Por Altamiro Borges
O Portal Imprensa acaba de informar que a Veja “decidiu não divulgar o áudio da entrevista com Marcos Valério”. Segundo a repórter Jéssica Oliveira, “a matéria de capa da edição 2287 sobre as declarações de Marcos Valério acerca dos envolvidos no mensalão gerou duras críticas à publicação. Na sequência, ganhou repercussão nacional quando a revista primeiramente negou e depois garantiu ter falado diretamente com o réu para construir a reportagem”. Agora, porém, a Veja teria desistido de publicar a tal entrevista!
Motivo de chacota?
A notícia, confirmada pelo próprio Ricardo Noblat, segundo o portal, deve ter desagradado o blogueiro da Globo. Ele apostou todas as fichas na divulgação do áudio, que acusaria Lula de ser “o chefe do mensalão”. Mas, agora, ele pode ficar pendurado na broxa, sendo motivo de chacota. Na noite de ontem, o blogueiro da famiglia Marinho até insinuou que o gato havia subido no telhado. Ele informou que “a direção da Veja está reunida para decidir se divulga ainda hoje em seu site a gravação da entrevista feita com Marcos Valério”.
Noblat jura que o áudio existe. “Foi na semana passada, em Belo Horizonte, que a Veja entrevistou Valério. E gravou a entrevista”. Ela só não foi publicada devido à discordância de Marcelo Leonardo, advogado do publicitário. De tão convicto, o jornalista da Globo até contesta o próprio diretor da Veja, Eurípedes Alcântara, que garantiu na sua “carta ao leitor” – equivalente ao editorial da publicação – que “Valério não quis dar entrevista sobre as acusações diretas do envolvimento de Lula que ele vem fazendo”.
O pensamento do seu avô
Noblat é um profissional tarimbado. No livro “O que é ser jornalista”, ele mesmo relata várias patifarias cometidas por barões da mídia – e inclusive dá nomes aos bois. Interesses comerciais, partidarização, golpes rasteiros e manipulações fariam parte do cotidiano das redações, garante. Ele também assume que já aprontou das suas na profissão, mas por motivos nobres (Noblat, em latim, significa nobre). “Lamento informar, mas já inventei. E mais de uma vez. Se quiser substituir ‘invenção’ por mentira, faça-o”, escreve no livro.
Será que estaria inventando, “mentindo”, também agora no caso da entrevista não publicada de Marcos Valério? Não dá para saber. O certo é que a revista Veja já mentiu várias vezes – como no caso dos “dólares das Farc” ou do avião de Cuba. A publicação fascistóide já chegou a acionar um repórter-bandido para invadir um apartamento utilizado pelo ex-ministro José Dirceu. Ela também se aliou ao crime organizado, à máfia de Carlinhos Cachoeira, para produzir as suas “reporcagens” com interesses comerciais e políticos.
Por que Noblat bota tanta fé nesta publicação tão decadente? Em seu livro, o blogueiro da Globo cita um rico ensinamento do seu avô: “Só existem dois tipos de jornalistas: o venal e o honesto. O venal fica rico. O honesto vive sendo demitido e morre pobre”. Será que este pensamento não atormenta a sua consciência?
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