Síntese
O PT está diante de uma grave crise, que perpassa a conjuntura mundial e nacional. Essa crise também tem profundos reflexos internos no Partido.
Como enfrentar a crise? Mudando a política do Partido e do governo.
Do Partido: tendo o socialismo como projeto. Ter um projeto popular e democrático que vá além do social-liberalismo, do social-desenvolvimentismo e da social-democracia. Formar, organizar e mobilizar a população para as mudanças sociais. Prescindir das alianças com a direita, do financiamento empresarial e da conciliação de classe.
Do governo: Avançar em políticas sociais e promover reformas estruturais populares e mudar o sentido da macro-política econômica atual.
Quadro Nacional
- O PT está diante da maior crise de sua história. Crise decorrente de suas boas realizações e, ao mesmo tempo, de suas falhas.
- Por um lado, a ação política dos governos petistas proporcionou significativas melhoras nos patamares de desenvolvimento econômico e social. Por outro, deixou de promover transformações socializantes em estruturas essenciais, como o sistema político, a mídia, o sistema tributário, agrário, etc.
- A direita permanece controlando as principais alavancas (economia, mídia, etc), que permite o ascenso conservador. A direita muda de postura, radicaliza, busca do golpe, defende a ditadura, apela ao extremismo, ao ódio e ao fascismo.
- A melhoria nas condições de vida da população não é acompanhada de proporcional evolução nos patamares de informação e conscientização política. A batalha ideológica perde espaço para uma visão economicista.
- O Partido passa a priorizar ações institucionais, diminuindo a importância das ações de disputa ideológica e de mobilização popular. Sem mobilizar efetivamente para a realização de reformas, o Partido adaptou-se fortemente ao modelo político eleitoral das oligarquias (do financiamento privado e empresarial), com profundos reflexos internos.
- Enquanto a direita utiliza-se de todo seu arsenal da indústria midiática para a formação ideológica da população, o PT passa por um período de acentuada perda de suas características originais de partido de massas da classe trabalhadora para a construção de um modelo popular e democrático.
- Estamos diante de uma grave crise mundial e latino-americana, decorrente da grande ofensiva do capitalismo imperialista e suas oligarquias. A ação golpista da direita brasileira tem toda relação com o golpismo da direita venezuelana e argentina, todas em sincronia com o imperialismo estadunidense.
- A agressiva disputa geopolítica tendo, de um lado, os EUA e aliados, que defendem uma supremacia de seu modelo econômico liberal nas relações internacionais (FMI, Banco Mundial, etc), como grande bloco hegemônico, e do outro, blocos de contra-hegemonia, liderados especialmente por China e Rússia e seu arco de influência, que implementam um modelo econômico de característica estatal e social. Na disputa por espaços e recursos estratégicos, o imperialismo estadunidense tem lançado toda sorte de agressões, desestabilizações, golpes e ataques militares para promover mudanças políticas em diversos países. Na América Latina, o imperialismo age contra praticamente todos os governos populares, mas, especialmente, Venezuela e Argentina. Golpes já ocorreram em Honduras e Paraguai.
- O projeto da direita é aprofundar o capitalismo, implementar o neoliberalismo, praticar o Estado Mínimo, comprometer as finanças dos Estados (FMI), sucatear e privatizar os serviços públicos, terceirizar, cortar benefícios sociais, gerar recessão, desemprego, para aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora. Esse é o atual projeto da direita brasileira, ligada ao imperialismo estadunidense.
- O crescimento conservador no Brasil pôde-se medir nas eleições de 2014. O poder econômico e a manipulação midiática proporcionaram o congresso mais conservador desde a ditadura. Dilma se reelegeu no segundo turno após uma boa sucedida guinada à esquerda em seu programa eleitoral. Dilma se reelegeu à esquerda, com ampla mobilização popular, mas com pequena margem de diferença.
- O golpismo da direita continua após as eleições, com seletividade e exploração midiática de casos de corrupção, para incriminar o PT. A parcialidade midiática torna-se explícita ao praticamente ignorar os casos de corrupção que afetam a oposição. As marchas e expressões de ódio são orquestradas.
- O governo indica ministros conservadores e inicia a implementação de uma política econômica socialmente mais austera, de ajuste fiscal e restrição de direitos, contrariando as expectativas despertadas no segundo turno.
- O congresso é uma barreira vista como intransponível para as reformas estruturais.
- O governo perde a eleição da presidência da Câmara para um partido “aliado”.
- Direita avança em propostas extremamente danosas à classe trabalhadora, o PL4330, a redução da maioridade penal, a PEC da contra-reforma política, a revisão do modelo de partilha do pré-sal, MPs 664 e 665, etc, etc.
- Modelo de governabilidade em xeque. Governo tudo concede. E o golpismo continua.
- TAREFAS:
1 - Ocupar as ruas; 2 - Construir uma frente democrática e popular em defesa da democracia e das reformas, contra o pl 4330, contra a redução da maioridade penal, etc; 3 - Mudar a estratégia do Partido, pelas reformas estruturais, aliança com as forças democrático-populares, abandonar conciliação de classes com inimigo; 4 - Alterar a linha do governo federal, que os ricos paguem os ajustes, que as forças populares ocupem seu lugar no ministério, que a presidenta assuma protagonismo na luta contra a direita, o PIG e a especulação financeira; 5 – Mudar o PT, com transformações profundas das direções às bases.
- BANDEIRAS DE LUTA
* Reforma do sistema político. Fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos. Financiamento público de campanhas. Paridade de gênero. Voto em lista. Constituinte Exclusiva;
* Democratização da mídia.
* Reforma tributária. Progressividade. Taxação das grandes fortunas.
* Reformas agrária e urbana.
* Defesa da Petrobras e do modelo de partilha do Pré-sal para investimentos sociais (educação, saúde, etc);
* Salto de qualidade na oferta de serviços públicos como educação, saúde, cultura, etc;
* Defesa dos direitos humanos, contra o machismo, a homofobia, o racismo, contra o extermínio da juventude pobre e negra.
* Contra as terceirizações. Contra o PL 4330.
* Contra a redução da maioridade penal. Pela desmilitarização da PM.
* Contra a PEC 352 (contra-reforma eleitoral). Contra o sistema distrital.
* Contra o ajuste fiscal. Contra as MPs 664 e 665. Pela mudança da política econômica “de austeridade” do governo federal.
- Mudanças para o PT
* Ter o socialismo como projeto político estratégico (reformas estruturais)
* Prescindir das alianças com a direita;
* Voltar a eleger as direções através de congressos (fim do PED);
* Ampliar a formação e o debate político com a militância e os movimentos populares;
* Desenvolver sua rede de comunicação;
* Estimular e promover conjuntamente com as esquerdas veículos de comunicação de maior escala.
PARANÁ
- Os resultados eleitorais em 2014 foram muito ruins no Paraná, especialmente em Curitiba. Beto Richa se reelegeu no primeiro turno. Álvaro Dias também. O governo ampliou a base de apoio na Assembleia Legislativa. Caímos de 7 para 3 deputados estaduais. Aécio venceu no segundo turno no Paraná. A diferença foi maior ainda em Curitiba.
- Reeleito no primeiro turno, Beto Richa radicalizou sua política de precarização dos serviços públicos e ataques aos direitos de servidores públicos, que resultou em grandes mobilizações e uma violenta repressão. Diante dos gravíssimos acontecimentos, a AE-PR apresenta uma moção pela responsabilização e cassação do mandato do governador Beto Richa.
- Influenciou nesse resultado a forte onda anti-petista nacional e os erros estratégicos das esquerdas e, especialmente do PT, no Paraná. Mas esse resultado contraria frontalmente um dos pressupostos essenciais da tese defendida para a aliança municipal em Curitiba com Gustavo Fruet, que era o de ter as melhores condições para as eleições de 2014 para os projetos estadual e nacional.
CURITIBA
- É preciso avaliar a participação do PT no governo municipal tendo em vista o ano eleitoral de 2016.
- Se a presença do PT em postos da administração municipal, como a Secretaria do Trabalho, da Mulher, da Saúde, da Cultura e da administração regional CIC, certamente contribuiu com boas ações para a melhoria nos serviços prestados à população, por outro lado, a gestão Fruet enfrenta sérios problemas mal ou nada solucionados.
- Houve manutenção de postos ocupados por correligionários do governo anterior, ligados à oposição, ao ex-prefeito, ao atual governador.
- Vive-se uma profunda crise no transporte público, sem nenhuma atitude do governo municipal para rever um sistema fraudulento, com atestadas fraudes e nulidades, que poderiam justificar o cancelamento dos contratos e das licitações e a criação de uma frota pública. Minimamente, o governo municipal deveria contestar o valor das tarifas e exigir do governador a integração metropolitana.
- Desrespeito com os servidores públicos. Promessas não cumpridas. Atitudes anti-sindicais.
- Insuficiência na política de regularização fundiária.
- O PT Curitiba não tem um claro projeto político popular que sirva de intermediação entre o povo e o governo, com controle e cobrança.
- DMPT não desempenha papel suficiente na mediação da relação PT-governo. Atualmente, essa relação privilegia influência de lideranças e correntes internas;
- O PT Curitiba não tem sido suficientemente protagonista da luta social, na defensa de bandeiras dos trabalhadores e do povo.
- O PT Curitiba precisa construir emergentemente um projeto popular participativo para Curitiba, que contemple questões como o salto na oferta e qualidade de serviços públicos, regularização das ocupações urbanas, espaços culturais nos bairros, frota pública de transporte, etc;
- Com base na construção desse projeto popular, o PT deve preparar o terreno para o lançamento de candidatura própria majoritária nas eleições de 2016, com o objetivo de aumentar significativamente a bancada de vereadores. Propomos que a construção desse projeto e plataforma populares, bem como a definição do nome da candidatura própria petista, sejam definidos num cronograma a ser cumprido até outubro de 2015.
- Esse projeto popular deve ser a base da relação entre o PT e o governo Fruet na gestão atual, onde o PT deve se posicionar inequivocamente ao lado dos trabalhadores e do povo.
- Esse projeto deve ser a base para a construção de alianças, até junho de 2016, visando uma candidatura única do campo democrático e popular para as eleições, tendo como preferência organizações e partidos do campo popular, como Consulta Popular, PCdoB, PSOL, PCB, e de centro, como setores do PV, PDT e setores requianistas do PMDB.
- O PT Curitiba deve ampliar o debate político com a militância e com o povo; promover formação política; construir e empoderar uma rede de núcleos de base (por local de trabalho, moradia e setoriais temáticos); valorização das instâncias do Partido, especialmente as plenárias e encontros; desenvolver sua rede de comunicação; imprimir um jornal; estruturar suas finanças, valorizar a contribuição do filiado, promover ações de arrecadação; promover atividades culturais políticas.