por Tatiana Merlino, da Caros Amigos, direto da Venezuela
Hugo Chávez é reeleito pela terceira vez presidente da Venezula, com 54,42% – 7,4 milhões dos votos, de acordo com dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Já o candidato da oposição, Henrique Capriles, ficou com 44,97%, 6,1 milhões.
Com a vitória, o presidente e sua “Revolução Bolivariana” completam 20 anos no poder. “Queremos destacar o comportamento cívico e democrático do povo venezuelano. Passamos por um processo tranquilo e sem sobressaltos, com uma das mais altas participações das últimas décadas”, disse a reitora principal do CNE, Tibisay Lucena.
Nesse domingo (7), o povo venzuelano compareceu massivamente aos centros eleitorais do país e o processo transcorreu com tranquilidade, com uma participação de 80,94%, de acordo com Jorge Rodriguez, chefe de campanha de Chávez. Em alguns centros, registrou-se denúncias sobre votos nulos ocasionados pelo desconhecimento do sistema eletrônico. No entanto, esclareceu-se que foram casos isolados, que não interferiram no resultado final.
Filas enormes
Nas eleições mais acirradas dos últimos anos na Venezuela, muitos chegaram aos postos de votação ainda na madrugada desse domingo. Apesar do voto ser facultativo na Venezuela, nos postos visitados esta manhã, nas enormes filas de eleitores havia muitas pessoas de idade avançada.
As eleições deste ano são consideradas como o melhor momento da oposição desde a tentativa de golpe contra Chávez, em 2002. Nas últimas eleições, Chávez ganhou com grande vantagem, sendo a maior delas no pleito de 2006, quando venceu com 25,2 pontos a mais que seu opositor, Manuel Rosales: Chávez com 62,8% e Rosales com 37,06%.
“Foi uma jornada memorável”, disse Chávez, pouco antes da divulgação do resultado oficial. Ao longo da tarde, chavistas foram tomando as ruas da cidade para comemorar o resultado das eleições.
Transição
De acordo com Mariclein Stelling, professora da Universidade Central da Venezuela, a vitória com essa média de 10 pontos dá uma certa margem para o presidente “reforçar seu processo de transição para o socialismo do século 21, mas ele terá que levar em conta setores do país que estão em oposição”.
Para ela, com essa margem, o chavismo não tem apoio suficiente para legitimar todas as ações de aprofundamento do socialismo do século 21″. O que o presidente estaria obrigado a “rever a gestão de prefeitos e governadores, o funcionamento dos ministérios, da burocracia. E estaria obrigado a rever a corrupção que há no governo”. Para aprofundar o processo, avalia, Chávez precisaria de mais 10 pontos de diferença.
Na tarde desse domingo (7), Chávez declarou estar disposto a realizar uma reconciliação nacional, sobretudo com os setores econômicos: “Tomara que possamos sentar-nos com alguns setores da vida nacional e conversar sobre a vida econômica nacional, sempre no marco da Constituição. Fora dela nada. O diálogo, a conciliação, a reconciliação. A construção em coletivo de um país, mais que um país, da América do Sul.”
Tarefa árdua
Na avaliação de Mariclein, tal reconciliação é muito difícil, “porque são dois projetos completamente contrários. “Há sentimentos muito fortes de rejeição e a reconciliação seria uma tarefa muito árdua”. Segundo ela, a reconciliação que Chávez está pensando em fazer “de alguma maneira passaria por fazer concessões”.
Cerca de duas horas antes da divulgação do resultado oficial, o candidato da oposição disse, em seu Twitter: “Calma e paciência, foi uma jornada histórica, grandiosa”. Porém, instantes antes do anúncio oficial, o comando de campanha de Capriles já haviam anunciado que iriam reconhecer a derrota.
Victor Navarro, ministro de Energia Elétrica do governo Chávez declarou nesta tarde, que com a vitória de Chávez, “são derrotados os interesses das empresas transnacionais, que queriam privatizar os serviços públicos”.
Logo após o anúncio da vitória, fogos e gritos de comemoração tomaram a capital. Milhares estão em Miraflores para a comemoração, que deve durar a noite toda.
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