Brasil está prestes a ingressar no século 19
августа 8, 2016 0:00Os planos da camarilha que tomou de assalto o governo central para o trabalhador são de provocar pesadelos.
Segundo informam os veículos que servem para divulgar as notícias oficiais, antes denominados de jornais, o que se pretende mesmo é exterminar a CLT, o conjunto de leis que dão alguma proteção ao trabalhador, e que serve para que haja algum equilíbrio nas relações trabalho-capital.
Pelo que se sabe, o Dr. Mesóclise e sua turma pretendem liberar geral essas relações, ou seja, tudo seria negociado (?) entre patrões, que têm todo o poder, e empregados, que não tem poder nenhum.
E essa negociação (?) abrangeria tudo, desde as horas de trabalho até o pagamento de férias, 13º salário, FGTS...
Tudo, tudo.
Ou seja, não sobraria nada para o trabalhador, a não ser aceitar as regras que os patrões imporiam.
Seria um festival de chantagens, do tipo, "ou vocês aceitam o que propomos, ou vamos demitir todo mundo e recontratar outros tantos por metade do salário atual".
Num cenário como o atual, com o desemprego aumentando, é fácil imaginar como serão as negociações (?).
Claro que a turma do Dr. Mesóclice e os empresários que a sustentam vão vender o peixe como se ele fosse um atum azul, o mais caro do mundo, e não uma sardinha podre.
Vão dizer que o desemprego de hoje é causado por essa maldita CLT, leis do tempo do onça, inspiradas no fascismo e coisa e tal, e que sem ela tudo vai melhorar do dia para a noite, milhões de vagas serão criadas como num passe de mágica - e viva o Brasil Novo!
E quando a maioria da população se convencer disso, depois de ouvir essa mentirada toda dia e noite, em emissoras de TV e rádio, nos semimortos jornalões, nas redes sociais e portais noticiosos da internet, nos cultos dirigidos por pastores (?) picaretas e estelionatários, em salas de aulas, em locais de trabalho, em discussões de mesas de bar, em reuniões familiares, será tarde demais - o Brasil terá voltado aos tempos da pré-revolução industrial. (Carlos Motta)
Terrorismo e o golpe no Brasil
июля 24, 2016 10:21Não vamos nos enganar. Não é preciso ser um admirador de Maquiavel para entender que num momento de grandes incertezas políticas como aquele que enfrentamos no Brasil a denúncia de uma possível ameaça terrorista pode ser de grande utilidade para forças que ocupam provisoriamente a presidência da República e necessitam, como é visível a cada dia, "mostrar serviço" aos olhos de uma população desconfiada de gestos e intenções para manter-se no cargo de qualquer maneira.
Vivemos uma situação de desagregação institucional em que tudo é política, como reconheceu a líder do governo Rose de Freitas, ao explicar por que o Senado afastou Dilma sem prova de crime de responsabilidade.
Não é preciso ficar com complexo de republica bananeira, porém. Basta lucidez.
Na França que já deu lições de liberdade, igualdade, fraternidade, o mesmo presidente François Hollande que enfrenta uma insurreição de trabalhadores em defesa de seus direitos - situação que pode repetir-se no Brasil caso Michel Temer siga em frente com seu programa de aniquilar a CLT - transformou a ameaça terrorista na preocupação número 1 de seu governo.
Incapaz de dar respostas aos problemas da vida cotidiana da maioria da população, como desemprego, perdas salariais, recessão, desde o final de 2015 Hollande multiplica medidas de exceção que produzem indignação - a ministra de Direitos Humanos renunciou ao cargo em protesto -e pouco tem servido para evitar novas tragédias, como demonstrou o ônibus assassino de Nice, menos de um ano depois do ataque ao Charlie Hebdo e ao Bataclan.
Mesmo assim, não há dúvida que a campanha do medo operou um previsível milagre de natureza eleitoral. Transformou Hollande, até então um George W Bush da social-democracia francesa, num candidato minimamente competitivo para enfrentar o fascismo nas eleições presidenciais.
Essa considerações recomendam prudência e bom senso diante da prisão de dez brasileiros que podem vir a ser um dia considerados suspeitos de terrorismo. Para tanto, é bom lembrar, será preciso que informações hoje em estagio muito preliminar se transformem em indícios e provas. Não custa sublinhar - mesmo fora de moda - o principio da presunção da inocência. Ninguém quer construir uma nova Guantânamo, certo?
Está claro que nenhuma pista contra a ameaça do terror pode ser desprezada, pois, se forem indícios consistentes e corretamente investigados, podem impedir atos de barbárie que ameaçam vidas inocentes, inclusive crianças.
O problema é que toda iniciativa para transformar um episódio inconclusivo em grande espetáculo, sem justificativas razoáveis, equivale a uma demonstração de desprezo absoluto pela inteligência do cidadão brasileiro. Também é um ato contraproducente do ponto de vista de toda investigação, que envolve material de inteligência sensível, necessita de prudência e segredo, em vez de espalhafato e sensacionalismo.
O desvio para os holofotes é apenas parte do problema, porém. Outro sinal é político e diplomático.
A postura mostra um passo, no governo Michel Temer, para alinhar o aparato policial e jurídico do estado brasileiro com as prioridades do governo norte-americano. É compreensível, diante do isolamento internacional do golpe. Deve ser visto como mais um capítulo num programa de generosas gentilezas externas que inclui, como grande troféu, a abertura do pré-sal da Petrobras a grandes empresas estrangeiras.
Coerente com uma diplomacia de preservar de qualquer maneira a ordem vigente no Oriente Médio, endereço de reservas de petróleo vitais para sua economia e para o faturamento de uma parte de seus maiores gigantes econômicos, Washington transformou a luta contra o terrorismo de origem árabe na pedra de toque de sua ação internacional e dos chamados programas de cooperação.
Não custa lembrar que o principal reflexo, no Brasil, do atentado de 11 de setembro foi um reforço das investigações da CIA e outros órgãos do serviço secreto contra imigrantes palestinos na região da Tríplice Fronteira, com base em suspeitas que a própria embaixada dos EUA em Brasília considerava pouco mais do que risíveis.
Não por acaso, Washington não deixou de aplaudir, uma década e meia depois, a lei anti-terrorismo aprovada pelo Congresso, por iniciativa do governo Dilma.
Interessada em embelezar toda e qualquer medida do governo Temer que possa contribuir para a aprovação definitiva do impeachment pelo Senado, a mídia grande não perdeu a oportunidade de ressaltar a "colaboração" do serviço secreto dos EUA nas investigações. A historia diplomática dos dois países, marcada por longos períodos de adaptação e mesmo submissão do lado brasileiro, com raros mas reais momentos de independência e soberania, permite acreditar que seja muito mais do que isso.
Há outro ponto a observar.
É certo que, por sua própria natureza, as ações terroristas não obedeçam a uma lógica previsível nem racional. Não custa ponderar porém que seus alvos mais frequentes envolvem países e governos que tem uma postura agressiva nos conflitos do Oriente Médio, participando ativamente de operações de apoio em relação a diplomacia norte-americana. Os atentados de Madri e Londres ocorreram depois que os governos da Espanha e da Grã Bretanha se engajaram na invasão do Iraque. A França entrou no radar depois de patrocinar a queda de Kadhafi, na Líbia e realizar oções de guerra na Siria e no Iraque. Antes disso, costumava ser poupada depois que, ao lado da Alemanha e governo brasileiro, recusou apoio a Bush guerra do Iraque.
Diversos estudiosos consideram que até agora a postura diplomática do governo brasileiro, alinhado com a defesa intransigente da soberania de cada povo para escolher e definir seus governos, ajuda a entender porque o país tem sido preservado, até o momento, de ações dessa natureza.
Isso não representa garantia nenhuma, muito menos na conjuntura de um país que irá sediar uma Olimpíada. Mas mostra a necessidade de se evitar toda e qualquer medida fora do tom adequado.
O único suspeito real até agora é o ministro da Justiça Alexandre Moraes, que acabou corrigido pelo juiz do caso por dizer mais do que poderia.
O golpe se consolida. E quase todos se conformam
июля 23, 2016 0:00A cada dia o golpe se consolida mais.
Os autores do crime nem se preocupam em esconder o que fizeram, para eles não há mais a possibilidade de recuo.
Pouco importa que surjam evidências sobre evidências de que o governo interino é formado por um bando de picaretas jamais reunido na história do Brasil, se não da humanidade.
Picaretas e mais: gente intelectualmente despreparada para assumir qualquer função que exija o trabalho de ao menos dois neurônios de seu ocupante.
Tudo de ruim no ser humano está ali no governo do interino usurpador, o dr. Mesóclice.
Mesmo assim, eles furam os semáforos e caminham céleres para se efetivar no poder.
A chamada sociedade civil, ao que se vê, é de uma anemia profunda neste país.
O mesmo pode-se dizer dos partidos políticos de esquerda, se é que eles existem.
A reação ao golpe foi pífia se comparada ao estrago que ele está causando - e vai ainda causar por muito tempo - ao Brasil.
Parece que as pessoas não entenderam a gravidade, para o futuro desta e das próximas gerações, que é deixar esse bando continuar a comandar a economia, a política, as relações e os contratos sociais...
Claro que há muitos inconformados com a situação, mas de que adianta, na prática, se queixar privadamente, ou, quando muito, nos comentários das redes sociais?
De que adiantam essas manifestações, esses protestos limpinhos, assépticos, que volta e meia se fazem por aí, se eles são completamente ignorados pelos seus destinatários e inexistem na mídia?
Do jeito que as coisas estão parece que os brasileiros já se conformaram com o golpe, ou então pouco se importam sobre quem está na presidência da república.
Ou então, terceira alternativa, querem que o Brasil seja mesmo isso o que apontam todas as tristes evidências que, diariamente, são reveladas pela equipe do dr. Mesóclise: o destino do Brasil é continuar a ser este "gigante bobo", explorado pelos endinheirados do mundo todo, com uma população de analfabetos e idiotas cujas aspirações na vida são comprar produtos de grife, viajar para Miami, comer em restaurantes da moda e ver o mundo pelos olhos da Globo - isso, claro, para uns 10% da população, os privilegiados, porque o restante se ocupará em fazer o trabalho semiescravo que os mantém sobrevivendo.
Que saudade do tempo em que havia alguma esperança... (Carlos Motta)
Os democratas também são culpados pela morte da democracia
июля 16, 2016 0:00Muita gente morreu na Turquia: a tentativa de golpe militar foi fortemente repelida, tanto pelo aparato governista quanto - espanto, surpresa! - pela população.
Quem fiscaliza o MP e o Judiciário?
июля 6, 2016 0:00Há corruptos em todo lugar: na máquina governamental, nas empresas estatais, nas empresas privadas, nos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, e no Ministério Público.
Quando as pessoas ficam sabendo, por exemplo, que um vereador ou um prefeito é corrupto, elas podem acionar a Justiça para puni-lo, ou então, em último caso, simplesmente impedi-lo de voltar a exercer um cargo público, não votando mais nele.
Ou seja, Legislativo e Executivo, além de controles internos para combater a corrupção, são alvos de fiscalização externa.
O Judiciário e o Ministério Público, porém, se autofiscalizam.
Não dá para o cidadão comum, vítima de uma arbitrariedade, ou que saiba de uma mutreta qualquer envolvendo um juiz ou um procurador, fazer algo além de denunciar o fato a um órgão do próprio Judiciário ou Ministério Público.
E aí...
A gente sabe muito bem como a coisa funciona, como é o tal "esprit de corps", o corporativismo, aquela história de "você me protege que eu te protejo".
Por essas e por outras é que a jovem democracia brasileira está em farrapos.
Juízes, promotores, delegados de polícia, procuradores e que tais são apenas e tão somente funcionários públicos, bem pagos, por sinal.
Não estão, ou pelo menos não deveriam estar, acima das leis, além do bem e do mal.
Mas não é isso o que ocorre, para a nossa desgraça. (Carlos Motta)