Foto: Estaleiro de São José do Norte, integrado ao Polo Naval de Rio Grande

Ernani Machado em seu facebook

São José do Norte é a grande alternativa para reerguer a Metade Sul

A duras penas provamos isso há um ano atrás quando nosso estado foi tomado pelas águas.

Mesmo sem a ponte, com transporte hidroviário pra lá de insuficiente, quando mais foi preciso nossa terra demonstrou seu valor e importância para a região, para o estado e para o Brasil.

Nossa posição estratégica e atributos naturais, designados por Deus, mesmo que ainda não reconhecidos pelos homens, especialmente os públicos que se sucedem, são imprescindíveis para impulsionar a região mais pobre e esquecida do estado.

Reelegemos pela primeira vez na história um governador filho da região que entrou na fila dos que se esqueceram dela.

O valor e a posição estratégica de São José do Norte permanecem inalterados. São de suma importância para a Zona Sul.

Nossa principal carência é a cultural e de autoestima. Não reconhecemos nosso potencial.

A democracia é o regime da maioria. Quantitativamente não temos os votos necessários para fazer os enfrentamentos que precisam ser feitos, infelizmente. Na ausência da quantidade, se impõe a qualidade da representação política, que no geral é bastante frágil. Faltam lideranças que enxerguem fora da caixa e tenham efetivamente um olhar regional. Que lutem de fato pela região.

Um recorte negativo do atraso cultural em que estamos imersos se constata na disputa pelo protagonismo regional entre Pelotas e Rio Grande que levou nada a coisa nenhuma. Temos crescido à moda cola de cavalo.

No passado recente, perdemos por omissão e incompetência a indústria pesqueira para Santa Catarina, mesmo tendo o produto e expertise no trato com o pescado, fomos engolidos pela ausência de uma política estadual de logística e tributária. Hoje eles vêm aqui levam nosso produto e nos deixam com a escama, o espinhaço e as cabeças dos camarões. Aceitamos calados essa derrota. Assistimos inertes, ano após ano, nossos pescadores serem tratados como marginais pelos órgãos fiscalizadores que se apresentam como protetores do meio ambiente, os mesmos que agora parecem liberar licença para minerar nosso território.

O Polo Naval de São José do Norte parou. Aceitamos calados mais essa derrota.

O avanço do Projeto do Porto de Arroio do Sal, o risco que ele traz para o super porto do Rio Grande e, por consequência, para a região, traz de volta à baila o debate sobre a necessidade de fortalecimento do nosso complexo portuário. Os poucos que se manifestam sobre o tema, têm se limitado a criticar a iniciativa, sem fazer menção ao que efetivamente importa. Há quanto tempo se fala da necessidade de ampliação do Porto de Rio Grande? Quem ainda não sabe que São José do Norte tem uma considerável área retroportuária disponível de barbada, com calado natural para potencializar o porto de Rio Grande? A consolidação do EBR é a prova cabal do potencial portuário nortense. Por que ainda em pleno 2025 as mentes que lideram a região insistem em sonegar esta realidade?

Ao invés de espernear temos de agir. Não podemos mais ficar vendo a boiada passar!

O caminho é o inverso dessa visão superada e passa indubitavelmente por uma reversão de mentalidade e junção de esforços.

O porto de São José do Norte precisar ser viabilizado o quanto antes. Esta é a luta que as lideranças da metade sul precisam travar. Com ele, mais o de Pelotas, liderados e em cooperação com o superporto de Rio Grande nossa região vai se potencializar mais.

Simultaneamente ao fortalecimento do complexo portuário, nossos representantes precisam travar e vencer a luta dos pedágios para que nos tornemos competitivos e atraentes para novos investimentos.

A outra obra estruturante que a região aguarda ansiosamente é a ligação a seco com Rio Grande que precisa ser acelerada.

Somos credores históricos do Estado e da União. Nos sabotam a décadas. Nos devem a ponte e o porto.

Percebam o papel estratégico de São José do Norte como porta entrada para o desenvolvimento da Metade Sul.