No ano passado, um ativista anônimo publicou um manifesto em alguns sites voltados ao tema software livre reclamando do fato de o evento, ultimamente, ter dado espaço a palestra sobre temas pseudocientíficos, como energia livre ou supostas descobertas mirabolantes de Nikola Tesla suprimidas pelo Governo dos EUA. Surpreendentemente, de lá pra cá, a ASL, organização responsável pelo evento, não se manifestou e tocou o evento como se nada tivesse acontecido.
A princípio, alguém poderia minimizar esse problema ao lembrar que o FISL é um evento semi-fechado, pago, mantido por uma associação privada e que acontece no salão de eventos de uma universidade particular, ou seja, assiste quem quer. No entanto, basta olharmos para a lista de patrocinadores do evento para vermos que a história não é bem assim.
Observando a lista de patrocinadores no rodapé da página da edição anterior, vemos que, dentre eles, figuram o nome de várias empresas e órgãos públicos, como por exemplo:
- Prefeitura de Porto Alegre;
- Telebras;
- CPD da UFRGS;
- Procempa;
- Procergs;
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
- Ministério da Cultura;
- Ministério das Comunicações;
- Banco do Brasil;
- Caixa;
- Datasus;
- Governo Federal;
- Governo do RS…
Ou seja, mesmo que você nunca tenha ido ao FISL – e mesmo que você sequer use software livre – você está pagando pelas palestras que ocorrem no evento e, se são colocadas lá palestras sobre temas pseudocientíficos, nós também as estamos financiando, por meio das empresas públicas que patrocinam o FISL.
Logo, colocar temas pseudocientíficos ou com fraca sustentação acadêmica no FISL não apenas é um desrespeito à Ciência e ao público de lá como, também, a toda a população brasileira, pois a ASL, que deveria ter mais rigor na seleção de atrações no evento, se utiliza de dinheiro público pra tornar o FISL realidade.