Autor: Manuel Ortega. Tradução por Anders Bateva.
Rede centralizada (azul); Rede descentralizada (vermelho); Rede distribuída (amarelo).
Antes de responder à pergunta sobre se o GNU Social é descentralizado ou distribuído, é interessante definir porquê é importante responder a esta pergunta, e quais são suas consequências. A distinção entre topologias de rede é uma velha ferramenta indiana para compreender as principais mudanças sociais das últimas décadas. Este uso da distinção entre topologias de rede nos ajuda a compreender como flui a informação através de uma rede de um nó a outro, quais nós da rede são capazes de retransmitir informação a outros nós, se existem nós dos quais depende a sobrevivência da rede, e se algum dos nós tem a capacidade de filtrar e controlar a informação que os outros recebem.
Em resumo, o debate sobre as topologias de rede trata sobre a autonomia dos nós e estruturas de poder. Não por acaso, um dos slogans mais famosos do movimento ciberpunk é: Sob toda arquitetura informacional, oculta-se uma estrutura de poder.. A busca e a distinção entre diferentes topologias de rede jugou um importante papel no nascimento de Internet.
Em 1962 um confronto nuclear parecia uma ameaça iminente. Por isto, Paul Baran recebeu um importante encargo: a Corporação RAND lhe pediu que definisse uma estrutura sob a qual deveriam erguer-se os sistemas de comunicação que pudessem sobreviver a uma primeira onda de ataques nucleares. O principal resultado do trabalho do Baran se pode ver na imagem que exibe as diferentes topografias de rede, ilustrando este artigo.
Robustez e topologias de rede
Em 1996, Paul Baran, em seu famoso informe sobre a DARPAnet, apresentou 3 topologias de rede diferentes e suas características. A principal diferença entre as 3 topologias de rede apresentadas é quão robustas são perante um ataque nuclear, ou, em outras palavras, até que grau podem tolerar perturbações sem sofrer colapso total.
Podemos discutir largamente e extensivamente sobre este tema e fazer uma ampla apresentação sobre a medição da robustez de uma rede, porém, em resaumo, digamos que uma rede é mais robusta conforme menos nós fiquem desconectados ao se remover um nó qualquer da rede. Isto, mais uma olhada à imagem de topologias presente no artigo, permite-nos facilmente deixar em claro que as duas primeiras topologias, ou seja, as redes centralizadas e descentralizadas, são altamente dependentes, respectivamnente a nível global e local, dos nós centralizadores.
Na rede centralizada, a queda do nó principal geraria o colapso de toda a rede, e por conseguinte, os nós sobreviventes não poderiam seguir comunicando-se entre si, por falta do nó que lhes interconecta. Pelo contrário, nas redes distribuídas, a terceira topologia que aparece na primeira imagem deste post, cada nó é independente e a queda de nenhum dos nós produziria a desconexão de outro.
Natureza social das redes distribuídas
A originalidade indiana foi utilizar as topologias de rede para explicar os grandes destaques da evolução social desde o século XVIII em função dos meios de comunicação dominantes de cada época (cartas, telégrafo, Internet). No livro «El poder de las redes» (O poder das redes) podemos ler uma ampla recapitulação histórica pelos últimos séculos e compreender facilmente como os progressos tecnológicos deram vida a novas estruturas de informação que, por sua vez, geraram alterações sociais.
A chave na recapitulação histórica que podemos ler em «El poder de las redes» está em ver pessoas e conexão de pessoas onde Baran viu computadores e cabos. Porém, se através da visão de Baran às topologias de rede podemos tecnicamente media a robustez das redes, o que surge da visão que nos propôs David há uma década em «El poder de las redes»?. Esta visão rapidamente faz visíveis que, nas redes distribuídas, a não-existência de nós centrais não somente possibilita uma rede muito mais robusta, mas que também desaparecem as hierarquias, favorece-se a autonomia, e se impossibilita o controle de uns sobre os outros.
Como resultado, a natureza das redes distribuídas é completamente diferente daquela das redes descentralizadas. Uma rede distribuída não é uma rede mais descentralizada. Por isto, é muito importante responder à pergunta se GNU Social tem uma estrutura distribuída o descentralizada.
O que é GNU Social e como é sua estrutura?
Na rede se encontram várias descrições de GNU Social. A maioria delas o apresentam como uma alternativa ao Twitter, ou de forma mais geral, como um serviço de microblogging. Certamente as funções atuais e as opções que oferece o GNU Social são em sua maioria características dos serviços de microblogging. Porém, na prática, o que descobrimos é que rapidamente florecem de novo as conversações e que cada vez mais aparecem novas funções que reduzem a validez das descrições mencionadas anteriormente.
O que é GNU Social?
Todas os sites de microbloging ou geração de agenda usam ideias errôneas e devem ser transformadas. Ninguém necessita do «microblogging», querem sociabilização
O desejo de socializar e conectar uns com os outros faz visível o fato de que todos estes sistemas e sites não são redes sociais em si mesmas, mas sim ferramentas que, como os serviços de mensagem instantânea e e-mail, são usadas por redes sociais, isto é, redes de pessoas. Assim, vemos que GNU Social é uma ferramenta livre para a interconexão e comunicação, usada por diferentes redes sociais. Que funções oferecerá, e o quê trocaremos através do GNU Social? Isto depende do que desejem as redes sociais que o usam. Além do mais, o GNU Social tem uma característica particular que nos interessa especialmente e tem a ver com sua estrutura. Assim, é que voltaremos à pergunta: que estrutura tem o GNU Social?
GNU Social é descentralizado ou distribuído?
Já temos apresentado amplamente porquê é importante responder a esta pergunta. O que nos ajudará a distinguir claramente entre as 3 topologias de rede básicas é a interdependência dos nós que formam parte de uma rede. A interdependência nos conta se os nós individuales dependem dos outros para poderem comunicar-se com outros, e portanto define quão robustas são perante ataques. Os nós em uma rede impulsionada por GNU Social são as diferentes instâncias.
Uma rápida olhada na imagem deste parágrafo mostra-nos claramente que os nós de GNU Social não dependem uns dos outros para comunicarem-se, e que a queda de um deles não põe em perigo nem um pouco a sobrevivência da rede. Consequentemente, o GNU Social tem uma estrutura distribuída.
Conclusões
De tudo isto, podemos tirar duas importantes conclusões. Em primeiro lugar, damo-nos conta de que não é necessário buscar uma definição estrita para GNU Social porquê, o que se poderá fazer com ele dependerá do quê quiserem os usuários. Em segundo lugar, o GNU Social tem uma estrutura distribuída. Uma distinção importante porquê, graças a ela vemos o nascimento de uma natureza social em quê a autonomia, privacidade, e conversações são prioritárias.
O blog Anders Bateva tem uma conta no GNU Social, no seguinte endereço: https://quitter.es/andersbateva.
O texto deste post de Anders Bateva está liberado sob domínio público. Baseado no trabalho disponível no blog Las Indias. |