Por Sonia Montenegro, amiga do Facebook
Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, em entrevista ao programa É Notícia da Rede TV, ao jornalista Kennedy Alencar, em 13/1/2013
Renato Meirelles é publicitário e sócio-diretor do Data Popular, instituto de pesquisas voltado para as classes C, D e E, explica o que é a nova classe média e destaca a mudança do papel das mulheres brasileiras na economia.
Pontos que eu destaquei: Segundo Meirelles, quase a metade da elite brasileira é emergente.
A renda per capta da classe média vai de R$ 291,00 a R$ 1019,00 por pessoa, apurado estatisticamente e o critério não é brasileiro, mas mundial.
A nossa classe média é 52% mais rica do que a da população mundial. Se comparar com os EUA, a nossa classe média é baixa, mas comparando com o resto do mundo, é alta.
Apenas 0,3% da população tem renda per capta acima de R$ 10 mil, o que mostra o quanto a renda é mal distribuída no Brasil.
Nos últimos 10 anos, a pirâmide social se transformou num losango, com o aumento da classe média, com 41 milhões de pessoas beneficiadas, comprovando a redução das desigualdades.
80% dos beneficiados são negros e quase 40% nordestinos.
O Brasil cresceu com o aumento da renda de quem antes, ganhava menos: os negros, as mulheres e os nordestinos.
Nos últimos 10 anos, os 10% mais ricos da população cresceram em ritmo alemão, enquanto os 10% mais pobres, em ritmo chinês, comprovando a distribuição de renda.
A importância da estabilização da moeda em 1994, acabou com a inflação desenfreada, que punia os mais pobres, mas o que mudou nos últimos 10 anos foi a distribuição de renda, que se deu por:
1. Aumento do emprego formal
2. Aumento do Salário mínimo, que passou a ser política de Estado (no último ano, o aumento do salário mínimo colocou uma Bolívia na economia brasileira).
3. Aumento do nível educacional (nos últimos 10 anos, o Brasil tem a mais, 3 milhões de brasileiros cursando o ensino superior. Cada ano de ensino, significa um aumento de 15% de ganho no salário das pessoas)
O papel do Bolsa Família foi o de tirar as pessoas da classe vulnerável. Quem está no BF não é da classe C, estão na base da economia. Olhando puramente do ponto de vista econômico o que acontece? As pessoas vão gastar o dinheiro no pequeno varejo do bairro, cujo dono é da classe C e que, vendendo mais, compra mais da indústria, contrata mais e gera mais emprego, formando um círculo virtuoso na economia que vem da base para o topo.
Diversificação do consumo da nova classe média: há 10 anos, ela consumia 27 categorias de produtos, hoje consome 41, mas a maior revolução foi o consumo de serviços. Há 10 anos, a cada R$ 100,00, só R$ 49,00 eram gastos em serviços, hoje R$ 65,00, tais como: computador, banda larga, serviços de educação, beleza e turismo. No ano passado, 7,5 milhões de pessoas viajaram de avião pela 1ª vez.
A antiga classe média, que na verdade é alta, reage muito mal à nova classe média, mas ou vai se acostumar ou vai ter que mudar de país, porque essa realidade veio pra ficar.
Sobre o fato de dizerem que a nova classe média está muito endividada:
Parte da dívida foi de melhoria do padrão de vida, troca de aluguel por casa própria, compra de carro, moto, máquina de lavar roupa, gastos de investimento, etc. Dos endividados, 70% acham que dão conta de pagar a dívida. Nenhuma economia do mundo cresceu sem oferecer crédito à população.
O histórico dos últimos 10 anos de inadimplência tem picos e quedas. Isso se deve ao fato da correção dos rumos do consumismo: aumenta o nível de endividamento e depois se retrai para pagar a dívida. A economia está custando a se recuperar porque o brasileiro está pensando mais antes de se endividar, mas o ano de 2013 vai ser muito melhor do que o de 2012.
A cabeça do jovem da nova classe média:
São os responsáveis pela maior mudança da forma de pensar dessa nova classe média. Muito diferente do jovem da elite porque trabalha desde cedo, mas muito diferente dos pais, por ter estudado mais. Na elite, só 20% dos jovens estudaram mais que os seus pais, já na nova classe média, chega a quase 50%. Eles acabam influenciando na forma de pensar da família, sendo o novo formador de opinião da classe.
É pragmático, não ideologizado, mas entende o valor do voto. É mais exigente e tem consciência de que pode usar o voto para exigir do poder público serviços de qualidade. Já foi o tempo em que a dentadura e a cesta básica serviam para agradar esse consumidor. Ele quer plano de banda larga, Prouni, e muda o jeito de ver a democracia no Brasil.
A mulher da nova classe média estuda mais do que o homem, e assume importância relevante.
A nova classe média funciona na base da reciprocidade, não apenas por generosidade, mas também por necessidade. Sabem o que lhes dá retorno e que as propagandas de TV só estão sendo exibidas porque são pagas. Ficou mais difícil enganá-los.
Uma minoria tem pensamentos ideológicos, mas a maioria tem um pensamento conservador, não no sentido usual, mas de preservar o que está dando certo e que portanto, pode confiar. Seu pragmatismo lhe dá meios de entender quem pode lhes atender.
Tem espaço para o PSDB na nova classe média? Tem, mas vai ter que mudar de discurso menos acadêmico, menos pomposo e um discurso de governo de resultados.
Últimas disputas: legado do controle da inflação x legado da distribuição de renda e consumo. Os eleitores mais novos não viveram a época da inflação desenfreada, o que favoreceu o PT. O próximo legado deverá ser a democratização da informação e internet e acesso a curso superior, legado que afeta toda a família.
3 milhões a mais de universitários no último ano, sendo 1/3 do Prouni, que é valorizado porque não ganha a bolsa por indicação, mas por mérito no desempenho escolar.
A propalada piora no ensino vem da massificação, mas é inegável que o Brasil melhorou muito no campo educacional.
Há 20 anos, o cidadão saia da universidade e o seu sonho era entrar numa empresa e se aposentar nela, Há 10 anos, 55% saem querendo abrir o próprio negócio. Ser empreendedor, mais otimista, mais ousado. Há 4 anos o Brasil é o país mais otimista do mundo.
O empreendedorismo nos levará daqui em diante. Daqui a 20 anos seremos um país com muitas micro e pequenas empresas, gerando a maior parte dos empregos.
44% da nova classe A e B é formada de pessoas cujos pais não pertenciam a essas classes, mas mantêm os valores da classe de origem e isso vai mudar o jeito de pensar da elite. Metade dessa elite cresceu por mérito próprio e pensa bem diferente da elite aristocrata, da qual boa parte faliu. A nova elite se vê como classe C e tem orgulho da sua origem, diferente do novo rico do passado, que tinha vergonha de dizer de onde veio.
Lula: a pessoa com maior sensibilidade social do Brasil.
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