Publicado no Brasil Atual,
Quando o Tribunal Federal Suíço autorizou a divulgação da documentação do caso ISL/Fifa, onde aparecem as propinas pagas a Ricardo Teixeira e João Havelange, exigiu que todos os nomes dos não acusados fossem trocados por códigos. Assim, o documento divulgado pela promotoria usa codinomes para empresas e pessoas que aparecem apenas citadas, mas não foram acusadas no processo.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, concedeu entrevista e disse que o “P1″ era ele, e não via necessidade nenhuma de ver seu nome e de outros trocados por códigos, até porque não era acusado e qualquer um deduz que P1 era ele, pelo contexto em que é citado, como presidente da Fifa e sucessor de Havelange.
A Globo e a Globosat são citada como “Company 2″ e “Company 3″, o que também é fácil de deduzir pelo contexto, citadas como detentoras dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 e 2006 para o Brasil.
No entanto a TV Globo se sentiu envergonhada e fugiu de se identificar quando deu a notícia em seus noticiários.
Na versão dos telejornais da emissora, Ricardo Teixeira e João Havelange apenas receberam “comissões” do grupo ISL, e responderam por gestão fraudulenta. Esconderam do telespectador o motivo da propina: a venda dos direitos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2002 e 2006 para TV’s. E no Brasil todo mundo sabe que a compradora foi a Globo para a TV aberta, e a Globosat para TV por assinatura.
Ora, se a Globo não é acusada, pois oficialmente apenas pagou à ISL, e foi esta quem pagou a propina a Teixeira e Havelange, a emissora deveria noticiar de forma indignada, pois teria sido vítima ao comprar os direitos de transmissão com a propina embutida no preço. Se preferiu esconder essa parte da notícia do telespectador, é porque talvez não se sinta exatamente como vítima, e talvez Teixeira e Havelange, se atacados, pudessem vir a revelar segredos que trouxessem embaraços à emissora.
Outro trecho do relatório do promotor suíço, ajuda a entender o motivo para a Globo preferir se manter oculta na notícia, pois diz que Ricardo Teixeira, como presidente da CBF, exercia influência no contrato de licenciamento para o Brasil.
A Fifa publicou a íntegra do documento em seu site. Até o momento em que esta nota foi escrita, foi possível constatar se o link para o documento foi divulgado nos portais da Globo, com as devidas identificações.
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