Do A Voz do Morro
Equipe de reportagem: Gustavo Ruwer e Rod Rodrigues

A principal mudança na rotina das escolas é a redução de 50 para 45 minutos o tempo dos períodos letivos, retardando o início das aulas das 7h30 para as 8h no período da manhã e das 13h10 às 13h30 na tarde, além de acabar com com o período de refeições acompanhadas pelos professores. A comunidade escolar teme que a mudança no horário da manhã afete a rotina de trabalho de pais e mães que tem que entrar cedo no trabalho. Pais e mães temem também que haja redução na merenda, diminuição da carga horária do EJA e a saída das guardas municipais nas escolas.

Pela manhã, na EMEF Chico Mendes, no Bairro Mario Quintana, o conselho escolar convocou uma assembléia aberta à comunidade. Esse primeiro espaço, foi utilizado para convocar uma grande assembleia que acontecerá amanhã, terça-feira (07), às 19h. Houveram falas de professoras e professores, mães de alunos, além de uma moradora da região, que fizeram críticas à medida imposta pela prefeitura.
Gustavo, presidente do conselho escolar da EMEF Chico Mendes queixa-se da mudança ter sido anunciada pouco antes do início das aulas.
“O secretário da educação anunciou mudanças duas semanas antes do ano letivo e nos surpreendeu. Porque a organização, desde o ano passado, já tinha quadro organizando os horários, toda a organização de escola já estava feita. E nós não temos como mudar isso tão rápido, nos adaptar dessa forma. Nós chamamos a comunidade para que ela consiga nos dar força pra contestar essas medidas.

Também no turno da manhã, na EMEF Mariano Beck, que fica na Vila Bom Jesus aconteceu uma assembleia lotada, com aproximadamente 400 pessoas. A professora de Portugues Luciana, afirma que
“O argumento dado pela prefeitura não faz sentido nenhum. Eles dizem que a medida aumentaria o horário em que o professor estaria com os alunos, mas na verdade diminui. Eles argumentam que o novo horário é para ajudar a aumentar o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da escola mas o IDEB do Mariano Becker vem aumentando já do jeito que a escola funcionava.”

No início da tarde, a EMEF Vitor Issler, localizada no Bairro Mário Quintana, também recebeu uma assembleia com ampla participação de alunos, familiares e professores. Rossana, mãe do menino João afirma que foi até a Câmara de Vereadores essa semana questionar o secretário da educação mas não obteve uma resposta coerente, que o secretário não tem argumentos para a mudança.

Outra questão apontada por Rossana é a questão dos alunos portadores de necessidades especiais, que precisam de um tratamento inclusivo e não podem ficar sem acompanhamento de um profissional. Mãe de um menino cadeirante, Rossana queixa-se também sobre a falta de infraestrutura.
“As escolas estão precisando de mais material, de professores, tá faltando monitores nas escolas que não tem acesso. A rampa de cobertura (para cadeirantes), que desde o ano passado estou pedindo pra SMED, cansei de ir até lá, o dinheiro veio ano passado e nunca mais apareceu.”
Dona Irma, moradora do Bairro Mario Quintana, demonstra preocupação com a mudança na rotina das crianças, dos pais e dos professores.
“A partir do momento em que o nosso prefeito mexe na escola, mexe na vida de toda a sociedade. Esse cuidado eu peço muito pra que ele tenha. Esse cuidado com as nossas crianças, com a vida dos pais, e com o trabalhador da área da educação.”
Uma dúvida da comunidade escolar é a de quais profissionais ficarão responsáveis pelos alunos nos períodos do café da manhã, lanche e almoço. A prefeitura afirma que seriam os chamados “professores auxiliares”, mas a população afirma que esses profissionais não fazem parte da equipe do Município. Os pais e mães da EMEF Mariano Becker “aprovaram descumprir a decisão da prefeitura e manter o horário como era antes. Afirmaram que se o horário mudar e as as crianças tiverem que ficar sozinhas no refeitório, não vão levar mais as crianças pra aula.” afirmou a professora Luciana.

Espera-se que os rumos da luta se definam ao longo da semana, conforme o debate sobre a alteração na grade de horários se espalhe. Enquanto isso, familiares e professores prometem seguir os horários antigos e se mobilizar para que a alteração seja revogada.

