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Assembleia Popular do Brasil

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Blog AssembleiaPopular.Org

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Licenciado sob CC (by-nc-sa)
A Assembléia Popular é um fórum brasileiro criado com o objetivo de construir o processo político de democracia direta e ser também um espaço de reunião e fortalecimento dos movimentos sociais. O objetivo é construir, por todas as localidades do país, fóruns de organização popular, as assembléias, em diversos níveis: bairros, municipais, estaduais e nacionais. Estas assembléias visam transferir poder político diretamente para a população. Todo o processo foi fruto de um sentimento de descrença na política representativa em seus diversos níveis.

Sem praça ou quadra, vamo no Shopping

15 de Abril de 2014, 16:49, por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda

 

Antes de falar da razão dos rolézinhos é útil começar com uma definição prática. São eventos organizados por adolescentes nas redes sociais onde combinam de se encontrar em grupo em um Shopping Center.  Dentre esses jovens, a maioria são da periferia e o objetivo fica obscuro, ou melhor, ambíguo. Segundo depoimentos dos próprios participantes a motivação é simplesmente marcar um ponto de encontro, incluindo nisso namoros enquanto em alguns locais é noticiado de forma diferente [1]. Foi produzida uma série de quatro textos sobre o tema devido à existência de várias problemáticas sobre ele. O primeiro Que tal um rolezinho?[2] tratou dos supostos furtos e roubos ocorridos, concluindo que estatisticamente foram poucos, não justificando que o movimento fosse crucificado por isso..  O segundo O problema dos rolézinhos é realmente a quantidade?[3] tratou de questionar o que é realmente o problema, se é a quantidade ou o preconceito. O terceiro O rolézinho como movimento político [4]tentou responder a pergunta se  é realmente político, concluindo que não era intencionalmente, mas sim consequentemente político. Esse é o último da série sobre os rolézinhos e vai tratar do porque de sua ocorrência. Sabe-se que a moda do assunto passou, mas isso não deve passar pelo fator esquecimento, e sim ser tratado de forma séria sabendo que é mais uma das manifestações sociais e políticas desse ano, justamente um ano em que haverá copa e eleição, ou seja, um ano politicamente tenso.

 

Relevando-se questões políticas é possível falar sobre as razões do evento. Uma razão é a inexistência do espaço público de lazer na periferia[5] e em outras situações o mal cuidado com as áreas existentes,[6] levando esse mesmo público que não tem onde ir, para um lazer no Shopping. Outra razão foi que recentemente em São Paulo os bailes Funk foram proibidos em áreas públicas da periferia,[7] isto é, sendo correta ou incorreta a decisão acabou por retirar outro meio de lazer.  Esses dois pontos trazem a seguinte conclusão: sobraram os Shoppings como locais de lazer [8], e é para lá que os jovens foram. Alie tudo isso ao comportamento grupal  adolescente[9]que tem a ver com identidade [10] e a ida ao Shopping toma um objetivo: beijar, zoar, curtir a galera, ouvir funk, andar do lado contrário nas escadas rolantes[11], ou seja: curtir.  Lembrando agora da copa, muitos gringos vão “curtir” um Shoppingg em grande quantidade, mesmo que esse curtir tenha um significado diferente.  Ainda que separados serão muitas pessoas, e provavelmente não vai dar tanta reclamação. Isso traz a seguinte pergunta: qual a diferença entre esses dois grupos, já que ambos querem “curtir” em um Shopping?

 

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

 Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação:  No servidor anterior foi postado no dia 10/02/2014 as 9:48.

 

Referencias:

 

Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/falta-de-lazer-nas-periferias-motiva-rolezinhos-dizem-especialistas.html Marina Franco/ http://g1.globo.com . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://ohoje.com.br/noticia/848/falta-area-de-lazer-na-periferia Camila Cecílio/ http://ohoje.com.br . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/rolezinho-quando-o-funk-ostentacao-torna-se-ameaca/ . Outras palavras/ http://outraspalavras.net/ . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br/p/o-afastamento-familiar-tendencia-grupal.html . psitendenciagrupal/ http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br  . Data de acesso 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/busca-identidade-adolescencia-jovem-puberdade-538868.shtml . Ana Rita Martins/ http://revistaescola.abril.com.br  . Data de acesso 09 de fevereiro de 2014

 

 

Disponível em: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/que-tal-um-rolezinho.html  . Rafael Pisani/ http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br  . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/02/o-rolezinho-como-movimento-politico.html  . Rafael Pisani/ http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br  . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/o-problema-dos-rolezinhos-e-realmente.html  . Rafael Pisani/ http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br  . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.amalgama.blog.br/01/2014/direito-politica-rolezinhos/  . Hugo Silva/ http://www.amalgama.blog.br . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-criminalizacao-do-funk-pode-resolver-tudo-menos-o-problema/ Alice Riff/ http://www.diariodocentrodomundo.com.br . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-271716-periferia-reclama-da-falta-de-opcoes-de-lazer.html Diário Online/ http://www.diarioonline.com.br  . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd154/curitiba-o-descuido-com-os-espacos-publicos-de-lazer.htm efdeportes/ http://www.efdeportes.com . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.oene.com.br/rolezinho-e-desumanizacao-dos-pobres/ Rafael Pisani/ http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br  . Data de acesso: 09 de fevereiro de 2014

 

 



[8] Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/falta-de-lazer-nas-periferias-motiva-rolezinhos-dizem-especialistas.html Maria Lucia Refinetti, arquiteta e urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP)

 



O rolézinho como movimento político

15 de Abril de 2014, 16:15, por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda

 

A moda dos rolézinhos passou e a repressão teve efeito, sendo um grande assunto se eram movimentos políticos ou não, e disso vai se tratar o texto de hoje.   A onda começou em dezembro de 2013 e já acabou, já que muitos estão sendo cancelados devido à repressão,[1] evidenciando questões políticas.  Como dito no texto O problema dos rolézinhos é realmente a quantidade?[2] a questão maior parece não ser a quantidade, mas sim o preconceito e a retirada do direito de consumo exclusivo da classe média, mas para compreender melhor é preciso ler o texto.  A partir da existência desse preconceito aparece o lado político do rolézinho.

 

A motivação inicial dos rolézinhos era beijar, zoar, curtir a galera, ouvir funk, andar do lado contrário nas escadas rolantes”[3] não sendo uma motivação política, ao menos não intencionalmente. Não são propositalmente políticos, mas tem consequências políticas, dito os efeitos causados sem a mínima intenção de seus participantes. Por um lado, quando o juiz representando o poder público liberou a liminar para impedir a entrada do movimento, nesse sentido ele se tornou um fenômeno político- uma manifestação.[4] Isso mostrou a estrutura social atual, onde sendo o Shopping um espaço público-privado, ou algo entre os dois e o rolézinho estando entre o racismo e o preconceito. Isso porque a entrada de sujeitos que não vão consumir em local próprio para consumo significa preconceito econômico que de alguma forma beira o racismo, designado como crime. [5] Assim, é político no sentido de dizer, de forma consciente ou não eu existo, quero fazer parte da sociedade de consumo e ser valorizado nela [6], mesmo que isso signifique exclusão por outro lado.  Isso devido à propaganda do consumo que não distingue classe social e com o aumento das possibilidades virou um mecanismo que causou prejuízos a estrutura social atual [7], mas além de tudo é um reflexo do que ocorreu em julho de 2013 e do que virá, isto é, ano de copa e eleição. Para complementar, vale ainda fazer uma comparação histórica com dois eventos, um quando houveram saques e incêndios em Londres e outras cidades inglesas em 2011[8] e outro no Brasil em 2000 quando manifestantes, isto é, sem teto decidiram ir ao Shopping [9].

 

No primeiro evento, diversas cidades do Reino Unido foram tomadas por jovens ao ponto de que demorou dois dias para a retomada das cidades pela polícia. O que os jovens fizeram nada teve de político, isto é, não foram ocupar sedes de radio e TV, questionar as forças armadas ou algo do tipo, no fim o que fizeram foi saquear lojas de roupas e eletrodomésticos. Qual a semelhança com os rolézinhos? Apesar desse visar o consumo através de saqueamentos, e o rolézinho a própria curtição e encontro de jovens, talvez nenhum deles tivesse consciência ou dava importância a política, ou qualquer tipo de mudança social, mas de uma forma ou outra os movimentos tiveram conseqüências que os tornaram políticos, mesmo que não fosse do desejo dos participantes e evidenciava algum tipo de problema social, que difere do rolézinho e dos saques em Londres mas com um elemento em comum: o consumo. [10]

 

Quanto à questão dos sem teto indo ao Shopping o documentário relata que após uma hora é meia eles conseguiram ir ao Shopping, sendo barrados no ônibus para chegar até o local. Dentro do local foram barrados diversas vezes pelos seguranças e em algumas vezes por policiais, sendo que algumas lojas fecharam suas portas para eles não entrarem. Todos seus passos eram monitorados por repórteres, seguranças e policiais. Quando conseguiam entrar os vendedores olhavam com olhar de nojo, ao menos sobre esse ponto é o que relata uma das pessoas do vídeo e esses às vezes tentavam tirá-los de lá já que entravam em grande quantidade e não iriam consumir, até o direito de experimentar lhes foi negado. Quando foram à praça de alimentação do local boa parte das pessoas se retiraram e/ou olharam com cara ruim, é o que relata outra das pessoas entrevistadas.  O pior é que quase foram inclusive barrados de ir ao banheiro, com a desculpa da funcionária de que seria despedida se permitisse.[11] No fim não houve roubo ou baderna alguma, exceto a causada pela visão dos outros sobre o evento.A grande diferença em relação aos rolézinhos? A motivação era dupla: ir ao Shopping para ver os produtos e mostrar que existiam, mas dessa vez com uma consciência propositalmente política, não só como conseqüência. A semelhança? Novamente o consumo é o elemento em comum.  Todas essas relações justificaram a entrada dos movimentos sociais como movimentos que defendem tanto os direitos dos negros e pobres quanto MTST (Movimento dos trabalhadores sem teto)[12] e MST [13] nos rolézinhos e um desses rolézinhos já teve como tema a Extinção da policia militar [14], dando de fato um tom conscientemente político aos rolézinhos. Em resumo, o rolézinho não é propositalmente político, mas consequentemente político, afinal, o que custa “zuar” em um Shopping?

 

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 03/02/2014 as 19:47. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:

1.      Substituição da palavra “movimento” no seguinte trecho “...mas de uma forma ou outra os movimento tiveram...” para “movimentos”.

2.      Alteração da nota de rodapé 2 de “http://www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/o-problema-dos-rolezinhos-e-realmente.html” para “http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/o-problema-dos-rolezinhos-e-realmente-a-quantidade 

3.      Alteração da nota de rodapé 5 de “Referencia do Shoping ser espaço publico ou privado.” para “Fonte: http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2014/01/rolezinho-shopping-espao-pblico-ou-privado.html

 

 

Referencias

 

Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/nada-de-curticao-quase-todos-rolezinhos-sao-politicos-agora . Marinha Pinhoni/ http://exame.abril.com.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/rolezinho-quando-o-funk-ostentacao-torna-se-ameaca/ . Outras palavras/ http://outraspalavras.net/ . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-01-17/rolezinho-de-protesto-se-espalha-mas-nao-atrai-movimento-original.html . Ultimosegundo Ig/ http://ultimosegundo.ig.com.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.amalgama.blog.br/01/2014/caso-rolezinho-dimensoes-de-um-role/ . Diego Viana/ http://www.amalgama.blog.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.amalgama.blog.br/01/2014/direito-politica-rolezinhos/  . Hugo Silva/ http://www.amalgama.blog.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2014/01/18/interna_brasil,485024/movimentos-sociais-pegam-carona-nos-rolezinhos-em-onda-de-solidariedade.shtml . Julia Chaib/ http://www.diariodepernambuco.com.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/o-problema-dos-rolezinhos-e-realmente.html  . Rafael Pisani/ http://www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=IMvuoGji3yU . Keelan Balderson/ http://www.youtube.com . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=UHJmUPeDYdg . Gumefilmes/ http://www.youtube.com . Data de acesso: 02 de fevereiro de 2014

 

 



[4] Fonte de ser um movimento político do ponto de vista do poder público: http://www.amalgama.blog.br/01/2014/caso-rolezinho-dimensoes-de-um-role/

[7] Fonte texto “O problema dos rolézinhos é realmente a quantidade”.

[9] Fonte dessa suposta invasão dos sem teto: http://www.youtube.com/watch?v=UHJmUPeDYdg



O problema dos rolézinhos é realmente a quantidade?

14 de Abril de 2014, 20:12, por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda

 

 

O texto anterior  "Que tal um rolezinho?"[1] tratou dos supostos furtos e roubos nesses eventos. Esse vai tratar do preconceito sobre seus participantes e sobre o próprio rolézinho, mas antes é preciso analisar o contexto da acusação. Muitos comentários que tem o objetivo de confirmar ser um problema o rolézinho se apóiam nesses supostos furtos. Considerando o texto anterior  “Que tal um rolézinho?” é possível perceber outra função dessa idéia, que não é a de serem verdadeiros, mas sim apoiar a própria opnião. Essa situação gera uma crença de que as idéias são verdadeiras, inquestionáveis e, portanto, absolutas, o que é por si só um problema. Assim aparece outra questão: o problema dos rolézinhos é realmente  a quantidade?

Sendo Shoppings propriedade privada as regras são as mesmas aplicadas a propriedade privada, portanto é como a lógica de que podemos impedir um estranho de entrar em nossa casa mas ninguém, legalmente falando o pode impedir de sentar em um banco de uma praça pública. Nesse contexto dano, roubo produzir pânico ou tumulto e furto ao patrimônio são delitos, portanto se algum sujeito fez isso em um Shopping cometeu um delito. [2] No outro extremo racismo é crime, portanto impedir um sujeito de exercer seus direitos por sua raça, cor ou etnia é racismo. Existem ainda as relações com os próprios lojistas e a regra de direito público que qualquer sujeito pode entrar ali, seja pra comprar ou apenas olhar e sob essas condições existe um Shopping. O rolézinho se encontra no meio desses dois extremos, já que não é racismo discriminar baseado em poder aquisitivo, classe social ou local de residência. Restaurantes de luxo, empresas aéreas, bancos etc... tem para clientes com maior poder aquistivo tratamentos diferenciados. O problema é que o julgamento está passando a ser pela cor ou etnia do sujeito, tendo aparência de pobre e, portanto, sendo impedido de entrar. Nisso fica estabelecido um padrão de “vestimenta adequada”, sendo uma incógnita uma vestimenta adequada. Por outro lado os donos do Shopping tem de providenciar segurança aos lojistas, tomando providencias para evitar tumultos e badernas inclusive retirando a presença de arruaceiros no local. A maior dificuldade é que manter a ordem e impedir ou dificultar a entrada de jovens negros e pardos e vestidos de determinada maneira estão se igualando, aonde se esbarra novamente no racismo. Apesar de o Shopping ser um espaço privado se tornou essencialmente público e isso é um problema legal.[3] Isso predispõe a necessidade de um público específico com comportamentos e vestimentas específicas, mas com um alvo: o consumo. Esse público se encontra na classe A e B, a nova classe média chamada de classe C. [4] Esses comportamentos fazem parte de uma cultura considerada correta e aceitável, incluindo nisso músicas do MPB e outras, mas com certeza exclui o Funk. Portanto, Shows ao vivo de MPB são aceitáveis no Anália Franco [5] mas não vários jovens cantando Funk. [6] Pode ainda ser considerado um problema  porque “rouba” o direito exclusivo de consumo da classe média.  Agora aparece outra questão: como a propaganda de consumo atinge a todos?

Traz o consumo como objetivo, algo a ver com a felicidade e não distingue classe social. Assim atinge desde aqueles capazes de alcançar o padrão desejado  e outros que nem chegam perto, justificando a frase “sonho de consumo”. Ela significa algo que o sujeito quer mas não pode consumir, portanto varia de sujeito e classe social. A pergunta final: o que tem isso a ver com os rolézinhos?

Os sujeitos participantes são da classe excluída da sociedade de consumo e são adolescentes, portanto existe também um elemento  identitário[7] e uma tendência grupal que motivam os rolézinhos. [8]Assim algo a ver com socialização. Além disso, são jovens que ostentam o consumo influenciados também pelo funk ostentação[9] ou aumentaram suas possibilidades de consumo. Sobre a quantidade, em um local com capacidade para 10.000, 6000 representa 60% do todo e ainda que incomum é quantidade aceitável.

Imaginemos que o mesmo evento fosse realizado por torcedores do corinthias em dias de jogo [10] ou por torcedores da copa ou ainda por jovens de classe média-alta? O que mudaria se esses jovens aderissem ao movimento? Aliás, na copa público muito maior vai ser ostentado e não há criticas do tipo. Com certeza a reação não seria a mesma, mas isso já é outro debate. A pergunta que fica é: o problema é a quantidade, o preconceito ou o roubo do direito exclusivo de consumo da classe média[11]?

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 27/01/2014 as 19:04. Foi atualizado no mesmo dia as 23:56 com adição de: 

 

  1. "Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

  1. Escrito por: Rafael Pisani" e no dia 28 01 2014 as 23:12 com alteração da palavra “fazer” do trecho Esses comportamentos fazem parte de uma cultura considerada correta e aceitável, incluindo nisso músicas do MPB e outras, mas com certeza exclui o Funk.”para “fazem”além da inclusão da referência http://top10mais.org/top-10-maiores-shoppings-do-brasil/ na nota de rodapé 5, alteração das palavras “JK IGUATEMI” no trecho “Portanto, Shows ao vivo de MPB são aceitáveis no JK IGUATEMI[12] mas não vários jovens cantando Funk.” para “Anália Franco”.

Houveram as seguintes alterações nesse servidor:

1.       Retirada do termo “ou ostentam” do seguinte trecho “Assim algo a ver com socialização. Além disso, são jovens que ostentam ou ostentam o consumo influenciados também pelo funk ostentaçãoou aumentaram suas possibilidades de consumo.”

2.       Alteração da nota de rodapé 1 de “http://www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/que-tal-um-rolezinho.html” para “http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/que-tal-um-rolezinho

 

 

http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/que-tal-um-rolezinho

Referencias:

Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2014/01/rolezinho-shopping-espao-pblico-ou-privado.html . UOL/ http://direito.folha.uol.com.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br/p/o-afastamento-familiar-tendencia-grupal.html . psitendenciagrupal/ http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br  . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/busca-identidade-adolescencia-jovem-puberdade-538868.shtml . Ana Rita Martins/ http://revistaescola.abril.com.br  . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/rolezinho-quando-o-funk-ostentacao-torna-se-ameaca/ . Eliane Brum/ http://outraspalavras.net . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://top10mais.org/top-10-maiores-shoppings-do-brasil/ . TOP10MAIS/ http://top10mais.org . Data de acesso 28 de janeiro de 2014

Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-01-17/rolezinho-de-protesto-se-espalha-mas-nao-atrai-movimento-original.html  . IG/http:/ http://ultimosegundo.ig.com.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?page_id=58 . GOV/ http://www.sae.gov.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

 



[2] Trecho utilizado no texto “Que tal um rolézinho?”

[4] Fonte das classes A, B e C: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?page_id=58

[12] Pegar fonte de Show ao vivo no JK IGUATEMI



Que tal um rolezinho?

14 de Abril de 2014, 19:57, por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda

 

Antes de falar dos supostos furtos durante os rolézinhos é útil começar com uma definição prática. São eventos organizados por adolescentes nas redes sociais onde combinam de se encontrar em grupo em um Shopping Center.  Dentre esses jovens, a maioria são da periferia e o objetivo fica obscuro, ou melhor ambíguo. Segundo depoimentos dos próprios participantes a motivação é simplesmente marcar um ponto de encontro, incluindo nisso namoros[1], já outros meios como jornais impressos, televisivos e online tentam a todo tempo incriminar o movimento como tendo o único objetivo de roubar e perturbar a ordem, seja qual for ela. Por haver essa ambiguidade nada melhor do que pesquisar a quantidade de roubos dentro desses eventos para saber se é válido ou não julgar o movimento com essa intenção. Shoppings são propriedade privada, portanto, as regras são as mesmas aplicadas a propriedade privada,  assim é como a lógica de que podemos impedir um estranho de entrar em nossa casa mas ninguém, legalmente falando o pode impedir de sentar em um banco de uma praça pública. Nesse contexto dano, roubo, produzir pânico ou tumulto e furto ao patrimônio são delitos, portanto se algum sujeito fez isso em um Shopping cometeu um delito.[2]

 

Segundo uma das notícias em um rolézinho que ocorreu em dezembro de 2013, no Shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo dentre 6 mil pessoas foram registrados pelo menos 3 furtos e relatos de “pânico” entre lojistas e consumidores.[3] Entre as razões do pânico estão arrombamento de portas, agressão de dois irmãos supostamente cercados por 11 pessoas e roubos do lado de fora do Shopping.[4] Dentre um dos roubos está o de um garoto de 14 anos que portava documentos básicos (RG, CPF etc..), óculos, 400 reais, e ainda outro que calçava um tênis de 1000 reais, camiseta de 200, prata e ouro. [5]Esse é o rolézinho mais comentado e dele é onde partem os outros. Algo que as notícias esconderam foi que o tumulto também ocorreu pela repressão da policia com direito a balas de borracha e tira dela toda a culpa, colocando-a como herói da situação e justificando seu ato. Analisando os números apresentados é perceptível o quão pequeno em relação ao todo é a quantidade de furtos. Dizer que pelo menos 3 furtos, uma loja de aparelhos eletrônicos arrombada representa o movimento é insignificante, dito que esse número representa 0,05% do todo, portanto é fácil concluir que existem ai poucos sujeitos com más intenções. Sobre o roubo do garoto que portava 400 reais e o outro que vestia aproximadamente 1500 reais naquele momento não da para se culpar o evento por isso, e nem punir a todos que participaram por esses infortúnios. Isso não é justificar os furtos, mas sim dizer que não representam o todo dos participantes, além de incluir também que dentro da lei, teoricamente falando, esses sujeitos devem ser punidos, ainda que de uma forma diferente do todo. Quanto à questão do pânico e arrombamento de portas é simples. Isso ocorre porque não é do costume, e nem da razão da existência de um Shopping que a juventude das periferias se mostre sem mascaras e apareça com sua cultura, incluindo nisso o Funk e a típica tendência grupal de adolescentes. Alexandre Barbosa Pereira falando pelaBBC disse que percebeuque a confusão se iniciou e a policia entrou em Itaquera justo quando os jovens fizeram uma fila e começaram a cantar. [6]Qual será o problema com os rolézinhos? Furtos não devem ser, já que dentro do conjunto foram poucos.  Vale ainda comparar com outros eventos de mesmo tamanho, suponhamos uma festa com 6 mil pessoas, a probabilidade de roubos  e furtos ocorrerem existe e nem por isso ela seria do todo condenada. Ainda falando sobre eles vale considerar uma coisa: a fonte da notícia é importante, tanto é que dentre as fontes oficiais, revista veja, jornais televisivos, impressos ou online existe grande tendência para criminalizar o movimento e, portanto, uma noticia não muito livre de valores. Por isso esse texto foi feito baseado em números e essa será a razão de pararmos por aqui. Então, que tal um rolezinho?

 

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

 Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 20/01/2014 as 22:13. Nesse servidor foram feitas as seguintes alterações:

 

  1. Alteração da palavra “durantes” no seguinte trecho “Antes de falar dos supostos furtos durantes os rolézinhos é útil começar com uma definição prática.” para “durante”

 

  1. Retirada de todos os tremas nas palavras onde havia.

 

  1. Alteração da palavra “sentar” no seguinte trecho Shoppings são propriedade privada, portanto, as regras são as mesmas aplicadas a propriedade privada,  assim é como a lógica de que podemos impedir um estranho de entrar em nossa casa mas ninguém, legalmente falando o pode impedir de sentam em um banco de uma praça pública.” para “sentar”

Referencias:

 

Disponível em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2014-01-12/pm-prende-tres-pessoas-apos-%E2%80%9Crolezinho%E2%80%9D-em-shopping-na-zona-leste-de-sao-paulo Agencia Brasil/ http://agenciabrasil.ebc.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2014/01/rolezinho-shopping-espao-pblico-ou-privado.html UOL/ http://direito.folha.uol.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/garotas-explicam-os-rolezinhos.html Leticia Macedo/ http://g1.globo.com . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://noticias.r7.com/sao-paulo/tres-jovens-sao-detidos-apos-rolezinho-no-shopping-itaquera-12012014 . R7/ http://noticias.r7.com . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/sp-policia-investiga-roubos-durante-rolezinho-em-shopping,161dad01b2193410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html Terra/ http://noticias.terra.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68515/dez+jovens+serao+intimados+por+'rolezinho'.shtml UOL/ http://ultimainstancia.uol.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

 

Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-01-17/rolezinho-de-protesto-se-espalha-mas-nao-atrai-movimento-original.html IG/ http://ultimosegundo.ig.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://vejasp.abril.com.br/materia/rolezinho-em-itaquera-tem-furtos-e-depredacao . Bruna Ribeiro e Juliana Deodoro/ http://vejasp.abril.com.br . Data de acesso 19 de janeiro de 2014

 

 

 



O chato

12 de Abril de 2014, 12:05, por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda

 

Numa pequena cidade vivia um sujeito chamado Guilherme. Teve uma vida que pode ser definida como “confortável”. Tinha boa família quando criança, mãe e pai que cuidavam, mas não suportavam coisas muito fora de sua rotina, dando o nome de “chato” para tudo o que estivesse nessa classificação, ainda assim Guilherme cresceu “feliz”. Na sua adolescência podia sair à vontade, bastava seguir as regras do pai de ajudar em algumas tarefas de casa e avisar o horário em que voltaria. Gostava de bebida e danceterias, um sujeito bastante social e mulherengo, apesar de não gostar de acordar da ressaca no outro dia e sentir seus efeitos, até porque tinha que descobrir como foi sua noite anterior e isso causava certos problemas.

 

Perguntava a um, a outro ligava, para aquele enviava email etc... Isso tudo era muito chato, afinal ter que perguntar a cada um o que fez na noite passada não é fácil. Pior quando as pessoas mentiam sobre o que ele tinha ou não feito, ai ficava realmente chato, pois dificultava a descoberta. Nesse dia era bom esquecer de papo com ele, pois se tornava ranzinza, um chato. As crianças da rua jogavam bola em frente a sua casa e ele dizia : “sai daí caramba, ta incomodando.” O amigo buzinava para cumprimentar e ele dizia : “pô cara, to cansado. Desconfia não?”, se no filme ocorresse  uma cena sem lógica ele dizia: “ô filme idiota, vô até parar de ver”, se dá muita propaganda reclamava que parava de mais, se não da nenhuma diz que não dava nem pra ir no banheiro que perde cena, nesse dia tudo é incômodo. De resto fazia suas tarefas de casa por pura obrigação, voltando ao seu normal sóbrio no outro dia, um sujeito agradável. Certo dia decidiu começar a ler.

 

Isso o levou a participar de movimento estudantil e foi sua primeira vez em um congresso nacional. Era legal, muito gente interessante, cheia de conhecimento e sempre animados, mas também bota chatisse nesse congresso. Depois de algumas horas era cansativo ver tanta gente, fala de cá, fala de la, pisa no pé aqui, perde da galera num canto e acha em outro, eita lugar chato. Nessa hora não esperava a hora de beber. Chegava no bar rolava conversa de política, música e tudo quanto é assunto, mais cadê o garçom? Achou realmente um péssimo bar, mas enfim chegou o garçom com sua porção. Depois de algumas horas bateu o sono e queria ir embora, mas tinha que esperar a galera, ô coisa chata ter de ouvir aquela conversa e esperar para ir embora. Também teve algo ruim na hora de dormir, a galera não parava de conversar. Chegou o fim do congresso e o ônibus para ir embora demorava a chegar, e quando chegou estava  chovendo, essa viagem de volta foi realmente ruim. Chegando em casa foi dormir e acordou de bem com a vida.

 

Tudo parecia bom e foi se encontrar com uns amigos para se divertir e foi legal, tirando algumas poucas conversas chatas sobre religião. Dentre um de seus amigos existe um adepto da cultura Hippie e é realmente incômodo ver aqueles cabelos diferentes. Enfim, viveu seus dias normais até que recebeu uma surpresa.

 

Uma de suas “ficantes” mais recentes descobriu que estava grávida e ele era o pai, teve um filho indesejado.  Aí então apareceram outros incômodos, o gasto aumentou, as saídas a noite pararam e o pior é que teve de ir morar junto com a moça. Ela tinha certos hábitos realmente irritantes como colocar as coisas em lugares diferentes do de costume, uma pessoa realmente bagunceira. Também dormia mexendo de mais, isso o incomodava a dormir, além dos enjôos matinais. Certo dia o pai da moça disse: “ou você casa, ou eu te mato” e casou, sendo que a partir daí sustentava a família sozinho, sem ajuda dos pais.

 

Todo o processo de procurar emprego foi cansativo, e quando conseguiu havia um sujeito da paz, que dizia ser possível fazer as coisas sem violência, outro que tentava fazer as coisas até conseguir e outro que nunca concordava com suas opiniões políticas. Todos eram chatos, pois nunca o ouviam quando dizia que era impossível um mundo de paz, quando era a hora para desistir de alguma coisa, ou que certas ações políticas são positivas, que tal candidato era bom e etc... Viveu assim até que certo dia, sempre xingando e gritando para conseguir as coisas certas e bem feitas topou com alguém parecido no trânsito e teve de ir ao hospital, pois foi ferido por uma bala. Quando voltou recuperado parou de repreender e passou a compreender.

 

Passou a perceber que não é chato aquele sujeito que discorda ou pensa diferente, aquele que tem um jeito diferente ser, outro que organiza os locais de forma diferente ou o que fala de experiências diferentes com outro visão e principalmente que o que considera certo pode não ser o certo para o outro e isso há de respeitar e chegar a uma nova síntese passando a se perguntar : “afinal de contas o que é ser “chato”?

 

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

 Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação: No servidor antigo foi postado no dia 06/01/2014 as 20:01. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:

 

  1. Alteração da palavra “chingando” no seguinte trecho “Viveu assim até que certo dia, sempre chingando e gritando para conseguir as coisas certas e bem feitas topou com alguém parecido no trânsito e teve de ir ao hospital, pois foi ferido por uma bala.” para “xingando”.

 



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