Em novo pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, o presidente Jair Bolsonaro reapareceu na noite de terça-feira, minutos antes do Jornal Nacional, para falar à Nação. Manso, o presidente da República mudou completamente o tom enfurecido de seus discursos, como se alguma ficha tivesse caído. Mas, 12 horas depois, na manhã desta quarta-feira (1), o presidente escreveu em seu Twitter: “Não é um desentendimento entre o presidente e alguns governadores e alguns prefeitos. São fatos e realidades que devem ser mostradas. Depois da destruição não interessa mostrar culpados”.
E postou um vídeo, onde um homem mostra um suposto desabastecimento no Ceasa de Belo Horizonte, afirmando: “Não vamos esquecer não, tá. A culpa disso aqui é dos governadores porque o presidente da República está brigando incessantemente para ter uma paralisação responsável”.
Segundo a Rádio CBN, o vídeo que mostra o Ceasa “vazio”, foi gravado no sábado, quando o movimento já estava mais fraco, e não no dia 31. Imagens mostradas pela TV Globo no meio da manhã de hoje, mostram que não há desabastecimento no Ceasa.
Algumas horas depois, o vídeo foi retirado das redes sociais, pelo presidente.
Apesar do tom conciliador do pronunciamento da noite de terça-feira (31), Bolsonaro insistiu que o problema tão grave quanto o coronavírus que já matou mais de 30 mil pessoas no mundo, é o desemprego dos brasileiros. Bolsonaro insistiu em omitir parte do pronunciamento do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tentado deixar parecer que ele havia dito que o trabalhador precisa voltar ao trabalho.
Na verdade, o Tedros afirmou que o trabalhador precisa de ajuda dos governos durante a tragédia que estamos vivendo, enquanto não pode trabalhar.
O presidente Bolsonaro disse que remédios estão sendo pesquisados para a cura do Covid-19, muito diferente do que afirmou em sua live na semana passada, onde chegou a receitar Reuquinol (hidroxicloroquina) para os brasileiros.
De manhã, na porta do Alvorada, chamou o 31 de março (data em que começou o golpe militar de 1964) de “dia da liberdade”, mas no seu pronunciamento à noite evitou comentar.
Enquanto o presidente falava, panelaços foram ouvidos em praticamente todas as capitais do país. Foi a 15ª manifestação seguida pedindo “fora Bolsonaro”.
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