Neste parlamento da anarquia, cada qual é seu próprio representante e par de seus camaradas. Oh, ŕ muito diferente do que ocorre entre os civilizados; não se faz peroração, não se debate, não se vota, não se legisla, mas todos, velhos e jovens, homens e mulheres, discutem em comum as necessidades da humanisfera. è a própria iniciativa de cada indivíduo que lhe concede ou recusa o discurso, conforme ele julgue útil ou não falar. (…) A lei jamais é feita pela maioria ou pela minoria. Se uma questão exige a adesão de uma quantidade suficiente de trabalhadores para ser colocada em prática, constituam eles a maioria ou a minoria, ela será realizada, contanto que esteja de acordo com a vontade daqueles que a apoiam. E comumente acontece que a maioria reúne-se à minoria, ou a minoria à maioria… cada qual rendendo-se à atração de ver-se unida aos demais.
A solidariedade natural, em outras palavras, torna-se a força estimulante e concordante da humanisfera, tal como surge no mundo divisado por todos os anarqu9istas. Verdade que existirá um departamento administrativo em cada humanisfera, mas “sua única autoridade é o livro das estatísticas.” Assim como cada indivíduo seŕ aseu senhor em carda particular, também cada humanisfera será autônoma, e o único elemento relacional entre as diversas comunidades será o econômico, baseado na troca de produtos. Mas essa troca, de alguma forma, será livre, originando-se na benevolência universal e não levando em conta obrigações.
A troca ocorre naturalmente, não arbitrariamente,. Desse modo, uma esfera humana poderá um dia dar mais e receber menos; isso tem pouca importância, pois noutro dia sem dúvida receberá mais e dará menos.
Joseph Déjacque – L’Humanisphère
Obs: trecho tirado do livro “História das idéias e movimentos anarquistas (George Woodcock)”
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