Em Porto Alegre, Deputada federal Denise Pessôa (PT-RS), presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados (CCULT), coordenou nesta quarta-feira (22), Expresso 168, com o tema “O Patrimônio Cultural do Brasil a partir das Comunidades Tradicionais Quilombolas e de Terreiro no Rio Grande do Sul”. O evento realizado no Auditório dos Correios, reuniu lideranças de de 16 municípios do RS, representantes de terreiros e quilombos, gestores e pesquisadores para debater políticas de valorização da ancestralidade, da diversidade cultural e da religiosidade.
O debate também focou em ações para enfrentar o racismo e o racismo religioso que ainda atingem essas comunidades. O Expresso 168 serviu para pautar temas urgentes e estratégicos.
Entre as discussões centrais, esteve a necessidade de aportar recursos para a reconstrução das comunidades de terreiros atingidos pela catástrofe de 2024, além de avançar no tombamento imaterial dos Terreiros e na titulação e no investimento para produção sustentável das áreas quilombolas.
O encontro começou com a apresentação do tema pelo Pai Luciano de Oxalá , que destacou que “a história dos terreiros e quilombos é a história viva do Brasil. Preservar nossas tradições é também combater as desigualdades e o preconceito que ainda marcam nosso país”. Bàbá Diba de Iyemonjá, presidente do Conselho do Povo de Terreiro do RS, afirmou: “Nossos terreiros são espaços de fé, de resistência e de transmissão de saberes que atravessam gerações. Combater o racismo religioso é garantir que essas tradições sobrevivam”.
Roberto Potássio, da Associação Quilombola São Miguel e da Federação Estadual Quilombola, ressaltou: “A luta dos quilombos é pela memória, pelo território e pelo reconhecimento de nossos direitos culturais. O racismo estrutural nos desafia todos os dias, mas nossa ancestralidade nos dá força”.
Já o Prof. Emerson Paze, do projeto Agente Territorial Quilombola (UFRGS/MDA), enfatizou a importância da articulação entre governo, universidade e comunidades para fortalecer as práticas culturais e combater desigualdades.
A deputada Denise encerrou as exposições destacando o papel do mandato para atuar em políticas públicas e ações legislativas que possam mudar essa realidade:
“Estamos aqui para ouvir, aprender e agir. Preservar a ancestralidade, a cultura e a religiosidade de quilombos e terreiros é também combater o racismo e o racismo religioso. Cada quilombo, cada terreiro, é uma escola viva de história, memória e resistência. Nosso compromisso é garantir que essas comunidades tenham voz, visibilidade e proteção”.
Durante o evento também foi lançada a campanha: “Sem PreConceito, Respeite nossos direitos!”, em defesa do reconhecimento do Conceito de Comunidade Remanescente de Quilombo, criado pelo movimento negro e quilombola. Nesse sentido, defendeu-se o direito ao reconhecimento e titulação do Quilombo São Miguel dos Pretos em Restinga Seca.
