"O Parque Olímpico do Rio de Janeiro não é um largado olímpico, mas um legado olímpico." Foi assim que o presidente da Autoridade de Governança do Legado Olímpico, Paulo Mello, resumiu a situação atual das arenas construídas para os Jogos Rio 2016. No entanto, os deputados olharam com cautela essa avaliação.
Mello participou, via videoconferência, de audiência pública para debater o legado do evento para o Brasil, realizada nesta quarta-feira (7) pelas comissões do Esporte; e de Legislação Participativa, da Câmara dos Deputados.
E apresentou aos deputados a situação de cada arena e as atividades que estão sendo desenvolvidas, que envolvem desde o esporte de base até o de alto rendimento, além de feiras e eventos culturais.
Tem que avançar
A deputada Flávia Morais (PDT-GO) é mais cautelosa na avaliação: "Não está tão ruim como tem sido colocado mas também tem que avançar. Está no caminho, sabemos das dificuldades, leva um certo tempo pra estabelecer o direcionamento das obras, da infraestrutura”.
“Estamos vendo comprometimento muito grande por parte do ministério, do município do Rio, a gente tem visto que estão acompanhando, estão cientes, não está abandonado como dizem, mas é preciso ideias, criatividade, sabendo a dificuldade e o desafio que é o financiamento, o custo desse legado, e é preciso que seja aproveitado de forma inteligente", acrescentou.
Despesas de manutenção
A preocupação maior do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE) é com as despesas de manutenção. Segundo ele, os parques da Barra e de Deodoro custam R$ 80 milhões por ano ao governo federal. E o desafio agora é encontrar alternativas para tirar esse peso das costas da sociedade, como a realização de eventos esportivos, sociais e culturais.
"São dois legados: um da infraestrutura, esse a cidade vem usufruindo e foi um ganho real pra cidade do Rio de Janeiro. Outro é da estrutura esportiva”, ressaltou. “Esse é o grande problema, porque, como foi deixado até de forma muito clara aqui, muitas das arenas não foram pensadas pós-olimpíadas e elas não têm efetivamente um uso, um destino. Está se buscando isso, trazer evento, trazer algo para dar vida àquilo ali e a um custo muito alto."
Sem demanda
O deputado reconheceu os esforços da Autoridade de Governança para dar vida às arenas olímpicas, mas apoiou a crítica do presidente da GL Events, Arthur Repsold, em relação às escolhas da entidade.
A empresa foi convidada a apresentar proposta de parceria-público-privada para gerir o Parque Olímpico, mas desistiu frente a todas as obrigações impostas pelo Rio de Janeiro.
Para o empresário, o Rio não tem demanda para mais uma grande arena de eventos, como é a Arena 1 do parque da Barra, e, ao oferecer esse espaço gratuitamente a eventos internacionais, o Estado promove uma competição prejudicial para a iniciativa privada.
Ausência do COB
Os deputados também criticaram a ausência no encontro de representante do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que foi convidado para dar explicações sobre o Parque Aquático Maria Lenk.
Edição – Newton Araújo