Por Moisés Basílio
16/12/2012 - Yokohama
Mundial de Clubes FIFA 2012
O título dessa crônica é uma singela homenagem ao querido cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que além de todos os seus predicados é um grande corinthiano. Na véspera do grande jogo, meu amigo Altemeyer teve a boa sorte de visitar o cardeal e brindar seus amigos com detalhes da conversa e a boa notícia que aos 91 anos Dom Paulo goza de boa saúde, lucidez e que iria torcer como sempre para o nosso Timão. Bons presságios para uma véspera de grande decisão.
Veio-me a mente o lema inscrito no seu brasão de cardeal ao lembrar a trajetória do time do povo até essa final de copa. Esse ciclo de conquistas é antecedido por duas grandes derrotas: O campeonato brasileiro de 2010 para o Fluminense e a desclassificação da Copa Libertadores para o Tolima no início de 2011.
Mas, o sonho corinthiano não se transformou em esperanças perdidas deixadas nos cantos da vida. A diretoria soube aguentar o repuxo das cobranças dos torcedores apaixonados, fez algumas alterações de rotas, mas manteve o trabalho da comissão técnica. Dois nomes apareceram como líderes desse processo: O presidente Andrés Sanches e o técnico Tite. Um é a corda e o outro a caçamba, digo isso lembrando o velho samba de Adeiton Alves e Delcio Carvalho imortalizado nas vozes dos Originais do Samba.
Corda e caçamba, bela figura de linguagem para expressar a união de duas partes para se alcançar algo. A corda é uma palavra que vem das línguas greco-latinas e caçamba vem do africano quimbundo “kisambu” (cesto), que derivou para vaso, balde e outros recipientes. É a corda que segura o balde que tira a água da cacimba para saciar nossa sede. E nessa trajetória que percorremos até a grande conquista final, a Fiel foi a corda e o time a caçamba.
E de esperança em esperança o time mosqueteiro foi trilhando o caminho que o trouxe até o Japão. Primeiro sendo pentacampeão brasileiro em 2011, depois ganhando pela primeira vez a Copa Libertadores da América e finalmente o Sport Club Corinthians Paulista conquista em solo nipônico o bicampeonato da Copa do Mundo de Clubes da FIFA - Japão 2012.
A final foi contra a seleção do Chelsea Football Club. Digo seleção porque esses times da Liga dos Campeões da UEFA (UEFA Champions League –UCL-), pelo poderio econômico compram os melhores jogadores do mundo para formar seus elencos. Como alardearam com razão os cronistas esportivos o elenco dos ingleses, jogador por jogador, era em muito superior ao dos brasileiros. Mas em matéria de futebol mais vale o conjunto, o coletivo, do que as individualidades. Mas, será que o conjunto do time brasileiro seria superior ao conjunto do time inglês? Nessa dúvida residia a esperança de cada corinthiano.
No ano passado o Santos sabia de antemão que seu elenco e o conjunto do seu time eram inferiores aos do Barcelona. Os santistas depositaram suas esperanças numa terceira possibilidade: A genialidade do craque Neymar. Mas levaram um baile, pois o gênio que saiu da garrafa e acabou com o jogo foi o argentino Messi.
Quando o árbitro apitou o início da partida é que se pode começar a aferir se o conjunto do time "alvinegro" conseguiria superar as individualidades e o conjunto dos "blues". E conseguiu. Durante os 90 minutos de jogo o Corinthians jogou com seriedade, dentro do sistema tático proposto pelo técnico Tite: Com forte marcação; Valorização da posse de bola; Aproveitamento dos vacilos do adversário para contra-atacar; Respeito ao time adversário, mas sem abaixar a cabeça e jogando de igual para igual; E como sempre, de forma sofrida, conseguindo marcar o gol do título, quase ao final do jogo, numa cabeçada certeira do centroavante peruano Guerrero.
Méritos novamente ao Tite, que durante o campeonato brasileiro preparou o time para jogar com um centroavante, apostando que o time dessa forma ganharia mais contundência ofensiva. Outra jogada de mestre foi escalar o polivalente e aguerrido Jorge Henrique no lugar do habilidoso, mas sempre lento, Douglas, o que melhorou a marcação do meio de campo, anulando os meias criativos do time londrino.
Porém, há um detalhe importantíssimo para explicar a vitória: Os milagres do São Cássio! Nosso goleiro pegou tudo e jogou como gente grande. Aquele chute de meia distância do Moses, defendido com as pontas dos dedos foi demais. Já havia sido um monstro durante a campanha da Libertadores, dando segurança ao sistema defensivo e fazendo o grande milagre aos pés do Diego Souza jogo contra o Vasco. Agora, nesse jogo, Cássio matou a pau.
2012 foi o ano do Sport Club Corinthians Paulista. Axé Timão!
FICHA TÉCNICA (Fonte: Sítio Terra)
16/12/2012 - Yokohama - Mundial de Clubes FIFA 2012
Corinthians 1 x 0 Chelsea
Gol
Corinthians: Guerrero, aos 23min do 1º tempo
Corinthians: Cássio; Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf e Paulinho; Jorge Henrique, Danilo e Emerson (Wallace); Guerrero (Martínez). Técnico: Tite
Chelsea: Cech; Ivanovic (Azpilicueta), Cahill, David Luiz e Ashley Cole; Ramires e Lampard; Moses (Oscar), Mata e Hazard (Marin); Torres. Técnico: Rafa Benítez
Cartões amarelos
Corinthians: Jorge Henrique
Chelsea: David Luiz
Cartão vermelho
Chelsea: Cahill
Árbitro
Cuynet Çakir
Local
Nissan Stadium, Yokohama (Japão)
Público
68.275
Em espírito junto com o Timão.
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