Considerando as mudanças geradas durante o período eleitoral, deveria haver um mínimo de direção na conscientização política e desenvolvimento das questões problemáticas do país. Mas o que de fato ocorreu foi uma mídia exibindo debates a exaustão, apresentando suas garras e disposta a defender os candidatos de seu interesse independente da imparcialidade jornalística.
A existência da imparcialidade é no caso da mídia o item necessário para que se possa fazer um bom jornalismo. Pois este é capaz de transmitir uma informação sem que dela possa-se perceber um mínimo de afinidade que tende a defender um ponto de vista ou ainda expressar uma ideia de forma intencional. Regra que nesse período de eleição foi completamente ignorada pelas entidades jornalísticas.
Considerando a capa da revista Veja da primeira quinzena do mês de setembro é possível perceber, em uma análise externa das informações veiculadas, esse desrespeito à imparcialidade. Uma grande boca vociferando calúnias e palavrões se apresenta em tamanho descomunal de uma ponta a outra da capa frente à Marina Silva, atual ex-candidata à presidência do Brasil. Ela está com uma fronte armada para aguentar tudo aquilo que lhe vier ferir sem movimentar um centímetro sequer. Impassível.
Considerando o fato de a revista Veja ser um produto de informação pública, formadora de opinião, não é descartável a ideia de poder ser um aparato político a favor de determinado candidato ou partido. O benefício pode ser mútuo. Levando em conta alguns aspectos da teoria dos atos de fala, o uso de performativos percorre o corpo do discurso (reportagem escrita, talvez a principal da edição) marcando a ação e incutindo seu efeito no leitor/receptor por meio de repetição.
Em outro aspecto teórico podemos retomar o conceito de polifonia desenvolvido por Oswald Ducrot, que é apresentado nesse discurso como sendo a voz do povo. Um único discurso apresenta um volumoso numero de opiniões que traduzem naturalmente o desenvolvimento de um texto em busca de um sentido capaz de representar uma massa. Sentido esse não entrarei em detalhes sobre o sentido, posto que a opinião política da revista é desnecessária para nossos objetivos nesse trabalho) que durante o discurso, aponta para a presença de mais de um sujeito falante.
Partindo de noções básicas da pragmática, o uso de conectores presente na reportagem aponta para a prática em condicionar a utilização da linguagem, com o intuito de nessa edição converter um eleitor mal instruído a se inclinar favoravelmente à opinião da revista.
Pode-se considerar utopia pensar que existirá ainda uma mídia isenta de toda e qualquer parcialidade. O problema nasce pela motivação social, mas na realidade a mídia se alimenta dela. É preciso desenvolver uma opinião na cabeça do público para no mínimo gerar uma discussão. Algumas vezes de forma parcial explícita, outras vezes de forma mais imparcial, ou pelo menos não tão explícita.
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Escrito por: Willy Gonçalves Lagoeiro
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