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Nem a presença de duas candidatas competitivas nas eleições 2010 impediu a mídia de julgá-las pelo aspecto físico

24 de Agosto de 2011, 11:09 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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por Conceição Oliveira do Blog Maria Frô, twitter: @maria_fro

Quando esse blog nasceu, redigi alguns textos mostrando como a cobertura da mídia institucional endossava a campanha tucana contra a candidata Dilma Rousseff. Artigos, reportagens, textos de colunistas em vários jornais paulistanos e cariocas reverberavam o mesmo discurso sexista e detrator da campanha de José Serra contra a candidata do PT.

Mas, mesmo assim, não deixa de ser impressionante quando pesquisadores se debruçam para analisar 16 jornais de todas as regiões brasileiras e constatam algo bem semelhante ao que as feministas denunciaram durante toda a campanha eleitoral de 2010. Nem o fato de pela primeira vez em nossa história republicana termos na disputa para a Presidência duas candidatas com chances competitivas, a ponto de uma delas ser eleita, fez a imprensa mudar o seu tom usualmente sexista.

Cirurgia plástica, corte de cabelo, penteado, peso, roupas interessaram mais a mídia institucional que as propostas de políticas e programas de governo voltados para as mulheres. Essas temáticas estiveram praticamente ausentes do noticiário.

E como vocês podem acompanhar nos jornais diários, o tom sexista da mídia institucional só se aprofundou com a vitória de Dilma Rousseff.

Agradeço a dica da pesquisa a ANDI, no twitter: @andicomunicacao

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Mulheres na política: cobertura da imprensa privilegia campanhas eleitorais e esquece programas de governo e legislação voltados para a igualdade de gênero

Por Lauro Mesquita, edição Veet Vivata, Portal ANDI

23/08/2011

-    Estudo pioneiro revela o comportamento de 16 jornais de todas as regiões brasileiras na cobertura do tema Mulher, Poder e Decisão. A análise aponta que o noticiário é dominado pela disputa eleitoral e não debate políticas públicas adequadamente.

-resumo executivo da pesquisa pode ser acessado nos sites do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, do Instituto Patrícia Galvão e da ANDI (no novo minisite Mulheres na Imprensa).

-    Seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística. discutirá os resultados desta e de outras três pesquisas inéditas. O evento acontecerá em Brasília, no dia 3 de outubro.

O fato de que duas candidatas competitivas – Dilma Rousseff e Marina Silva – pela primeira vez participavam de uma corrida para a Presidência da República não foi suficiente para que a imprensa brasileira aprofundasse o debate sobre temas vinculados à agenda da equidade de gênero, como a participação feminina na disputa partidária e as políticas públicas de promoção dos direitos das mulheres.

Os números são do estudo “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Mulheres na Política e Espaços de Poder”: em 2010, 41% das matérias avaliadas tinham como foco as eleições; outro tema recorrente foram as lideranças políticas femininas no Brasil e no exterior.

A pesquisa integra uma série de levantamentos realizados pela ANDI – Comunicação e Direitos e pelo Instituto Patrícia Galvão, no âmbito de projeto desenvolvido com o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.

Cobertura ignora políticas públicas

As propostas de políticas e programas de governo voltados para as mulheres praticamente não aparecem no noticiário. Dos textos analisados, menos de 2% mencionam ações do poder público, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres ou o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

Da mesma forma, os veículos deixaram em segundo plano assuntos como a destinação de 5% dos recursos do fundo partidário para promoção da participação das mulheres na política e a necessidade dos partidos preencherem a cota mínima de 30% de candidatos/as para cada sexo.

Autoridades são as principais fontes de informação

Outro indicativo do interesse concentrado na disputa eleitoral está na escolha das fontes de informação. Representantes dos poderes públicos (48,57%) – com destaque para o Executivo e o Legislativo – foram os mais procurados pelos jornais pesquisados.

Embora o tema da participação feminina envolva polêmicas, a imprensa não primou pela multiplicidade de pontos de vista nesse noticiário: não mais do que 15% dos textos trazem opiniões discordantes.

Candidatas são julgadas pelo aspecto físico

A referência a aspectos físicos está presente em 14% do material estudado. São principalmente menções a cabelo, roupa, peso, maquiagem e cirurgia plástica das candidatas.

Já informações sobre a vida privada das candidatas, como estado civil, filhos/netos e prendas domésticas aparecem em 31,5% da cobertura.

Insuficiências exclusivamente relacionadas às candidaturas femininas são mencionadas em 20% dos textos. Apenas 4% apontam aspectos negativos de homens e mulheres na mesma notícia.

Seminário irá debater visibilidade da mulher na mídia

Ao longo dos próximos meses, a ANDI, o Instituto Patrícia Galvão e o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero irão divulgar mais três pesquisas com foco na abordagem da imprensa sobre questões de gênero. Os temas são Mulher e Trabalho, Mulher e Violência, e a posse da presidente Dilma Rousseff.

Os resultados completos serão debatidos no seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística, organizado pela Secretária de Políticas para as Mulheres. O evento reunirá em Brasília, no dia 3 de outubro, diversos profissionais de imprensa e especialistas na agenda de equidade de gênero.

ANDI lança minisite dedicado à mídia e equidade de gênero

A divulgação dos dados da “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Mulheres na Política e Espaços de Poder” coincide também com o lançamento do minisite Mulheres na Imprensa. Integrado ao portal da ANDI, o novo espaço oferece acesso a análises de mídia, notícias atualizadas, banco de fontes de informação com especialistas e entidades ligadas ao assunto, bibliografia e uma relação com mais de 100 leis.

A ferramenta pode ser um importante estímulo para o aprofundamento e diversificação da cobertura do tema.

Resumo Executivo

resumo executivo da pesquisa está disponível para download nos sites da ANDI, do Instituto Patrícia Galvão e do Observatório Brasil de Igualdade de Gênero.

O Observatório é uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República que objetiva dar visibilidade e fortalecer as ações para a promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Para isso, o observatório atua em cinco grandes eixos: Indicadores; Políticas Públicas; Legislação e Legislativo; Internacional; e Comunicação e Mídia.
Fontes

Instituto Patrícia Galvão
Jacira Melo e Marisa Sanematsu
jaciramelo@uol.com.brmsanematsu@uol.com.br
(11) 3266-5434

ANDI – Comunicação e Direitos
Lauro Mesquita
lmesquita@andi.org.br
(61) 2102-6530

Observatório Brasil da Igualdade de Gênero
Nina Madsen e Júlia Zamboni
nina.madsen@spmulheres.gov.brjulia.zamboni@spmulheres.gov.br
(61) 3411-4227

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