POR FERNANDO BRITO

Na oca entrevista de Michel Temer, Renan Calheiros e Rodrigo Maia – que, como se afirmou aqui, disse que “não existia” a anistia ao Caixa 2 – a notícia saiu lá no fim ,na ultima pergunta, quando o usurpador-presidente disse que recuperação da economia “só lá pelo segundo semestre do ano que vem”.
Recordar é viver:
- Logo que se desenhou o impeachment de Dilma Rousseff, os “especialistas do mercado” falavam um “enxurrada” de capitais estrangeiros no Brasil. Que, afinal, ninguém sabe ninguém viu.
- Como não aconteceu, passou-se a dizer que os “investidores” esperavam a votação pelo Senado, que garantiria a “estabilidade” de um governo que era interino (aliás, descarada mentira de Temer de que, enquanto interino, não poderia fazer propostas mais profundas: fez a PEC 241, com cortes para 20 anos, ou seja, para obrigar a nada menos que outros quatro presidentes)
- como não veio, de novo, a bonança na economia, o discurso passou a ser de que seria o último trimestre de 2016 o tempo da redenção econômica.
- Nas últimas semanas, passou-se a dar o ano como perdido e transferiu-se o milagre dos resultados dos cortes para o início de 2017.
Hoje, na “rapa do tacho” de sua entrevista, Michel Temer admitiu que “só no segundo semestre do ano que vem” choverá prosperidade das nuvens do “corta-certa”.
Discursinho hipócrita dos neoliberais desde que o mundo é mundo (lembram do “preciso fazer o bolo crescer para depois dividir”?) , exatamente o que fazia Joaquim Levy durante o longo ano em que foi nos afundando na recessão.
Foi o único momento de sinceridade ( ou semi-sinceridade, porque não há como ter certeza que virá, mesmo no final de 2017) da entrevista, pontuada, como sempre, pelas “varridinhas” de mão com que Temer trai o seu desdém por tudo o que não é a sua própria vacuidade.
