Do 247
O artigo 52 da Constitução Federal diz que compete privativamente ao Senado Federal “processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade”.
Este artigo está nas mãos do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB/AL), que tem um alvo claro e definido na CPI do Cachoeira: o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Collor, que, vinte anos atrás, sofreu seu próprio processo de impeachment, sendo apeado da presidência da República, quer agora que o procurador experimente do mesmo veneno. Seu crime teria sido a prevaricação na Operação Vegas, ao engavetar as investigações da Polícia Federal contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO).
Habilmente, Collor conseguiu extrair a acusação do próprio Demóstenes, na última terça-feira, quando o senador goiano depôs na Comissão de Ética do Senado Federal. “Ele prevaricou”, disse Demóstenes, ao se referir a Gurgel. De acordo com o parlamentar goiano, que é também procurador, Gurgel teria apenas três alternativas: investigar Demóstenes (o desejo de Collor), arquivar o caso (o desejo de Demóstenes) ou iniciar uma ação controlada, para dar seguimento às investigações (o que Gurgel também não fez). Simplesmente engavetar é algo que foge à alçada de um procurador-geral da República.
Resgate de imagem
Como um dos senadores mais atuantes da CPI do Cachoeira, Collor tem conseguido resgatar sua imagem junto a parte do eleitorado. Com a experiência de ex-presidente e o talento de bom orador, ele tem surpreendido colegas e também cidadãos atentos aos rumos da CPI.
Em 1992, quando sofreu seu processo de impeachment, ele era acusado de se beneficiar do esquema do tesoureiro Paulo César Farias. Collor derrotou Lula numa eleição disputadíssima em 1989, em que empresários despejaram caminhões de dinheiro em sua campanha. As sobras, administradas por PC, seriam da ordem US$ 45 milhões – depois da morte do tesoureiro, nunca mais se soube do dinheiro.
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