O presidente demonstra a interlocutores preocupação com processos contra ele e seus filhos, caso se confirme sua derrota nas urnas, diz jornal

O presidente Jair Bolsonaro (PL) anda “transtornado”, dizendo a interlocutores que tem certeza que, caso perca as eleições, ele e seus filhos serão presos. Isso porque o ocupante do Palácio do Planalto tem dificuldade de se recuperar nas pesquisas eleitorais, as quais apontam o ex-presidente LULA como o favorito para vencer o pleito.
Da URBS MAGNA
O desespero tomou conta de tal forma que Bolsonaro tem dito que reagirá e que não será preso com facilidade, diz a jornalista Mônica Bergamo, sem sua matéria, no jornal Folha de S. Paulo. “Nunca serei preso“, repete o presidente, como no discurso no dia 7 de setembro do ano passado, em um ato na avenida Paulista, em São Paulo, quando acrescentou que poderia sair do Palácio “preso, morto ou com vitória“. Desta vez, o chefe do Executivo diz que “pode haver “morte” caso tentem prendê-lo“, escreve a colunista.
“Dois ministros do governo afirmaram que já ouviram Bolsonaro falar sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião”, diz o texto. “O tom, no entanto, não seria de nervosismo, mas, sim, de mera constatação sobre uma suposta perseguição que ele poderia sofrer se perdesse o mandato“, escreve Bergamo. “Um dos ministros afirma que o presidente diz saber o que vai acontecer com ele em caso de derrota. “Você acha que eu não sei?”, teria dito o presidente, de acordo com esse auxiliar, sobre uma possível ordem de prisão“.
“Segundo o mesmo ministro, Bolsonaro afirma que “estão loucos” para que isso aconteça, mas ele saberia contornar a situação por não ser “ingênuo” como seus antecessores“, que também foram presos. “Um segundo ministro afirmou que o mandatário sempre repete que “vão querer montar alguma coisa para me prender”, mas que a investida não terá sucesso, já que ele não teria cometido crime algum“.
Caso se confirme a tendência, se derrotado, Bolsonaro “poderá ser julgado pela Justiça comum, o que eleva as possibilidades de responsabilização penal. O presidente é alvo de centenas de denúncias, em especial por sua conduta durante a epidemia da Covid-19 e pelos ataques ao sistema eleitoral“, explica Bergamo. “A possibilidade explicaria em parte a intensidade dos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)“.
“Em conversas com outras autoridades, o ministro da Economia, Paulo Guedes, por exemplo, já citou a “psicologia do desespero” para contextualizar as atitudes do presidente. Por ela, Bolsonaro se sentiria acuado e esticaria a corda como forma de autodefesa. Isso levaria a reações da Justiça, numa escalada sem limites”, escreve a jornalista. “Ministros do governo dizem acreditar que um acordo com os demais poderes poderá esfriar os ânimos, contribuindo para que as eleições no Brasil transcorram de forma tranquila“, pontua.