Ontem dia 9/4, o governador do Paraná foi a Rio de Janeiro assinar um protocolo de intenções com a gigante americana Microsoft. Pelo acordo, o estado do Paraná se compromete a utilizar soluções tecnológicas da empresa de Bil Gattes, em contra partida, a multinacional se compromete a capacitar profissionais no uso destas tecnologias.
Para nós, simples usuários, essa decisão até pode parecer positiva, afinal a grande maioria dos usuários domésticos brasileiros utilizam o Windows piratão e os programas de escritório, Officce, igualmente piratões e eles, cumprem muito bem suas funções.
O problema é que o buraco é muito mais em baixo.
Não se trata de o estado assumir definitivamente o uso do Windows ou o do Office, é um caso de desenvolvimento de novas tecnologias. Tecnologias que já foram desenvolvidas e que já estão em funcionamento!
Veja só:
Para se desenvolver novas tecnologias, são necessárias ferramentas.
Vamos supor que o estado precisa desenvolver um novo cadastro de estudantes da rede pública.
O primeiro passo é estruturar um banco de dados.
Os desenvolvedores não vão criar um sistema de gerenciamento de dados do zero. Vão optar por uma ferramenta já existente, testada e estável. Para isso, podem optar por várias opções, mas vamos nos ater a apenas duas:
- MySql – Software Livre – Gratuito;
- Microsoft Sql Server – Software proprietário – uns R$ 2.500,00 por cada licença.
Ambos têm vantagens e desvantagens e a escolha depende do tipo de aplicação.
Agora vamos cuidar da interface.
Caso o sistema esteja disponível para acesso na rede, terá de ser hospedado em um servidor que entre outros, pode ser:
- Linux – Software Livre – Gratuito;
- Windows Server – Software proprietário – uns R$ 2.500,00 por cada licença.
Novamente, cada um deles com suas vantagens e desvantagens, a escolha depende do tipo de aplicação.
Ainda tem muitos mais detalhes, mas os dois exemplos acima já nos dão uma boa noção.
E é aqui que a proquinha torce o rabicó!
Daquilo que nós, simples usuários, acessamos em nossos computadores, a esmagadora maioria é criada, desenvolvida e hospedada em software livre com Linux e MySql.
O Facebook, Twitter e o Wikipédia, só para citar os mais comuns.
Além disso, o CELEPAR, a Companhia de Informática do Estado do Paraná, possui inúmeros profissionais tarimbados e experientes no desenvolvimento de sistemas baseados em software livre. Estes profissionais e soluções desenvolvidas são reconhecidos e muitas vezes premiados por seus trabalhos na área.
Pois é. Qualquer gestor, gerente, chefe ou responsável por soluções de TI, após analisar prós e contras, só vai optar pelo software proprietário, caso seja “pressionado” pelos lobistas da empresa fornecedora do software.
Se tiver profissionais competentes à disposição, a melhor solução é sempre o software livre.
Claro que esta regra não vale para nós, simples usuários. Para nós, um software padrão, cheio de fru-fru, que acesse a internet, rode o Word e joguinhos é muito mais do que o suficiente.
A merda é que nosso intrépido governador se vendeu aos lobistas da Microsoft.
E fez isso com a desculpa esfarrapada de promover uma melhor comunicação entre os alunos e professores da rede estadual de ensino (nas palavras do governador)
Mas é muita cara de pau do Betinho!
Desde 2006 existe no estado o programa Paraná Digital, um programa de inclusão digital que atende 2.100 escolas do estado, com 1.500.000 alunos, 57.000 professores e 44.000 computadores.
Um programa que já consumiu milhares de horas de desenvolvimento, milhões de reais em equipamentos, mais treinamento e centenas de profissionais.
E Betinho vai jogar todo este excelente trabalho na latrina, só para satisfazer os desejos dos lobistas da Microsoft e a insaciável sede de lucros da empresa americana.
E segundo ele “sem qualquer custo para o estado”.
Tá bom Betinho, me engana que eu sou bobinho.
Onde será contabilizado o prejuízo dos anos de desenvolvimento do programa Paraná Digital, descartado para favorecer os desejos de lucros do Sr. Bill Gates?
Polaco Doido
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