Do Blog Fatos Novos, Novas Ideias
Em novembro do ano passado, com absoluta exclusividade, este blog informou que a presidente Dilma tinha interesse em nacionalizar o Banco Santander que, dez anos antes, havia adquirido o Banespa.
Ela não pretendia, entretanto, que a operação se desse através da simples compra do banco espanhol pelo Banco do Brasil. A idéia era evitar o gigantismo do banco estatal brasileiro, bem como ampliar as alternativas do Mercado.
Aliás, no dia 22 de novembro do ano passado, a presidenta recebeu no Planalto ao presidente mundial do Santander, Emílio Botin. Foi o início das negociações.
Pelo esquema original, o governo daria cobertura via BB, Caixa Econômica ou BNDES, para que um grupo nacional adquirisse o Santander. Desde então as negocias não foram interrompidas até que, na semana passada, correu a notícia de que o BRADESCO havia fechado o negócio com o Santander.
Do ponto de vista ideológico e íntimo, Dilma moveu-se em razão destes dois motivos: fortalecer (este é o primeiro ponto) o Estado Brasileiro diante da evidente queda de braço que ela está movendo contra o Capital Financeiro em tordo dos juros e da questão cambial.
Em segundo lugar, contou o desejo íntimo e nacionalista de resgatar o velho e tradicional BANESPA, o que, por acréscimo, representa uma alfineta nos tucanos, com sua eterna mania de privatizar tudo, a começar pelos bancos.
Os Fatos
Até a semana passada o Mercado especulava que o Bradesco estava próximo de fechar a compra das operações do Santander no Brasil. O negócio para o banco espanhol, que já se desfez de operações no Chile e na Colômbia, passou a ser imperativo em razão do agravamento da crise bancária na Espanha, que tem exigido novos aportes de capital para fazer frente ao aumento da inadimplência.
No domingo, entretanto, os bancos negaram a operação. Se confirmado, o negócio catapultaria o Bradesco da terceira para a primeira posição no ranking dos maiores bancos de varejo do Brasil, ultrapassando de uma só vez o Itaú Unibanco e o Banco do Brasil.
Pelos números de março, Bradesco e Santander, juntos, somariam R$ 1,2 trilhão em ativos e R$ 108,4 bilhões em patrimônio líquido, contra R$ 896,8 bilhões e R$ 72,5 bilhões, respectivamente, do Itaú Unibanco. Já o BB fechou seu balanço no primeiro trimestre com R$ 1 trilhão em ativos (por ora, é a única instituição latino-americana a atingir essa marca) e R$ 60 bilhões de patrimônio líquido.
O interesse do Santander
O negócio ajudaria a capitalizar a matriz, mas o os controladores do Santander dizem que, a principio, não tem intenção de deixar completamente suas operações no Brasil, que hoje respondem por mais de 30% do resultado global do grupo.
A primeira informação que circulou no mercado dava conta do interesse do Santander de abrir mão de uma fatia entre 30% e 40% do seu capital no Brasil. Considerando as estimativas feitas por alguns executivos sobre o valor do banco (entre R$ 100 bilhões e R$ 160 bilhões, neste caso incluindo o ágio pago na aquisição do antigo ABN Amro/Real), a transação poderia chegar a R$ 64 bilhões.
O Banco do Brasil (apesar das restrições da presidente Dilma) estava e está entre os principais interessados em adquirir parte da instituição espanhola. Mas as conversas esbarram na falta de acordo sobre preço.
Por seu lado, o Bradesco e o Santander iniciaram negociações há pouco menos de oito meses, mas as conversas ganharam velocidade nos últimos dois meses. Uma das propostas era a troca de ações entre os bancos, que asseguraria ao Santander a liquidez necessária para capitalizar sua operação na matriz.
Se confirmado, o negócio ainda teria que ser aprovado pelo Governo. Comunicado sobre as negociações, o Planalto manifestou, de início, preocupação com o aumento de concentração de mercado. Na verdade, Dilma prefere a criação de um novo banco. Mas o Banco Central manifestou a alguns interlocutores o receio de que as dificuldades enfrentadas pelo Santander na Espanha possam contaminar as operações no Brasil. Por isso, não colocaria obstáculos a um eventual acordo.
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