Dê 50 coisas para uma pessoa fazer ao mesmo tempo, e ela não conseguirá fazer nenhuma. Dê uma coisa de cada vez, e ela conseguirá fazer as 50 coisas, uma a uma, ao longo do tempo.
Aponte para tudo quanto é lado, que não se chega a lugar nenhum.
A CPI tem 180 dias e a oposição, com ajuda dos amigos da revista Veja, Miro Teireixa (PDT-RJ), Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), querem impedir o começo pelo início.
Querem relaxar na investigação do núcleo duro da organização de Cachoeira, para desviar o foco na direção lateral do esquema, sem destrinchá-lo.
O motivo é criar confusão, bagunçando a ordem da investigação, para tirar seu governador tucano Marconi Perillo (GO), do primeiro lugar na fila de candidatos à guilhotina.
Com a ajuda da velha imprensa, pretendem nivelar outros governadores a Marconi para, com isso, salvá-lo em um grande acordão final. É a estratégia de jogar fermento para fazer a massa da pizza crescer. É o mesmo que fizeram na CPI do Banestado para que a Privataria Tucana não ficasse conhecida já em 2004.
O relator Odair Cunha, a duras penas, conseguiu manter o caminho até agora, para não perder o rumo. A CPI quebrou 33 sigilos bancários de pessoas físicas e empresas do núcleo duro de Carlinhos Cachoeira. É material de sobra para fazer um trabalho sério neste início, para seguir o caminho do dinheiro sujo da organização criminosa.
Seguindo o dinheiro, chegará a outros nomes, outras empresas, outros políticos mais discretos no telefone, e , supostamente, ao envolvimento da matriz da Delta.
Por isso não cabe falar em investigação seletiva, cabe falar em começar pelo começo, e não perder o rumo.
Que sentido tem desviar, agora no início, o foco do núcleo duro da organização de Cachoeira, para a atuação da empreiteira Delta em 23 estados? Que sentido tem quebrar centenas de sigilos bancários “no chute”, sem ter a rota do dinheiro sujo?
Alguém acha que a matriz da Delta (como qualquer outra grande empreiteira), uma S/A com faturamento de bilhões em obras públicas, vidraça para TCU, Ministério Público, Polícia Federal, etc, passará por suas contas bancárias oficiais, por sua contabilidade, um cheque a alguma autoridade escrito “referente à propina da obra tal”?
É óbvio que grandes empreiteiras que fazem maracutaias usam redes de empresas, disfarçadas de fornecedores ou prestadores de serviços. Ou seja, usam gente como Cláudio Abreu para negociar com Cachoeira, e as negociatas não aparecerem nas contas da matriz. Pois a Operação Monte Carlo já localizou esse foco, e a oposição na CPI quer fugir dele, andando em círculo?
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