Por Marina Rossi, no El Pais Brasil
Pela quinta vez no ano, o Movimento Passe Livre foi às ruas de São Paulo protestar contra o aumento da tarifa do transporte público. A manifestação ocorreu na zona oeste da cidade, com concentração no Largo da Batata. Por volta das 18h30, a marcha seguiu pela Avenida Faria Lima, descendo a Marginal Pinheiros e retornando ao ponto de partida por volta das 22h. Não houve repressão policial nesta manifestação que reuniu 4.000 pessoas, segundo o MPL, ou 1.500, segundo a Polícia Militar.
O quinto ato contra a tarifa mostra a resistência do Movimento Passe Livre e seu poder de mobilização. Ainda que o número de manifestantes não cresça significativamente com o passar das semanas, também não diminui. Outros movimentos e demandas, não ligadas diretamente ao MPL, parecem querer se colar a essa solidez. No ato de ontem, cartazes com os dizeres “água sim”, referência à crise hídrica pela qual o Estado de São Paulo vem passando há um ano, se mesclavam com outros escritos “tarifa não”. O outro protesto da semana, com o tema da água, não vingou: ao ato “Banho coletivo na casa do Alckmin”, para protestar contra a falta d’água em frente ao Palácio dos Bandeirantes, na segunda, só foram 40 pessoas, apesar de 160.000 terem confirmado presença no Facebook.
Embora seja o quinto ato do ano, é apenas a segunda vez que não há repressão policial. Para Heudes Oliveira, do MPL, o diálogo com a polícia é fundamental para que o ato siga de forma pacífica. “Dessa vez a gente conseguiu acessar o nosso roteiro”, disse. “Decidimos que iríamos pela Marginal e ninguém nos impediu. De acordo com a Major Dulcinéia, PM que comandava o patrulhamento dessa manifestação, o efetivo policial era composto por 350 policiais, 60 viaturas e 46 motocicletas.
“Vocês reclamam de 50 centavos, mas lá se roubaram 20 milhões!”, lançou um homem, em referência ao escândalo da Petrobras, quando a manifestação passou por uma pizzaria frequentada pela classe média e alta da cidade do bairro. Foi ignorado.
Apesar de o ato ter sido pacífico, ao final da manifestação, por volta das 23h, houve um tumulto na estação Faria Lima, da linha 4-Amarela do Metrô, onde a PM usou bombas de gás para dispersar os manifestantes. Em seu Twitter, a Polícia Militar justificou a ação informando que “empregou os meios necessários para restabelecer a ordem no interior da estação” –segundo a corporação, alguns manifestantes tentaram impedir o acesso dos usuários ao metrô e bloquearam as catracas.
Uma nova manifestação do MPL está marcada para esta quinta-feira 29, a partir das 17h, em frente ao MASP, na Avenida Paulista.
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