A Comissão de Legislação Participativa da Câmara recebeu, na manhã desta quinta-feira (11/05), o presidente dos Correios, Guilherme Campos, e representantes de diversas entidades sindicais dos empregados da empresa. O objetivo do encontro foi a busca de uma solução para a grave crise enfrentada pela ECT, com possibilidade de demissão de funcionários e fechamento de agências.
Os trabalhadores dos Correios encerraram uma grave de 12 dias na última terça-feira. O motivo do movimento, além da ameaça de demissões e fechamento de agências, foi o anúncio de suspensão das férias e do plano de saúde dos empregados. O presidente Guilherme Campos explicou que as medidas são provisórias e vêm da necessidade de a empresa fazer caixa. Dados apontam um prejuízo da ordem de R$ 4 bilhões nos últimos dois anos. Boa parte desse déficit, cerca de 65%, viria da folha de pagamento de pessoal.
Já os representantes dos trabalhadores alegam que os dados são unilaterais, apurados somente pela ECT e sem transparência. Além disso, esses cálculos não levariam em conta repasses ao governo a patrocínios, em detrimento de investimentos na própria empresa. Rubens Suelon, presidente do Sintect de Minas Gerais, afirmou na audiência que “a culpa pelos prejuízos da empresa não pode recair somente no ombro dos trabalhadores”, que, na verdade, são os responsáveis pela reputação da ECT, sempre apontada e premiada como uma das empresas mais confiáveis do Brasil.
Todos concordam que é preciso haver uma mudança na ECT, em razão de os serviços postais terem se modificado de forma radical nas últimas décadas com a inovação tecnológica, principalmente com a chegada da internet, que alterou completamente a forma de as pessoas se comunicarem no mundo todo. O dep. Chico Lopes (PCdoB/CE) defendeu durante o encontro que é preciso retomar os investimentos na ECT, para que a empresa se torne lucrativa, com a busca de inovações. Ainda segundo o parlamentar, é necessário achar uma saída para crise que não “seja entregar o patrimônio do povo brasileiro”.
Para o dep. Leonardo Monteiro (PT/MG), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios e responsável pelo requerimento para que a audiência acontecesse, é importante a realização de iniciativas como essa da CLP, a fim de reunir todos os envolvidos com o dia a dia da ECT, num diálogo amigável, em busca de uma solução para a grave crise enfrentada pela empresa. O deputado defende que não haja fechamento de agências, uma vez que a ECT tem grande relevância do ponto de vista social, além de ser símbolo da integração nacional, com 354 anos de serviços prestados à nação. “Nós temos alguns municípios no Brasil em que a presença do Estado se faz exclusivamente pela presença dos Correios”, concluiu o parlamentar de Minas Gerais.