciso encerrar esse tipo de cena”. Ele disse que houve uma tentativa deliberada para que os ministros Cezar Peluso e Ayres Brito saíssem do julgamento. “Que tipo de manipulação. Que coisa constrangedora para todos”, protestou.
Joaquim Barbosa chegou a bater boca com os ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio. “O colegiado está abdicando de seu poder de decidir. Isso é chicana”, disse Barbosa, ao que foi contestado por Zavascki: “Vossa Exclência está se referindo aos colegas?”, questionou. “O tribunal ou parte dele se vale de firulas processuais para postergar”, retrucou o presidente do STF.

Em seguida voltou sua carga contra Marco Aurélio, que defendeu seu ponto de vista: “Não há qualquer manobra. É um tema em discussão. A beleza do colegiado está na divergência. Somos 11 cabeças pensantes, cada qual tem um voto com o mesmo peso”. O ministro lembrou que o colegiado não deveria disputar, cabendo a cada ministro votar conforme o próprio entendimento. Barbosa respondeu: “Vossa excelência disputa tudo. Não há vaidade maior do que a de vossa excelência aqui dentro.” Ao seu estilo irônico, Marco Aurélio replicou: “Gosto de gravatas bonitas”.
Visivelmente preocupado em convencer os colegas de seu posicionamento, Joaquim Barbosa deixou de lado, por algumas vezes, seu papel de presidir a votação. Coube ao decano da corte, Celso de Mello, organizar a discussão e conduzir os votos do Plenário, chegando a pedir que cada ministro manifestasse novamente seu voto, para refazer a contagem.
Os ministros Roberto Barroso e Dias Toffoli, acompanhando Joaquim Barbosa, entenderam que o raciocínio defendido por Zavascki prejudica aqueles que não recorreram. “Não existe, em parte alguma do mundo, o direito ilimitado de recorrer”, disse Barroso.
Pelo menos seis réus apresentaram infringentes mesmo sem quatro votos pela absolvição: Vinícius Samarane, Rogério Tolentino, Valdemar Costa Neto, Pedro Henry, Pedro Corrêa e Bispo Rodrigues.
Questão de ordem
No retorno do intervalo, os ministros decidiram uma questão de ordem suscitada pelo advogado Alberto Toron. Ele pediu abertura de prazo para a defesa se manifestar em relação ao pedido de execução imediata das penas de 23 condenados apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O parecer foi entregue nesta terça-feira (12/11).
Por 9 a 2, a maioria rejeitou o pedido por dar procedência à questão de ordem trazida pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, e porque o colegiado não deliberou sobre a petição do PGR. Ficaram vencidos os ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio.
Esclarecimento
Além dos Embargos Declaratórios de Breno Fischberg, a corte também acolheu os de João Paulo Cunha, de modo parcial, para esclarecer que sua condenação por peculato teve como base o valor de R$ 536.440,55.
Elton Bezerra é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico
Audiência sobre manifestações populares não teve presença da PM. Instituições totais não admitem serem questionadas!
14 de Novembro de 2013, 6:06 - sem comentários ainda
POSTURA DA POLÍCIA
Audiência sobre manifestações populares não teve presença da PM
Um dos temas do debate foi a postura da polícia em relação aos protestos e ocupações na capital, tendo em vista a Copa do Mundo de 2014
Assembleia Reunião contou com a presença de todos os órgãos convocados, exceto, a PM
JULIANA BAETA
A audiência pública que ocorreu na tarde desta quarta-feira (13) para discutir sobre a postura dos agentes de segurança pública durante as manifestações, já visando a Copa do Mundo que tem Belo Horizonte como uma das cidades-sede em 2014, não teve a presença de um dos órgãos mais criticados durante os protestos: a Polícia Militar (PM).
O deputado Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos, que solicitou a audiência, avaliou a reunião como positiva, apesar da falta da PM. Estiveram no local representantes do Ministério Público, da Polícia Civil, o Conselho Estadual de Direitos Humanos, além de representantes movimentos sociais.
"É lamentável que a PM não tenha participado, porque muitas das reclamações em relação à postura nas manifestações são direcionadas a ela", disse o deputado, que salientou que a reunião também serviu para aprovar o requerimento para que a Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares seja permanente.
Na audiência, ainda de acordo com o deputado, foram entregues depoimentos em relação a agressões de militares contra manifestantes, e também o relato de um militar que disse ter sido agredido por um manifestante. Além disso, ficou destacada a importância de se manter a Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares.
As ocupações na capital e os conflitos gerados entre a polícia e moradores de áreas invadidas também foram tema da reunião. Segundo o deputado, vários sindicatos da capital como o Sindicato dos Metalúrgicos e o Sindicato dos Trabalhadores da Educação também denunciaram ações truculentas da PM e ainda disseram que estão sendo monitorados por policiais que estariam agindo a serviço de entidades privadas.
"Sendo permanente, essa comissão poderia atuar no sentido de eliminar os excessos cometidos por policiais nas ocupações", enfatizou Durval. Uma nova reunião está marcada para o dia 9 de dezembro.
O chefe da assessoria de imprensa da PM, Major Gilmar Luciano, informou que irá apurar porque o órgão não esteve presente e se realmente foi recebido algum convite para que a PM participasse da audiência.
JUSTIÇA MILITAR DE MINAS GERAIS COM OS DIAS CONTADOS!
14 de Novembro de 2013, 5:35 - sem comentários aindaComissão Especial do TJM elege presidente e vice
Comissão cumprirá tarefa de avaliar necessidade ou conveniência de manutenção do Tribunal de Justiça Militar Estadual.
Os deputados Lafayette de Andrada e Célio Moreira, ambos do PSDB, foram eleitos, respectivamente, presidente e vice-presidente da Comissão Especial do Tribunal de Justiça Militar, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em reunião realizada na tarde desta quarta-feira (13/11/13). A reunião foi conduzida pelo deputado Romel Anizio (PP), presidente “ad hoc”.
Criada a requerimento dos deputados Alencar da Silveira Jr. (PDT) e Célio Moreira, aprovado em 27 de agosto de 2013, a comissão especial tem prazo de 60 dias para proceder a estudo sobre a Justiça Militar Estadual. Entre outros assuntos, a comissão vai abordar questões como organização, competência, recursos humanos, volume de trabalho, remuneração, eficiência, papel social, impacto de suas ações e necessidades ou conveniência de sua manutenção.
Consciência Negra, ou: aquilo que você não entende mas incomoda
14 de Novembro de 2013, 5:01 - sem comentários ainda
"Como diziam os moradores de Santa Rosa, em uma cidade majoritariamente branca do sul: “o problema da criminalidade é esse pessoal que foge do Rio, esse pessoal moreno que vem para cá”. É isto, o problema da Universidade, para alguns professores, é este pessoal que foge às estatísticas, este pessoal moreno, negro, pardo, nordestino, que vem para cá, para a sala de aula", escreve Luciane Soares da Silva, professora associada da Universidade Estadual Darcy Ribeiro e integra o Núcleo de Estudos de Exclusão e da Violência (NEEV), em artigo publicado no blog Fazendo Media, 11-11-2013.
Eis o artigo.
Nas discussões sobre ação afirmativa, alguns estudiosos afirmam que a “questão das cotas” criaria um problema que não existe no Brasil, um problema “importado” pelo Movimento Negro e uma meia dúzia de intelectuais. Quando em 2003 estas discussões tiveram maior espaço na Universidade, alunos contrários as cotas discursavam aos berros que o sistema era “meritocrático”. Que cada um deveria ter sua vaga alcançada por esforço.
No Capão Redondo alguém riu as duas da manhã, antes de sair para o trabalho! O problema é importado, eles diziam na sala de convenções. As cotas iriam “baixar o nível dos alunos”, teria dito um reitor.
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, alguns grupos se formavam, apontando os cotistas, esperando que se espatifassem graduação abaixo. Mas o problema era importado. Não havia problema nos 90% dos professores daUniversidade Federal do Rio de Janeiro pertencendo a um único grupo étnico-racial.
Seria estranho trancar todos estes defensores do problema “importado” em uma sala e iniciar uma conversa sobre nação e diáspora? Seria estranho apresentar os números sobre tráfico negreiro nas Américas? Ou os números sobre encarceramento nos Estados Unidos e no Brasil? De que povo brasileiro estávamos falando? De Gilberto Freyre, suas usinas em Pernambuco e suas mulatas sensuais? Dos apadrinhados da Casa Grande? Que problema era este, importado que batia á porta da Universidade Brasileira?
Era tarde demais para retroceder, então era preciso dizer, berrar, que raças não existem, que era preciso investir no ensino fundamental. Em uma reunião com pesquisadores portugueses, houve até choro e confissões de amor pelos negros brasileiros, pelos estudantes de periferia, a afirmação de que não somos racistas.

Foto: http://migre.me/gCdS8
Mas era tarde demais para retroceder. A questão das ações afirmativas já estava cravada no coração das Universidades brasileiras e a cada rodada revelava o fundo do poço. Em um muro da João Pessoa, em Porto Alegre, uma pichação: Negros só na cozinha do R.U. De fato, durante toda a graduação em Ciências Sociais, este era mesmo o lugar onde eu os via diariamente. Na cozinha dos restaurantes universitários.
Qual era a ameaça dos 20%? O que assustava tanto em tornar um lugar como o Campus do Vale, menos homogêneo racialmente? Talvez, uma verdade muito incômoda, ouvida durante a graduação por muitos dos que estão lendo este texto. As formas de racismo institucional praticadas diariamente quando se está em uma turma de 40 ou mesmo na pós graduação, em uma turma de 10 pessoas. Tanto faz se estamos em Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Salvador. Em certos níveis da educação e certas Faculdades, a distribuição é a mesma, basta ver os formandos de Medicina na Bahia no ano de 2012.
O que levou um professor de agronomia a pagar multa civil por ato de racismo em 2000? No primeiro dia de aula, o nobre docente proferiu as seguintes frases: “os negrinhos da favela só tinha os dentes brancos porque a água que bebiam possuía flúor”, e depois, arrematou “soja é que nem negro, uma vez que nasce, é difícil de matar”. QuandoPierre Bourdieu faz sua crítica avassaladora sobre a instituição escolar, muitos franceses torceram o nariz: como ele ousava atacar logo esta instituição? Como ousava desconstruir o mito da escola como formadora de cidadania? Não há engano, o que vemos hoje não tem relação com posturas científicas ou argumentos isentos de ideologia.
As razões apresentadas para acreditar que as ações afirmativas são “ruins” para o Brasil são pífias, não se sustentam, revelam mais da alma do que muitos dos que as atacam gostariam de revelar. É certo que não resolveremos o problema da educação no Brasil com reservas de vagas. Não devemos reservar vagas, devemos garantir acesso universal ao ensino superior. Mas não é esta bandeira dos críticos às cotas. Estão simplesmente em pânico.
Como aceitar linguagens de outro tipo? Como lidar com alunos que ouvem rap e trabalham, têm filhos e dormem pouco? E mesmo que não seja esta a realidade de boa parte dos cotistas, o simples fato da existência de diferença em sala de aula, perturba tão profundamente alguns professores! É como se alguém tivesse colocado câmeras pelos corredores. É como se tivessem de tratar como iguais aqueles á quem habitualmente dão ordens. Que segredos foram ocultados?
Ah, lembrei: o profundo desprezo que nutrem por alunos que desviam de seus padrões de reprodução teórica, de sua visão de mundo. A pergunta de corredor feita pelo professor de sociologia rural ao aluno negro: mas por que, para que o mestrado? A graduação já não está de bom tamanho? O mesmo professor que bocejou durante sua defesa de tese. E que o classificou em quinto lugar em um concurso público sem critérios. Por que falar de racismo na Universidade afinal?
Como diziam os moradores de Santa Rosa, em uma cidade majoritariamente branca do sul: “o problema da criminalidade é esse pessoal que foge do Rio, esse pessoal moreno que vem para cá”. É isto, o problema da Universidade, para alguns professores, é este pessoal que foge às estatísticas, este pessoal moreno, negro, pardo, nordestino, que vem para cá, para a sala de aula.
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UPPs no divã
14 de Novembro de 2013, 4:58 - sem comentários ainda
Há um ano ou mais, não havia conversa sobre as eleições de 2014 no Rio que não terminasse no nome de José Mariano Beltrame. Ele era cortejado para ser o candidato à sucessão de Sérgio Cabral, era o vice dos sonhos deLuiz Fernando Pezão, era referência indispensável até para candidatos de oposição, que se apressavam em garantir que a política de criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estava garantida. Agora que a disputa começa a esquentar, soa um tanto irônico que o próprio governo Cabral comece a tirar a principal marca de sua gestão da vitrine.
O comentário é de Letícia Sander, jornalista, publicado no jornal Folha de S. Paulo, 12-11-2013.
O desabafo feito pelo comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas, para quem a morte, sob tortura, do pedreiroAmarildo de Souza "destruiu a confiança dos moradores", é simbólico. Assim também é a intrigante "promoção" do delegado que iniciou as investigações sobre o desaparecimento do pedreiro. Encerradas as apurações que levaram 25 colegas à cadeia, Orlando Zaccone, há 14 anos na polícia, foi tirado da Gávea para assumir um posto em Ricardo de Albuquerque, na zona norte, quase na Baixada Fluminense...
Soa injusto, porém, colocar na conta do destino do ex-pedreiro toda a crise de credibilidade que ronda as UPPs. A impressão que se tem, isto sim, é a de que, após Amarildo, o programa começou a ser visto com outra lupa. A sequência de tiroteios em favelas como a da Rocinha e a do Complexo do Alemão, com comércio fechado e relatos de moradores apreensivos, prova isso tanto quanto o ranking elaborado pelas próprias chefias das UPPs mostrando que só duas mereceram um "verde", de nível bom.
A revelação de que o governo Cabral decidiu "congelar" a criação de novas unidades pelos próximos sete ou oito meses não prova nenhum fracasso. É evidente que a política das UPPs trouxe uma série de ganhos ao Rio. E repensá-la, mais do que salutar, é preciso.
PARA LER MAIS:
Após jogo de empurra, Senado pauta voto aberto
14 de Novembro de 2013, 4:50 - sem comentários aindaLíderes fecharam acordo para votar a proposta de emenda à Constituição em dois turnos nesta quarta-feira. No entanto, senadores temem quórum baixo na apreciação do fim do segredo nas votações no Congresso
POR MARIO COELHO |
Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados
Após indefinição, PEC do voto aberto deve ser votada no plenário do Senado
Após um jogo de empurra-empurra entre Câmara e Senado, os senadores devem votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com o voto secreto em todas as situações no Congresso. Acordo entre os líderes estabeleceu o início da votação para as 15h desta quarta-feira (13), em tese um dia nobre para votações. No entanto, com a proximidade do feriado de 15 de novembro (Proclamação da República), ronda na Casa a preocupação que um quórum baixo inviabilize a apreciação.
A PEC que deve ser analisada pelo Senado hoje acaba com todas as previsões de voto secreto no Poder Legislativo estabelecidas pela Constituição Federal. São elas: processos de cassações de mandato, vetos presidenciais e escolha de autoridades, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República e embaixadores. Já o segredo para as eleições nas mesas diretoras está previsto nos regimentos internos das duas Casas.
“No procedimento que nós ajustamos, que combinamos com a Casa, ficou acertado que amanhã [hoje] nós votaríamos o primeiro e o segundo turnos da proposta de emenda à Constituição do voto aberto”, afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em manifestação no plenário. “Nós anteciparíamos um pouco a discussão, de modo a concluirmos amanhã a votação do primeiro e do segundo turno”, completou Renan, lembrando que a sessão começará uma hora antes do normal, às 15h.
Apesar do acordo, existe uma preocupação com o quórum. Ontem, na votação do segundo turno da PEC do orçamento impositivo, apenas 59 senadores compareceram. Para uma emenda constitucional ser aprovada, ela precisa receber pelo menos 49 votos favoráveis. “Quero lembrar a Vossa Excelência que já há um número expressivo de senadores reclamando da questão de disponibilidade de voos. Temo que, por conta do feriado”, disse Walter Pinheiro (PT-BA), que defendeu o início da discussão ainda ontem (12), o que não aconteceu.
Caso o cronograma dos senadores seja cumprido hoje, a PEC pode ser promulgada na próxima sessão do Congresso, marcada para semana que vem, ou em uma reunião especial. Desta forma, as próximas votações seriam abertas, como os processos de cassação parlamentar dos deputados condenados no processo do mensalão e os vetos presidenciais.
Empurra-empurra
Desde setembro, Câmara e Senado vivem um jogo de empurra-empurra. Um Casa esperava que a outra aprovasse uma PEC que acabasse com o voto secreto. Enquanto senadores analisam uma proposta abrangente, os deputados deixaram pronta para votação em plenário uma emenda mais restritiva, que acaba com o segredo apenas nos processos de cassação de mandato. A situação, inclusive, motivou uma declaração do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o peemedebista afirmou que existe um jogo de empurra-empurra entre as Casas, que uma espera a outra votar primeiro o fim do voto secreto. Em plenário ontem, ele explicou a declaração. E disse ter conversado com Renan sobre a proposta. “Eu falei hoje [ontem] com o senador Renan e eu sinto que é como se o Senado esperasse que a Câmara votasse essa PEC e nós aqui, como foi dito pelo colégio de líderes, esperando que o Senado cumpra o seu dever e vote a PEC que está lá”, afirmou.
Aprovada na comissão especial há duas semanas, a PEC que abre o voto em processos de cassação está pronta para plenário. No entanto, não foi pautada por Henrique Alves. O presidente da Câmara disse ter segurado a matéria para evitar modificações em plenário. “Já tem informação do PT, do PMDB e de outros partidos que vão emendar para tornar o voto aberto para tudo de novo. Isso acontecendo, emendando a sua PEC, lá vai para o Senado de novo. Então, não vai resolver com a urgência que nós queremos”, disse.
Desmilitarização da Polícia Militar. Solução ou retrocesso?
13 de Novembro de 2013, 13:14 - sem comentários ainda
Segurança Pública
Em meio a crise de credibilidade e respeitabilidade perante a sociedade, debate sobre o desmantelamento do aparato policial militar volta a dominar a pauta nacional
Fernando Leite/Jornal Opção

Militares das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam): efetivo total das PMs soma mais de 600 mil, superior ao das Forças Armadas
Frederico Vitor
O assunto, há décadas, ronda as universidades, Congresso Nacional, imprensa e, claro, o meio policial. As manifestações populares em todo o Brasil, reprimidas à bala de borracha e com bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, reacenderam o debate sobre o papel das forças policiais estaduais militarizadas. Mas, a questão é muito mais complexa e profunda do que a readequação de ações das tropas de choque. Trata-se de uma demanda de reformas que vai desde a do Código Penal à redefinição do papel e atribuição de cada polícia existente nos Estados.
Na última semana, as manchetes dos principais jornais do País trouxeram o balanço da 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), cujo destaque é a pesquisa que aponta que 70,1% dos brasileiros não confiam na polícia. O número é 8,6% maior do que o registrado em 2012, quando 61,5% da população desconfiavam da atuação policial. Paradoxalmente, o índice de aprovação é inverso nos Estados Unidos e no Reino Unido. Cerca de 80% dos cidadãos americanos e britânicos dizem confiar em suas polícias.
Outra notícia que foi destaque e que chamou a atenção foi o fato de que a Polícia Militar (PM) de São Paulo, em cinco anos, matou mais que todas as polícias dos EUA juntas. Ou seja, a corporação paulista matou 6% mais que polícias americanas entre 2005 e 2009. Em 2012, o Conselho de Direitos Humanos da ONU chegou a sugerir a pura e simples extinção das PMs no Brasil.
Para os integrantes do Conselho — como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul —, estava claro que a própria existência de uma polícia militarizada seria uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pelo período do governo militar, de 1964 a 1985. Seria então, uma alternativa ao caos em que vive hoje a segurança pública, o banimento da militarização das polícias ostensivas dos 26 Estados e do Distrito Federal ou a unificação das polícias? Seria esta uma alternativa viável ou apenas uma ação dentre várias outras de uma série de demandas a serem realizadas, para se alcançar o nível de excelência que necessita o sistema de segurança hoje, no Brasil?
Extinguir ou aperfeiçoar
Provavelmente, a desmilitarização não seria a solução definitiva, mas, poderia ser o caminho para resolução de dezenas de gargalos que impregnam o sistema de segurança. No País há a separação das atividades de polícia judiciária (Polícia Civil) e de polícia ostensiva (Polícia Militar) no âmbito dos Estados. A PM e o Corpo de Bombeiros Militar constituem-se em militares dos Estados subordinados aos governadores, segundo a Constituição Federal de 1988. Além disso, as forças militarizadas estaduais seriam reserva estratégica do Exército, ou seja, em caso de guerra, as fileiras da PM podem ser utilizadas como tropas que lutariam regularmente no front de batalha. A hipótese é distante, mas está prevista na Carta Magna.
Se forem somados todos os efetivos das PMs dos Estados e do Distrito Federal chega-se a mais de meio milhão de soldados — cerca de 600 mil homens e mulheres —, número superior aos militares ativos das forças armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). Só a PM de São Paulo conta com mais de 100 mil militares, de longe, a segunda maior organização militar do Brasil, perdendo em efetivo apenas para o Exército.
Válido lembrar que antes da promulgação de Constituição de 1934, a maioria das PMs, denominadas Forças Públicas, se constituíam em verdadeiros exércitos estaduais. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, houve o enfrentamento entre algumas delas. O caso mais emblemático envolveu as forças de São Paulo e de Minas Gerais que duelaram em trincheiras nas divisas entre os dois Estados. O Brasil é o único país que adota um sistema de polícia ostensiva militarizada em âmbito regional.
Outros países, inclusive na América Latina e Europa, se utilizam de corpos de milícias em abrangência federal. São as Gendarmarias que se constituem em uma força militar policial, encarregada do policiamento no âmbito da população civil — a palavra provém do francês “Gendarmeria”, em tradução livre “homens em armas”. Em vários outros países uma polícia militar é, normalmente, a corporação que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações militares, aos prédios públicos e aos seus integrantes. Apenas em situações de guerra e exceção, estas polícias militares podem ampliar o escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de prédios públicos.

Origens e experiências
A história das PMs se confunde com a própria história do País. A corporação brasileira que ganhou o nome de Guarda Real de Polícia foi fundada em 1809, pelo Príncipe Regente Dom João VI, de Portugal, que veio para cá fugindo das forças napoleônicas que marchavam em direção a Lisboa. O modelo adotado ao Brasil naquela época, ainda uma colônia fechada ao restante do mundo, era o mesmo que vigorava em Portugal que, por sua vez, se baseou no padrão de corpo policial francês, considerado o mais moderno naquele período.
O modelo de Gendarmaria, com o passar do tempo, passou a significar “Corpo de Guarda”, por isso que a polícia brasileira, ao ser fundado, carregou o nome “Guarda”. A Guarda Real, formada e mantida como uma polícia militar desde a sua gênese mudou de nome algumas vezes, até que na década de 30, durante o Estado Novo de Vargas, por um decreto federal, recebeu o nome atual de “Polícia Militar”.
Atualmente, no mundo inteiro, o modelo de polícia militar é usado por considerável número de países de diferentes aspectos socioeconômicos. Para citar alguns exemplos: Gendarmerie Nationale (França), Gendarmaria Nacional Argentina, Policía Nacional de Bolívia, Carabineros de Chile, Policía Nacional de Colômbia, Guardia Civil (Espanha), Central Reserve Police Force (Índia), Polícia Armada do Povo (China), Polícia de Fronteira (Israel), Policía Federal (México), Guarda Nacional Republicana (Portugal), Arma dei Carabinieri (Itália) e Real Polícia Montada do Canadá.
Como mostrado, há várias experiências de corpos policiais militarizados pelo mundo, entretanto, diferentemente do Brasil, essas corporações exercerem o papel de polícia ostensiva, preventiva e, ao mesmo tempo, também fazem investigações de maneira autônoma. Tal característica de atuação presente em praticamente todas, com exceção do Brasil, chama-se “ciclo completo de polícia”. É como se 50 mil oficiais da PM exercessem as funções que hoje apenas os delegados podem fazer. Isso também incluiria 550 mil praças — soldados, cabos, sargentos e subtenentes — também fazendo a função de agentes de investigação.
Debate divide opiniões de estudiosos e militares

Mais importante do que desmilitarizar ou unificar as polícias é traçar uma estratégia específica para a segurança pública do Brasil. Não há dúvida de que é necessária uma reforma policial bem planejada, articulada e que leve em conta as especificidades de cada unidade federativa e do País como um todo. Mas uma reforma nestes moldes exige muito estudo, reflexão e debate. A desmilitarização e a unificação, da forma proposta em diversas emendas constitucionais já apresentadas, podem apenas misturar as duas estruturas, preservando assim as distorções, inclusive o ciclo incompleto de polícia.
Os que defendem o fim do modelo militarista argumentam que, com a consolidação das PMs como responsáveis pela completa extensão do policiamento urbano, as portas se abriram para a imposição da política de segurança interna, uma lógica militar que, às vezes é recheada de uso desproporcional da força que resulta em muita violência e abuso. Neste viés, quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima de violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais, — como o caso da desocupação de Pinheirinho, em São Paulo, do Parque Oeste Industrial, em Goiânia, e nas manifestações de rua deste ano —, de nada adiantaria pedir melhor "formação" dos policiais militares. Aliás, noções de direitos humanos já é difundido nos cursos de formação nas academias de polícia.
Para o tenente-coronel da PM de São Paulo Adilson Paes de Souza, que dedicou 28 anos de sua vida à corporação paulista, o modelo policial no Brasil é ineficiente e precisa urgentemente de uma mudança drástica. O oficial da reserva, que nesta semana vai lançar o livro “O Guardião da Cidade — Reflexões sobre Casos de Violência Praticados por Policiais Militares” (Escrituras, 222 páginas), afirma que a opção de desmilitarização da polícia é apenas uma das soluções viáveis para tentar reverter o quadro de precariedade que se encontra a segurança pública brasileira. “Isso precisa ser muito bem encaminhado. A mudança é muito mais ampla, séria e leva mais tempo. Porém tem que ser começado.”
Resquício da ditadura
Adilson de Souza chama a atenção para outro aspecto que, segundo ele, precisa ser mudado dentro das PMs, que é a lógica da doutrina da Segurança Nacional, ainda um resquício do governo militar, segundo a qual a polícia está lidando com inimigos, e neste sentido, o inimigo no campo de batalha deve ser aniquilado. “Ao verificar a atuação dos órgãos policiais na repressão às manifestações de junho e julho, você não perceberá muita mudança da repressão praticada pela polícia no final da década de 70. Em cima de fatos, isso indica que o padrão de atuação ainda continua o mesmo dos tempos de ditadura militar”, diz.
“O Brasil tem que acabar com as PMs.” É o que afirma o doutor em antropologia, filosofia e ciências políticas, professor e autor de 20 livros, Luiz Eduardo Soares. Ele é conhecido por duas obras — “A Elite da Tropa 1 e 2” — que mais tarde tornaram-se dois filmes de maior sucesso de bilheteria do cinema nacional: “Tropa de Elite 1 e 2”, com o ator Wagner Moura. Para ele, as PMs seriam “uma pata da ditadura plantada com suas garras no coração da democracia”.
Ex-coordenador estadual de Segurança, Justiça e Cidadania do Rio de Janeiro entre 1999 e 2000, no governo Antony Garotinho, e secretário nacional de Segurança do governo Lula, em 2003, Luiz Soares afirma que a cultura militar para a polícia é uma problemática para a democracia, porque traz consigo a ideia da guerra e do inimigo. “A polícia, por definição, não faz a guerra e não defende a soberania nacional. A polícia tem que defender a cidadania e garantir direitos, impedindo que haja violações às leis.”

“Desmilitarização é apenas uma faceta de toda a problemática que envolve a segurança pública”
Para o coronel ex-comandante -geral da PM goiana e atual superintendente executivo da Secretaria da Segurança Pública do Estado de Goiás, Edson Costa Araújo, o assunto desmilitarização da polícia é apenas um “fake”, uma “cortina de fumaça”, uma discussão velha que não tem sido devidamente avaliada. Ele afirma que não é interesse do Estado brasileiro perder o controle de uma tropa de 600 mil homens, e que todo o sistema de segurança pública no Brasil precisa ser reavaliado, já que se encontra completamente falido. “São necessárias mudanças substanciais, é preciso a desburocratização do serviço de polícia.”
Desmilitarização das polícias significaria retrocesso ou um avanço?
Na verdade, não é uma coisa nem outra. Isso é um fake, uma cortina de fumaça. É uma discussão antiga que não tem sido devidamente avaliada porque é apenas uma faceta de toda a problemática que envolve a segurança pública. Todas as vezes que é preciso fazer algo pela segurança pública, se parte para este viés simplista de achar que a desmilitarização é a panaceia da segurança pública. Esta área padece de problemas muito mais complexos. Este modelo dicotômico de polícia de meio ciclo, na realidade, é um sistema que não tem viabilidade. No mundo todo temos diversas polícias e todas elas de ciclo completo. A questão de viabilidade, eficiência e de eficácia do sistema policial em si está centrado mais na questão da divisão que ocorre entre as polícias do Brasil. Essa divisão fomenta a discórdia. É um tipo de competição negativa que leva a sabotagem e a desencontros que não constroem o todo.
Em que modo este atual sistema deveria funcionar?
Era para ser uma corrida de bastão. A PM faria uma parcela do ciclo de polícia, como a prevenção. Deste modo, fechado o seu meio ciclo, encaminharia para Polícia Civil que daria continuidade. Isso tem sido o motivo de polêmicas em todo Brasil, de desavenças entre as duas polícias, o que não é um caso apenas de Goiás. É um problema de organicidade que, do ponto de vista estrutural, não tem funcionalidade.
E como funciona o ciclo completo das polícias estrangeiras?
O Brasil é o único caso que as polícias militarizadas não trabalham com o ciclo completo. A maioria das polícias no mundo ou é militar, propriamente dito, ou tem pelo menos estética militar, ou seja, prezam pela disciplina e hierarquia, e seus agentes andam fardados, para funcionar. Temos o caso da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Portugal e as Gendarmarias da Espanha, França e Chile. No mundo todo temos polícias com esta estética e, quando civis, são muito mais militares do que as nossas. É muito mais importante para o Estado a questão do cunho militar para a polícia. Porque é uma estrutura eficiente no ponto de vista de controle. Como se controla polícias como a nossa PM, que tem cerca de 12 mil homens? E a de São Paulo, com 100 mil militares, numa atividade tão complexa, tão perigosa como a policial? Há demandas do Judiciário que têm que ser cumpridas. O sistema militar dá condições para a polícia funcionar. O militarismo deveria ser igual ao sistema operacional de nossos computadores, não deveríamos nem percebê-los. Simplesmente é um instrumento que dá controle a essa tropa, com padronização que a polícia deve ter. Imagina você sair na rua e encontrar um policial barbudo ou cabeludo? Isso o militarismo não permite. Todas essas questões, infelizmente, em um mundo corrompido que vivemos hoje, são o que algumas pessoas não querem para o Brasil, ou seja, não desejam organização e respeito à hierarquia.
Por que a desmilitarização seria um “fake”, como o sr. afirma?
É um fake porque ninguém fala em desmilitarização dos bombeiros. Há um tipo de preconceito em relação às PM. Não em relação à condição de ser militar, mas em relação à sua missão que é coercitiva, de chamar a atenção, de disciplinar a sociedade, de adotar ações que são repressivas, então isso tudo a sociedade não sabe bem o que é. Esses movimentos que o País passa de junho para cá, dá para notar que a sociedade e a mídia ficam sem saber o que querem. Quando a polícia age, ela está sendo truculenta. Quando ela não age, os manifestantes quebram tudo e aí se pergunta: onde está a polícia? A polícia é omissa! A própria população e a mídia ficam muitas vezes sem saber o papel da polícia. Mais do que qualquer coisa o Brasil vive uma crise grave de autoridade. Esta crise, talvez possa ter sido causada pelo processo de ditadura pelo qual passamos no País, de muita repressão e de muito cerceamento de liberdade. Encontramo-nos em uma pós-ditadura em que as pessoas ainda não compreenderam bem o papel da polícia. Tudo que a polícia faz em termos de repressão e de implementação da lei é compreendido como abuso. Enquanto isso, em outros países, está muito claro o papel da polícia e quais são os limites das pessoas em manifestações. Permito-me dizer que o Brasil está sendo utilizado como laboratório para experiências que, infelizmente, são nocivas ao País. Abrandaram-se as leis em relação ao tráfico, o que criou esse grande mercado que consome enorme quantidade de drogas.
A PM de São Paulo, a maior do Brasil, matou em confrontos mais do que todas as polícias norte-americanas. Como se dá este caráter confrontista da polícia?
É muito fácil, e é só pegar a legislação e o sistema de justiça e execução penal americano e perceber lá que as coisas funcionam. Então, lá não sobra este resíduo como aqui no Brasil, da polícia estar todos os dias sendo afrontadas pelos marginais. Nos Estados Unidos, o marginal não tem coragem de fazer isso com a polícia. E se fizer, dos poucos casos que acontecem, a polícia age com rigor. As abordagens do policial americano são duras, dentro de um padrão operacional que resguardam a segurança dele. No Brasil, infelizmente, isso se corrompeu de tal modo que foi parar nas ruas. Aquilo que se reclama da polícia de Goiás e de São Paulo é a última barreira, no sentido de respeito que o bandido está tendo. O enfrentamento se dá porque o bandido perdeu todas as suas preocupações e medos. Alguns anos atrás, não se via isto no País. O nosso sistema foi se corrompendo tanto que os bandidos estão conjurando os policiais e seus familiares. O que vimos em São Paulo foi uma guerra silenciosa, na qual mais de 70 policiais morreram. O confronto, na verdade, é o efeito colateral do desmantelamento de todo os arcabouços de Justiça no País. Quando o bandido está achacando a sociedade, nós, da polícia, vamos então guardar nossas armas? O que se quer da polícia? Este é o grande risco. O último muro que o bandido está tendo é de confrontar com a polícia nas ruas. Daí vem os Direitos Humanos e reprime esses policiais e falam que são grupos de extermínio. Hoje, para o policial participar de um confronto, se pensa duas vezes. Ela já sai sob dúvidas para seu trabalho, a própria mídia o coloca em suspeição. O agente tem que ter fé pública, o policial está representando o Estado, até que se prove o contrário ele está confrontando o bandido. Cabe as corregedorias verificar se não há nenhuma desconformidade legal. O que se faz no País é um movimento ideológico de oprimir o policial. Sabe qual o custo de um advogado para defender um policial em uma ocorrência colocada em suspeita? De R$ 10 mil a R$ 15 mil, que tem de se tirar do bolso para não ir preso. O policial está ficando retraído, ele não quer ir mais para rua.
Polícia americana aumenta a militarização em suas ações

Os Estados Unidos, assim como o Brasil, um país de dimensões continentais e subdividido por Estados, tem um significativo número de instituições e indivíduos atuando em prol da manutenção da lei e da ordem. São mais de 18 mil agências policiais em todos os níveis de organização política norte-americana — município, condado, Estado e União — que são servidas por um contingente de recursos humanos superior a 900 mil pessoas. Detalhe, nenhuma destas organizações policiais é militar. Porém, há um processo de militarização das ações policiais, especialmente após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e a crescente guerra contra o tráfico de drogas.
A imagem do policial americano está se deslocando para a de agentes armados com rifles, transportados em veículos blindados e doutrinados numa mentalidade de guerra. Aumentou o número de departamentos de polícia que possuem equipes táticas como a SWAT, treinados com métodos militares. Para título de comparação, em média, nos Estados Unidos há cerca de 11 mil homicídios por ano, para uma população de 311 milhões de pessoas, enquanto o Brasil tem 55 mil homicídios por ano com uma população de 196 milhões de habitantes. Ou seja, o país da América do Norte tem quase o dobro da população e um quinto dos homicídios brasileiros.
Do ponto de vista organizacional, nos Estados Unidos compete constitucionalmente aos Estados realizar a maior parte das atividades de policiamento. As unidades federativas, por sua vez, transferem às comunidades locais — condados e municípios — boa parte do poder de fiscalização policial, o qual termina por ser efetivamente exercido pelas chamadas “polícias locais.”
A operação total deste colossal sistema de segurança que engloba organizações policiais mais os departamentos autônomos que atuam em áreas específicas da segurança pública — conjuntos residenciais, ferrovias, sistemas metropolitanos, aeroportos — consomem U$ 44 bilhões anuais. As polícias locais, ou organizações municipais, de condado e xerifados são a “espinha dorsal” daquele modelo, com mais de 15 mil organizações.
Para o cidadão estadunidense, a expressão “polícia” está identificada com a organização policial que serve ao município ou condado de residência. Existem mais polícias locais de pequeno porte — efetivo variando de um até 100 policiais — do que de grande estrutura e efetivos, como no caso das cidades de Nova York e Los Angeles, cujo quadro policial ultrapassa 20 mil homens e mulheres. A maioria absoluta dos departamentos locais de polícia possui menos de 50 policiais e 90% dessas instituições servem comunidades com menos de 25 mil habitantes.
Estados e União
Dos 50 Estados americanos, 49 possuem departamentos de polícia estadual — a exceção é o Havaí. O policial estadual americano faz o policiamento ostensivo de “ciclo completo”, em toda área de jurisdição do Estado. Os estaduais, coordenam sua atuação com as polícias locais, de maneira a complementar as atividades de segurança pública dos municípios e condados — inclusive apoiando-as nas áreas de formação e treinamento —, sempre que os recursos locais não sejam suficientes.
As polícias estaduais também fazem o patrulhamento das rodovias sob domínio do Estado, executam o policiamento ostensivo em pequenas localidades e funcionam como polícia judiciária de jurisdição exclusiva nos delitos tipificados na legislação penal estadual. Algumas polícias estaduais seguem um padrão organizacional descentralizado, e são constituídas por duas divisões claramente distintas: uma de policiamento ostensivo geral ou patrulhamento rodoviário e outra funcionando como um departamento estadual de investigações — semelhante ao Federal Bureau Investigation (FBI).
A atividade policial do governo federal americano aumentou de forma significativa na medida em que cresceu o número de delitos criminais tipificados em legislação federal. Dados atuais dão conta da existência de 75 mil indivíduos empregados nas diferentes agências policiais federais. Vários departamentos do governo federal norte-americano — equivalentes aos ministérios brasileiros — possuem agências policiais, tais como: justiça, tesouro, interior, defesa, administração e transportes. Os maiores são: FBI, Fiscalização de Drogas (DEA), Serviço de Imigração e Naturalização (INS), Serviço Aduaneiro dos EUA (USCS), Serviços de Natureza Secret (USSS) e Departamento do Interior (DI).
Bombeiros interpretam como ameaça comunicado proibindo participação em atos públicos
13 de Novembro de 2013, 12:51 - sem comentários ainda
Uma comunicação feita pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Edmilton Ribeiro Aguiar Júnior, com orientações sobre movimentações reivindicatórias públicas, provocou reações na corporação.
O aviso, que depois de publicado ganhou as redes sociais e, por isso, foi retirado dos comunicados pelo Comando, dizia que estão proibidos quaisquer atos públicos reivindicatórios direcionados ao governo do Estado por parte dos integrantes do CBMES [Corpo de Bombeiros Militar do Estado] sem conhecimento prévio do Comando, “já que os destinos da corporação estão sendo conduzidos pelo comandante e os atos prejudicam os processos em tramitação”.
A comunicação também salientava que o descumprimento da determinação acarretaria consequências nas esferas legais competentes. Os bombeiros que receberam o aviso entenderam que estaria havendo ameaça na comunicação.
O presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Estado (ABMES), João Batista da Silva, diz que a publicação do aviso com a proibição seria uma precaução, mas está contra o que estabelece a Constituição Federal. Ele acrescenta que, depois de retirado o aviso de proibição, na manhã desta terça-feira (12), os bombeiros que recebiam orientações do comandante foram alertados novamente que as participações nos atos públicos acarretariam em sanções.
João Batista salienta que após a comunicação agendou uma reunião para esta quarta-feira (13) com o coronel Edmilton Ribeiro para esclarecer sobre os avisos.
O presidente da ABMES ressalta, ainda, que consultou o advogado da associação, Luiz Felipe Lyrio Peres. Ele dise que a Constituição garante o direito à livre manifestação de pensamento. João Batista salienta, ainda, que desde que esteja de folga, se manifeste de maneira pacífica e de forma aberta, o bombeiro tem o direito de participar dos atos públicos.
Ato público
Nesta quarta-feira, os familiares e policiais e bombeiros de folga realizam um ato público saindo da Praça do Papa, em Vitória. O ato vai ter início às 14 horas e segue para a praça do pedágio da Terceira Ponte.
Os representantes dos familiares entendem que o governo está empurrando com a barriga as questões salariais da categoria, que aguarda realinhamento salarial e ainda não teve resposta do Estado.
Além disso, os policiais militares têm insatisfações quanto às cargas horárias ampliadas e ao aperto na demanda de trabalho por falta de efetivo.
A ABMES não vai participar da manifestação por conta da reunião, mas tem assembleia marcada para o dia 26 de novembro. O presidente da associação ressalta, no entanto, que os bombeiros que estiverem de folga e queiram participar têm o direito de se manifestar em ato público.
Lívia Frances
FONTE – SÉCULO DIÁRIO
Ação inclui armas não letais
13 de Novembro de 2013, 12:50 - sem comentários ainda“CRACK, É POSSÍVEL VENCER”
Programa em MG recebeu 200 sprays de pimenta e armamento eletrochoque

Restrição. Armamento não pode ser usado em pessoas que estiverem sob efeito de entorpecentes
PUBLICADO EM 13/11/13 - 04h00
LARISSA ARANTES
Minas Gerais possui hoje 200 armas de baixo potencial letal – entre spray de pimenta e armas de eletrochoque – financiadas pelo governo federal para ações de abordagem a usuários de crack em todo o Estado. De acordo com o Ministério da Justiça, o armamento só pode ser utilizado por quem possui porte desse tipo de arma e em casos de risco à vida dos agentes de saúde ou de assistência social durante a abordagem aos dependentes químicos.
O governo de Minas Gerais informou que essas armas foram encaminhadas exclusivamente para os batalhões da Polícia Militar (PM) do Estado, por meio do programa Crack, É Possível Vencer, criado em 2011. Os agentes que usam as armas precisam passar por um curso de capacitação, também oferecido pela União. Em Minas, somente neste ano, 145 militares foram instruídos para atuar nas abordagens, e outros 176, para serem “multiplicadores” – responsáveis por capacitar outros agentes.
O Ministério da Justiça não informou para quais cidades especificamente as armas foram encaminhadas. Segundo a pasta, o primeiro município mineiro a aderir ao programa foi Belo Horizonte. Em todo o país, o projeto prioriza as cidades com mais de 200 mil habitantes. Entretanto, o programa também apoia cidades menos populosas. No caso de Minas, participam do projeto 12 grandes cidades e 218 municípios com menos habitantes.
De acordo com o governo do Estado, as armas são encaminhadas para as regiões e os municípios com maior ocorrência de problemas relacionados ao uso do crack, conforme mapeamento feito pelos órgãos competentes do Executivo.
Balanço. O programa prevê uma série de ações no combate ao uso de crack no país, que vão desde a construção de unidades especializadas nesse tipo de tratamento até a capacitação de profissionais. A previsão do Ministério da Justiça é que os recursos destinados a Minas Gerais desde 2011 pelo programa cheguem a R$ 554 milhões até o fim deste ano.
Em todo o Estado, foram criados 88 leitos para tratar dependentes em 13 enfermarias especiais. Foram construídos ou ampliados por meio de recursos do projeto sete Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) de nível três – para cidades com mais de 200 mil habitantes. Nesses centros, os usuários de crack recebem atendimento multidisciplinar para que larguem a droga.
Os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) também foram beneficiados, seja com construção, ampliação ou novos equipamentos para tratamento. Além desses centros, seis unidades de referência regional foram financiadas.
Recursos do programa viabilizaram a criação de cinco comunidades terapêuticas e de outros sete centros de referência para a população de rua no Estado.
Ações
Multidisciplinar. O programa Crack, É Possível Vencer é coordenado por três ministérios: da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social. Cada pasta coordena um conjunto de ações.
Números do projeto
Comunidade. De acordo com dados do Ministério da Justiça, cinco comunidades terapêuticas – locais que oferecem acolhimento gratuito a dependentes – foram disponibilizadas, e dezenas de Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) foram beneficiados com recursos do programa.
Moradores. Os centros de referência para a população de rua também se tornaram importantes aliados nas políticas de combate aos usuários de crack. Em todo o Estado, sete deles foram construídos.
Prioridade. Desde 2011, foram criados 88 leitos para tratamentos de usuários de crack em 13 enfermarias especializadas no Estado dentro do programa Crack, É Possível Vencer.
Total. Foram criados ou ampliados sete Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD), nível 3 – para cidades com mais de 200 mil habitantes.
Tratamento. Seis Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) também foram construídos ou reformados em Minas Gerais.