Chegamos ao limite da água mais funda, canta Macalé
26 de Fevereiro de 2019, 8:41Neste domingo de carnaval, 3 de março, Jards Macalé vai completar 76 anos de idade. É o mais velho "maldito" da música popular brasileira. E um dos seus mais jovens artistas, a julgar pelo seu mais recente disco, "Besta Fera", com 12 músicas inéditas.
Fazia anos que Macalé não lançava um disco com obras novas.
Pouco importa, as que compõem "Besta Fera" preenchem com louvor esse intervalo de tempo.
O disco é uma aula de criatividade.
Tem músicas para todos os gostos, desde a simplicidade de um samba de mesa até as células de um rock pesado, carregado de guitarras distorcidas. Tem ainda citações do mestre Dorival Caymmi, metais de gafieira, baião...
Para produzir "Besta Fera" Macalé se cercou de uma moçada da pesada: Kiko Dinucci e Thomas Harres são os produtores musicais; Rômulo Fróes, o diretor artístico; Rejane Zilles, assina a direção geral. Tim Bernardes, Juçara Marçal e Rômulo Fróes têm participações especiais, e os músicos que participam do disco são Thomas Harres, Guilherme Held, Pedro Dantas, Kiko Dinucci, Ariane Molina, Luê, Thai Halfed, Coro da Nenê da Vila Matilde (Clara, Nenê e Irene), Rodrigo Campos, Thiago França, Amilcar Rodrigues, Filipe Nader e Allan Abbadia.
Há quem veja Macalé como um simples provocador, aquele sujeito que esconde sua mediocridade em atitudes pensadas para chocar a plateia. Pode até ser que ele tenha abusado dessa imagem, mas é inegável que, noves fora, a sua contribuição para a música popular brasileira é enorme. Basta dizer que, ao lado desse lado iconoclasta, foi capaz de ressuscitar a carreira de Moreira da Silva, revistar a obra de Lupicínio Rodrigues, Geraldo Pereira e Nelson Cavaquinho, regravar Ismael Silva e vários outros sambistas esquecidos.
Além disso, sempre esteve antenado com o momento político-social do país.
Em "Gotham City" alertava para os perigos do morcego e do abismo na porta principal - em plena ditadura militar.
Neste Brasil Novo chefiado novamente comandado por oficiais militares de caras e mentes fechadas, tem a coragem de cantar "Trevas":
Sol rumo ao sono
Sombras sobre o oceano
Cidades cobertas de névoa espessa
Jamais devassada
Por brilho de sol
Chegamos ao limite da água mais funda
Levanto o olhar pro céu
Chegamos ao limite da água mais funda
Levanto o olhar pro céu
Trevas, trevas
Treva a mais negra sobre homens tristes
Trevas, trevas
Treva a mais negra sobre homens tristes
Me calo
É uma pena que Jards Macalé seja único - ele bem que poderia ser dezenas, centenas, milhares...
Berlim abriu com filme de amor, esperança e gentileza
9 de Fevereiro de 2019, 9:47Gentileza e boas intenções podem ser a história de um filme, mas nada têm a ver com a realidade da vida numa cidade como Nova Iorque, por isso, foi um tanto incompreensível a abertura do Festival de Berlim com o filme da dinamarquesa Nora Scherlig.
Por Rui Martins, de Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema:
Berlim começa com um romantismo otimista mas irrealThe Kindness of Strangers ou a Gentileza dos Estranhos, a história de uma jovem mãe com dois filhos não chega sequer a ser uma fábula sobre o milagre da autoajuda numa grande cidade, contando com uma mulher pode romper o casamento, justamente com um policial capaz de localizá-la, e sobreviver utilizando-se de pequenos furtos.
Nora Scherlig reconhece que seus personagens estão longe de qualquer intenção política, mostrando que, desde seu ponto de partida, seu filme estaria mais próximo de um conto de fadas, irreal e desnecessário, um tanto distante dos filmes exibidos em Berlim, mesmo se sua intenção era contar histórias de diversas pessoas em crise, ajudados por bons samaritanos.
A sinopse do filme deixa os espectadores realistas decepcionados – ¨com um olhar aguçado, Lone Scherfig explora o comportamento humano em condições extremas. Ela retrata a dureza da vida na selva urbana, mas também demonstra o que pode crescer quando estranhos se aproximam em amizade e com o coração aberto¨. Poderíamos acrescentar – de boas intenções o inferno anda cheio.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.
A inovadora fusão musical de Jorge Pescara
9 de Fevereiro de 2019, 9:44Depois dos aclamados “Grooves In The Temple” e “Knight Without Armour”, o baixista Jorge Pescara chega ao seu terceiro CD, “Grooves In The Eden”, produzido por Arnaldo DeSouteiro e lançado internacionalmente pela gravadora Jazz Station Records, de Los Angeles, em parceria com Fabio Golfetti, da Music Magick, e com distribuição no Brasil via Tratore. O virtuoso músico inicia, assim, um novo capítulo em sua brilhante trajetória, desta vez inspirado na combinação de elementos de jazz, rock, pop, funk, r&b e música brasileira, transcendendo rótulos e estilos, para se afirmar como uma fusão única e inovadora.
O repertório inclui recriações de sucessos de Freddie Hubbard (“Povo”), Deep Purple (“Smoke On The Water”), Beatles (“Come Together”), Earth Wind & Fire (“Brazilian Rhyme”) e Brecker Brothers (“Song For Barry”), além de temas compostos especialmente para o disco por Jorge Pescara em parcerias com Laudir de Oliveira (“MacumBass”) e Gaudencio Thiago de Mello (“Plato’s Dialogues: Timaeus & Critias”).
A faixa-título “Grooves In The Eden”, homenagem ao maestro Bob James, é assinada pelo tecladista Glauton Campello. “Azymuth Men” homenageia os integrantes do trio Azymuth, em especial o seu saudoso fundador, José Roberto Bertrami, com quem Pescara tocou por mais de 10 anos. O disco conta ainda com as participações de André Sachs, João Paulo Mendonça, Roberto Sallaberry, Claudio Infante, Cesar Machado e Paulinho Black, além do celista italiano Davide Zaccaria e o baterista franco/português David Jeronimè, entre outros.
Um dos baixistas brasileiros de maior expressividade no cenário contemporâneo do jazz e do rock progressivo, Jorge Pescara integra atualmente o grupo da cantora Ithamara Koorax, com quem já gravou diversos discos (“Brazilian Butterfly”, “Got To Be Real”, “Love Dance”) e excursionou pelo mundo, da Finlândia a Portugal, da França à Coréia do Sul, além de liderar a Knight Progband. Também gravou com Dom Um Romão, Luiz Bonfá, Paulo Moura, Eumir Deodato, José Roberto Bertrami, Celso Fonseca, Sergio Vid, Carlos Pingarilho, Mario Castro Neves, Lord K, João Palma, Laura Finocchiaro, o guitarrista japonês Mamoru Morishita, os compositores portugueses Fernando Girão e Paco Bandeira, além da banda prog metal norte-americana The Unified One, entre vários outros. Integrou as bandas ZERØ (“Eletroacustico”, “Quinto Elemento”), Dialeto (“The Last Tribe”) e JSR All Stars (“Friends From Brazil”, “Rio Strut”) em trabalhos de grande repercussão.
Onde comprar:
https://www.tratore.com.br/um_cd.php?id=14527
Onde ouvir:
https://open.spotify.com/album/0TU96LKfvWvKrcRonfoawH
http://www.jorgepescara.com.br
Violão e acordeão num show de "ciganagem"
6 de Fevereiro de 2019, 14:21Dois expoentes do jazz manouche brasileiro, o guitarrista Mauro Albert e o acordeonista Marcelo Cigano, estarão juntos nesta sexta-feira, dia 8 de fevereiro, no show intitulado "Ciganagem", embrião de um projeto em duo que os músicos pretendem desenvolver. O concerto está marcado para começar às 21 horas, no centro cultural Nau Catarineta (R. Cônego Serpa, 30, Santo Antonio de Lisboa), em Florianópolis, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada).
Mauro e Marcelo se encontraram pela primeira vez numa das edições do Festival de Jazz Manouche de Piracicaba e desde então, juntos, acompanharam artistas internacionais como Jon Larsen e Irene Ypenburg, formando o que definem, brincando, de "dupla dinâmica", com uma natural camaradagem e sintonia musical, aliando sensibilidade e técnica apurada, uma das características do jazz cigano, gênero criado pelo guitarrista belga Django Reinhardt na década de 30 do século passado e que se espalhou por todo o mundo.
O concerto dessa sexta-feira será registrado com o propósito de lançamento em CD e DVD. Do repertório constam temas do jazz manouche e tradicional, clássicos do cancioneiro cigano, composições autorais e releituras de tangos e músicas brasileiras, apresentando uma fusão de estilos com interpretação "visceral e sensibilidade à moda cigana", segundo Mauro.
O guitarrista, também compositor e pesquisador, já gravou quatro álbuns com composições autorais dedicados ao jazz cigano. Suas composições foram lançadas em coletâneas ao lados dos principais nomes do jazz manouche mundial. Desde 2014 é artista do selo Hot Club Records, a principal gravadora de jazz manouche, com sede em Oslo, Noruega. Referência no ensino do estilo no Brasil, Mauro realiza workshops e aulas para alunos de diversas regiões do país e da América Latina. Como colaborador da revista "Guitar Player" escreveu lições, pioneiras no Brasil, dedicada ao jazz cigano.
O acordeonista Marcelo Cigano é, reconhecidamente, um dos maiores virtuoses brasileiros em seu instrumento. Músico autodidata, nascido em uma família cigana da Sérvia, começou a tocar com oito anos de idade por influência de seu pai, também acordeonista. Transita com extrema tranquilidade entre diversos gêneros musicais - samba, choro, forró, jazz cigano, bossa nova, tango e a música dos Balcãs. Em 2014 lançou seu primeiro CD, intitulado "Influência do Jazz ", com participações especiais de Hermeto Pascoal, Toninho Ferragutti, Lea Freire e Thiago Espírito Santo, entre outros. Depois desse disco veio "Riat Romani", com repertório focado em suas origens, no jazz manouche e em músicas dos Balcãs, gravado ao vivo com o grupo curitibano Jazz Cigano Quinteto, formado por Vinícius Araújo, Djon Theo, Lucas Miranda, Wagner Bernet e Matheus Azevedo. Atualmente, Marcelo prepara o repertório de seu terceiro disco. Entre as músicas que vão compô-lo estão "Pra Nós 2", de Hermeto Pascoal, e "El Cigano", de Ludovic Beier, ambas compostas em sua homenagem.
Trio resume riqueza da MPB em apresentações
19 de Janeiro de 2019, 12:20O Trio Boa Maré, embora formado apenas há pouco mais de dois anos, tem se destacado no cenário artístico da região do Circuito das Águas Paulista, onde moram seus integrantes, o violonista Marcos Teixeira, a cantora e cavaquinista Liliana Akstein, e o pandeirista Carlos Motta. Isso porque leva ao público, em suas apresentações, um repertório, formado essencialmente por sambas, que resume a história e a riqueza da música popular brasileira, desde os anos 30 do século passado até a atualidade.
Dessa forma, recria composições que se tornaram clássicas e definiram a personalidade de um dos mais ricos acervos artísticos do mundo. Do repertório constam músicas de Geraldo Pereira, Assis Valente, Heckel Tavares, Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim, Billy Blanco, Tom Jobim, João Bosco, Baden Powell, Toquinho, Jorge Ben Jor, Ivan Lins, Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Dona Ivone Lara, Sivuca, Chico Buarque, Cartola, Candeia, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Sérgio Sampaio e Tim Maia, entre outros importantes artistas nacionais.
Na preparação do repertório os integrantes do trio fizeram a questão de incluir não só músicas mais conhecidas, mas outras que mesmo não tendo feito tanto sucesso popular quando lançadas, são, de uma maneira ou outra, representativas da obra de seus autores. É o caso, por exemplo, de "Samba Erudito", de Paulo Vanzolini, compositor das aclamadas "Ronda" e "Volta Por Cima": sua letra revive ícones do século passado, muitos dos quais praticamente esquecidos.
No repertório estão também incluídas peças instrumentais, como os chorinhos "Noites Cariocas" e "Assanhado", de Jacob do Bandolim.
Uma amostra da música do trio está à disposição em sua página do Facebook:
www.facebook.com/pg/trioboamare
Ou no YouTube:
www.youtube.com/watch?v=25lHtj6009w
www.youtube.com/watch?v=xSFzCgjFaQw
Os canais de contato do grupo são os seguintes:
(19) 99948-7892 (Marcos Teixeira)
trioboamare@gmail.com
www.facebook.com/trioboamare