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Rodrigo Vianna

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Globo e tucanos tentam criar um clima de “já era” para envolver o país; mas impeachment poder ser barrado com Lula e povo na rua

18 de Março de 2016, 13:02 , por Escrevinhador - | No one following this article yet.
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por Rodrigo Vianna

 

A tentativa da máquina midiática a serviço do impeachment é criar um clima de “inevitabilidade”.

Cerca de 30% do país está disposto a fazer qualquer coisa para tirar Dilma do cargo e prender Lula. É a turma do ódio! Há mais 10% ou 20% disposto a ir até o fim para defender Dilma e Lula.

Mas há uma imensa maioria de brasileiros (metade do país, talvez) que assiste a essa guerra , manifestando já algum cansaço. Já ouvi de muita gente que não é “coxinha” nem raivosa: “ah, acho que agora é melhor esse governo sair”; ou “o Lula tá sendo perseguido, ok; mas acho que agora pegaram o Lula, não vai ter jeito”.

Essa narrativa tem crescido rapidamente. É resultado da ampla campanha midiática – a mais dura desde que Vargas foi levado ao suicídio em 1954. E é contra essa narrativa que se movem as forças que vão às ruas neste dia 18.

A ideia de que é melhor encerrar logo a crise, ainda que com um impeachment sem base legal, nesse momento pode ser abraçada por empresários e por gente do povo que está cansada dessa guerra.

A tarefa central do governo é vencer essa etapa. Não será possível construir agora uma nova maioria a favor do governo e do projeto de centro-esquerda. Mas é possível sim fechar uma frente que garanta um terço do país (e da Câmara) contra o golpe parlamentar.

Quem vive em São Paulo ou Brasília tem a impressão, muitas vezes, de que o jogo já está jogado. “Não tem jeito”.Será?

Muita gente na rua, no dia 18 e no dia 31, e mais uma base reduzida (porém coesa) no Congresso são suficientes para barrar o avanço da direita – como numa espécie de Batalha de Stalingrado, em que a resistência quase impossível se transforma depois numa contra-ofensiva.

O que quer dizer isso?

Se o governo resistir ao impeachment, o cansaço com a guerra passará a jogar contra a oposição na etapa seguinte.

A maioria silenciosa do povo, a partir de junho ou julho, poderá ser conquistada para a ideia de que “ok, não rolou impeachment, então agora deixemos a Dilma e o Lula reconstruírem minimamente as bases econômicas do país”.

Pra isso, é tarefa absolutamente central a posse de Lula. A direita está obstinadamente tentando barrar a ida de Lula ao governo, porque sabe que ele pode sim segurar uma parte do PMDB, do PSD e talvez do PR e PP. Isso será o suficiente pra barrar o impeachment.

Por isso, a ordem das coisas é:

1 – Lula no governo e povo na rua;

2 – reunir uma tropa coesa (175 votos, em 500, bastam pra isso) pra barrar o impeachment na Câmara;

3 – na sequência, reconquistar o povo pra tese de que, se a guerra cansou, a oposição é que deve ser isolada, e deixar o governo trabalhar.

Fundamental também é refazer a frente de governadores que em dezembro havia divulgado a nota (que reproduzo abaixo) claramente contra o impeachment.

É preciso costurar a base de apoio popular no Nordeste, Minas, Rio. E manter de pé os movimentos sociais para combater o fascismo em São Paulo, Brasilia e no sul do país.

No curto prazo, não seremos maioria. Basta ser uma minoria coesa, com 30 por cento do país e dos votos na Câmara.

É esse o jogo do momento: não aceitar a tese de que “já era”.

A situação é difícil. Mas os abusos da Lava-Jato começam a favorecer a criação de uma base de “centro” que pode não embarcar na aventura de um impeachment que fará a profundar-se a quebra de legalidade promovida pela Lava-Jato.

É esse o jogo.

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Nota Governadores do Nordeste (publicada em dezembro)

“Diante da decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de abrir processo de impeachment contra a Exma Presidenta da República, Dilma Roussef, os Governadores do Nordeste manifestam seu repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional.

Gerações lutaram para que tivéssemos plena democracia política, com eleições livres e periódicas, que devem ser respeitadas. O processo de impeachment, por sua excepcionalidade, depende da caracterização de crime de responsabilidade tipificado na Constituição, praticado dolosamente pelo Presidente da República. Isso inexiste no atual momento brasileiro.

Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda.”

Robinson Farias (PSD – Rio Grande do Norte)
Flavio Dino (PCdoB – Maranhão)
Ricardo Coutinho (PSB – Paraiba)
Camilo Santana (PT – Ceara)
Rui Costa (PT – Bahia)
Paulo Câmara (PSB – Pernambuco)
Wellington Dias (PT – Piaui)
Jackson Barreto ( PMDB – Sergipe)
Renan Filho (PMDB – Alagoas)

 

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Fonte: http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/palavra-minha/37865/