Neymar é considerado pela imprensa do futebol como o simbolo da copa e a chamada esperança e renovação no futebol brasileiro, tanto que os números da transação de sua venda entre Santos e Barcelona beiram algo em torno de 105 milhões de reais. A conta bancaria só engorda, a revista Forbes considerou o jogador como uma das revelações em novos investimentos.
Como todo ativista estou acompanhando os chamados protestos contra os reajustes das tarifas dos transportes públicos, principalmente, em São Paulo.
Hoje, assistindo ao jornal local da TV Liberal, afiliada ao maior canal conservador - Rede Globo de Televisão, o reporter ao entrevistar uma manifestante (com sua primeira passeada e mobilizada pelos amigos do facebook), afirmava a mesma que: "tem dinheiro pra copa, mas não tem para saúde e educação".
Lembrei-me de uma grande passeata nos meus tempos de estudantes da UFPa e sindicalista da categoria de informática (1988) quando protestávamos contra a constituinte, meu velho pai, militante dos velhos e bons tempos do PTB/Jango (ele que participou da campanha o petróleo é nosso), repreendeu-me pela radicalidade de ser contra a constituinte, afirmava que nós estávamos completamente errados, pois a geração deles lutou por uma constituinte, portanto, nosso foco dos protestos estava equivocado.
A estudante que participou de sua primeira passeata protestando contra a COPA, me instiga a dialogar com os números que disponho através do governo (SIAFI - Sistema Integrado de Administração Financeira), onde tenho orgulho do mesmo ter sido gestado na empresa que trabalho - SERPRO, maior empresa de tecnologia da informação da América Latina.
Vamos aos números:
Orçamento da União para saúde: 79.331 bilhões, ano base/2013;
Orçamento para educação: 38.093 bilhões;
COPA DO MUNDO NO BRASIL: 26.621 bilhões, desde a escolha do Brasil como sede até sua realização em 2014. Média, portanto, 4 bilhões/ano;
Importante: destes quase 27 bilhões, a maior rúbrica, 8.6 bilhões estão destinados a projeto de mobilidade urbana, ou seja, a razão dos protestos em São Paulo e, posso inferir, razão para a estudante que foi participar de sua primeira passeata no dia de ontem (17/06), no movimento intitulado #BelemLivre. Seria, então, a necessidade de investimentos em uma nova política de mobilidade urbana nas grandes cidades urbanas brasileiras, conforme ouvi da lider do movimento Passe Livre, no programa Roda Viva da TVBrasil?
Continuando com os números da COPA do Mundo no Brasil em 2014, 6.8 bilhões são para melhorar os aeroportos da cidades-sedes e há ainda investimentos em segurança, portos, telecomunicações e turismo. Gostemos ou não essas áreas tem gerados empregos. Mesmo com a privatização de algusna eroportos quantos concursos foram realizados na INFRAERO? Nossa estudante, em seu primeiro protesto, é correto protestar contra a geração de empregos que só foi possível pela realização da COPA? Ou seria fundamental que os protestos sejam afirmativos pra que esses trabalhadores empregados possam dispor em sua cidade de uma mobilidade urbana condizente?
Voltando aos números, há, contudo, 7 bilhões destinados a construção e reformas de estadios (menos de 10% em relação ao orçamento da saúde em um único ano). Acho qque a nossa estudante empolgada com sua primeira passeata não foi informada por sua lideranças a razão exata de estar protestando?
Perguntaria, EU a nossa estudante: vale a pena gastar esse recurso para sediar um evento como a copa do mundo? Não há retornos econômicos, fiscais, geração de emprego, ampliação do turismo internacional gerando divisas ao nosso país?
Considero os verdadeiros protestos a causa nobre, mas há uma confusão em confundir os investimentos para a Copa do Mundo (os números oficiais mostram que não tem nada a ver com os investimentos em educação e saúde), com o projeto e as necessidades de investimento no desenvolvimento global do país. Afirmo isso, por quê não gostaria que os jovens que se deslocam para as manifestações possam servir de buchão de canhão para lideranças demagogicas e oportunistas, como o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodriguês (PSOL/Pa), que em 8 anos de governo na cidade de Belém não implantou a tarifa zero, não extendeu a meia passagem aos estudantes dos cursinhos de vestibulares, além de ter sido mediocre em termos de política de mobilidade urbana.
Dizer que a COPA do Mundo é a razão dos nossos problemas de investimentos, que áreas como saúde, educação, segurança foram preteridas em investimentos, nos parecem que os números do SIAFI indicam que a estudante de primeira manifestação está equivocada e, infelizmente! servindo de masa de manobra.
Depois continuaremos esse debate em nova postagem...
ACarlosMelo
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