O governo brasileiro firmou um acordo com a empresa chinesa SpaceSail, especializada em internet via satélite de órbita baixa (LEO). A parceria visa expandir a conectividade no Brasil, especialmente em áreas remotas onde a infraestrutura tradicional de fibra óptica não chega.
Desde novembro de 2024, o Brasil vem negociando com a SpaceSail para viabilizar a oferta de internet de alta velocidade no país. A empresa já conta com 40 satélites em órbita e planeja lançar 648 novos satélites nos próximos 14 meses, com uma meta de 15.000 unidades até 2030. Para operar no Brasil, a SpaceSail precisará abrir um CNPJ e obter autorização da Anatel.
O governo brasileiro optou por avançar com a SpaceSail após os rompantes ditatoriais de Elon Musk, dono da Starlink, que também oferece internet via satélite. A parceria com a empresa chinesa faz parte de uma estratégia para aumentar a concorrência no setor e reduzir a dependência de um único fornecedor.
Transferência de Tecnologia
Além da oferta de internet, o acordo prevê cooperação tecnológica entre Brasil e China. A Telebras disponibilizará sua infraestrutura, incluindo datacenters e redes de fibra ótica, para facilitar a operação da SpaceSail no país. O governo também busca transferência de tecnologia para fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.
O presidente Lula visitará a China em maio e vai oficializar novos anúncios sobre a parceria. A expectativa é que o acordo contribua para a inclusão digital e ampliação do acesso à internet no Brasil.
Auxiliares do presidente Lula embarcaram para Pequim na semana passada com a expectativa de avançar nas negociações com a chinesa SpaceSail, concorrente direta da Starlink, companhia americana liderada pelo bilionário.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, lidera o grupo que fará os encontros preparatórios para a agenda da viagem de Lula à China em maio e a atração da SpaceSail para o Brasil está na pauta dele. Costa tem no roteiro conversas com membros da empresa e do governo chinês sobre o assunto.
A aproximação com a empresa chinesa é a principal estratégia da gestão Lula para tentar frear a influência das antenas de Musk no território brasileiro. O Planalto trabalha por novos anúncios sobre o tema durante a visita de Lula a Pequim, entre 12 e 13 de maio. Auxiliares de Lula afirmam que o petista tratará do tema em conversas com Xi Jinping. No entanto, o próximo passo do acordo com a SpaceSail dependerá do que Rui Costa conseguirá extrair desse contato prévio marcado para esta semana com representantes do governo chinês.
Com supervisão da Casa Civil, a aproximação com a SpaceSail vem sendo executada pelo Ministério das Comunicações, que será assumido por Frederico de Siqueira Filho. Ex-presidente da Telebras, ele já acompanha de perto as conversas com a empresa chinesa.
Como funciona o serviço — Foto: Editoria de Arte
Há pouco mais de 555 mil usuários de internet via satélite no Brasil, e 58% deles são clientes da Starlink de Musk. Recentemente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval para a Starlink operar mais 7,5 mil satélites no Brasil, totalizando quase 12 mil equipamentos licenciados. Diante do avanço, o governo quer encontrar um competidor à altura. A SpaceSail tem a tecnologia, porém, na prática, ainda não oferece esse serviço comercialmente no Brasil. Seu sistema está em fase de testes. Os primeiros ocorreram entre 2023 e 2024, e agora a chinesa está na fase de lançamento da constelação de satélites propriamente dita.
