por Edu Goldenberg, no Facebook
Uma grande emoção na manhã de 27 de agosto de 2015. Estava eu, como sempre às quintas-feiras, fazendo a barba no Salão América com o Raul. Presente, como em quase todos os dias, o Toninho, o Toninho do São Carlos, grande amigo do Raul e figura querida demais na área.
O Raul [o barbeiro] começou a cantar uns sambas antigos enquanto manuseava a navalha no meu rosto, até que me pediu pra mostrar ao Toninho o vídeo em que apareço cantando o samba-de-enredo do Salgueiro de 1963 – Xica da Silva. Pedido do Raul é ordem cumprida.
Eis que o Toninho chega pra mais perto e diz que tem saudade do Noel Rosa de Oliveira, de quem foi muito amigo, que freqüentava muito sua casa no alto do morro… Papo vai, papo vem, ele manda:
- O Noel fez um samba lindíssimo pra uma nega que queria fazer do seu homem um João Fernandes de Oliveira… – e riu. E continuou.
- Samba inédito… acho que nunca foi gravado… (pensou um pouco)… não, nunca foi gravado!
Eu, confesso, fiquei atônito ouvindo aquilo.
Não resisti, e pedi ao Toninho que me deixasse gravar o samba.
Posso, claro, estar muito enganado. Mas tem mesmo, o samba, a marca melódica do saudoso Noel Rosa de Oliveira, um dos gigantes que o Salgueiro deu ao mundo.
Minha surpresa (e minha emoção) aumentou quando ele disse que tem muita coisa na memória, de autoria de grandes bambas, e que nunca foi gravada…
Salve, o Rio de Janeiro! Salve, a Tijuca e o Estácio! Salve, o morro de São Carlos e o morro do Salgueiro!
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Nota do Escrevinhador
Edu Goldenberg esclarece aos incautos (e principalmente aos paulistas) que Noel Rosa de Oliveira não é o Noel Rosa de Vila Isabel.
Noel Rosa de Oliveira é um legendário sambista do Salgueiro, morto em 1988, e autor (entre outros) do clássico samba de 1963 sobre Xica da Silva (campeão do Carnaval carioca naquele ano) – clique aqui para ouvir o samba de 1963.
Aldir Blanc cantou as grandezas do Salgueiro, e na letra inclui Noel Rosa de Oliveira entre os grandes personagens da Escola:
LUA SOBRE SANGUE – SALGUEIRO
música de Aldir Blanc e Cláudio Jorge
“Se eu falar no Salgueiro
É porque são muitas palavras que eu quis
Pois não basta um idioma inteiro
Pra dizer o que o Salgueiro diz
Imaginar o Salgueiro
Lua sobre o sangue de linda mulher
É preciso o Universo inteiro
Pra mostrar o que o Salgueiro é
Canto Gargalhada na voz do Anescar
Geraldo Babão e o Bala são de lá
Noel Rosa de Oliveira, Pindonga e Iraci, o samba vem daí
Quando eu deixar o Salgueiro
Sinto que o céu não irá me agradar
Pois não basta o paraíso inteiro
Pra saudade que o Salgueiro dá
Canto Gargalhada na voz do Anescar
Geraldo Babão e o Bala são de lá
Noel Rosa de Oliveira, Pindonga e Iraci, o samba vem daí”
Link: http://www.vagalume.com.br/aldir-blanc/lua-sobre-sangue-salgueiro.html#ixzz3k6vNNcra
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