Veja? Ou melhor Reveja!
14 de Novembro de 2012, 17:01 - sem comentários ainda
O furor
de hoje na internet é causado pelo texto “Parada gay, cabra e espinafre” do escritor J.R. Guzzo. E qual ao texto que o senhor Ramalhete escreveu,
há um tempo atrás, na Gazeta do Povo, é recheado de ódio maquiado e inverdades, e por isso vejo a necessidade de me manifestar.
E o
manifesto aqui não é apenas em repúdio a forma como os gays e a militância
homossexual é tratada, mas a grandessíssima vergonha da “nossa” mídia nacional,
que renega milhares de estudos científicos sobre os temas e publica diariamente
falácias, o que “é um risco”, como disse Gunter Zibell “se pensamos que não
se trata apenas de mais um blog fundamentalista, mas de uma mídia que é lida
por estimados 4 milhões de pessoas”.
Durante todo o texto o autor mostra a desqualificação em
debater o tema que se propõe. Começo dizendo que acredito que alguém que se decide escrever um texto para uma revista de circulação nacional deveria ter
o mínimo de cuidado, ou inteligência, de utilizar as terminologias corretas. O
autor usa 8 vezes a palavra “homossexualismo” quando deveria utilizar “homossexualidade”,
termo que internacionalmente foi alterado pela ONU em 1990 e no Brasil está em
vigência desde 1999.
Erro que continua quando critica “o infeliz ‘kit gay’ (... que sugeria...)
aos estudantes que a atração afetiva por pessoas do mesmo sexo é a coisa mais
natural do mundo”, já que os estudos na área dizem que “a orientação sexual é biológica por natureza”,
ou seja, é sim “natural”. E perpetuar o pensamento de que a homosexualidade é resultado
de dinâmicas familiares problemáticas ou desenvolvimento psicológico faltoso, são
ideias consideradas como baseadas em desinformação e preconceito.
Ao dizer que “Para a maioria das famílias brasileiras, ter
filhos ou filhas gay é um desastre” mostra total desconhecimento de projetos
como o Mães pela igualdade, que reúne mães de várias partes do
Brasil na campanha contra a discriminação, a violência e a homofobia.
E como analisar a sua explicação de que a militância gay não
existe? Quando diz que o movimento é feito de indivíduos que tem pensamentos
diferentes e por isso não poderiam estar organizados, desqualifica todas as
organizações formais como sindicatos, partidos, ONGs e demais entidade que são
formadas por indivíduos de pensamento plural, mas unidos por um ideal comum e
que justamente por isso são tratados “como um bloco só”.
Outro erro grave é negar a violência aos homossexuais, presente
no Brasil e no Mundo, como mostram os dados do Relatório sobre a Violência Homofóbicano Brasil da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. E desqualificar a lutapela Criminalização da Homofobia é o mesmo que desqualificar a Lei contra o
Racismo e a Lei Maria da Penha que defende as mulheres da violência doméstica.
E por último porque não falar sobre os exemplos absurdos e de
mau gosto utilizados? Não, não... acho que já não se faz necessário, como ele
mesmo diz “Perder o essencial de vista, e iludir-se com o secundário, raramente
é uma boa ideia”.