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Crise migratória: “Nós estamos aqui porque vocês estavam lá”

2 de Agosto de 2018, 12:23 , por Nocaute - | No one following this article yet.
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A verdade é que a atual crise migratória tem suas raízes em mais de seis décadas de políticas intervencionistas levadas a cabo pelos Estados Unidos em diversas partes do mundo.

A política de “tolerância zero” de Trump contra imigrantes já vem levando a consequências aterradoras: pessoas que vivem há décadas nos Estados Unidos se veem obrigadas a voltar para países que já nem reconhecem mais. Crianças acabam sozinhas em unidades de detenção. Outras tantas enfrentam um destino ainda pior: no final de 2017, o governo admitiu ter perdido quase 1.500 crianças que haviam sido forçosamente retiradas de suas famílias e colocadas em lares provisórios. Crianças de três, quatro, cinco anos se veem obrigadas a enfrentar um tribunal desacompanhadas, ou a escolherem um dos pais enquanto assistem ao outro ser sumariamente deportado.

Se o debate sobre o tratamento dado a esses imigrantes pelos aparatos policialescos dos Estados Unidos é sem dúvida de suma importância, esse não é um tema simplesmente de política interna, mas sim um reflexo da política externa dos Estados Unidos.

Enquanto Democratas e Republicanos se culpam mutuamente (aqui vale lembrar que Obama foi, até o momento, quem mais deportou imigrantes na história recente dos Estados Unidos), a verdade é que a atual crise migratória tem suas raízes em mais de seis décadas de políticas intervencionistas levadas a cabo por ambos os partidos, tanto na região quanto em outras partes do mundo.

Políticas que semeiam violência, que são expressas em intervenção militar, imposição do neoliberalismo econômico, e que minam a democracia e a estabilidade dos mais diversos países. Criando vácuos de poder que deixam cicatrizes profundas nessas sociedades. Só para citar alguns exemplos: o golpe de Estado orquestrado pela CIA na década de 50 contra Jacobo Arbenz na Guatemala. Resultou em décadas de instabilidade governamental que, eventualmente, evoluiu para uma guerra civil que deixaria um saldo de mais de 200.000 mortos. Em Honduras, o golpe de 2009 foi acompanhado de uma forte escalada de violência e de um aumento sem precedentes da atuação de cartéis, especialmente nas áreas fronteiriças. A taxa de homicídios hondurenha é hoje a maior do mundo. E, cinco anos após o golpe contra Zelaya, o número de crianças que cruzaram ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos aumentou em mais de 1.200%.

Contras na Nicarágua, NAFTA e México, paramilitares na Colômbia, sanções contra a Venezuela… A lista é longa. O fator em comum? A obsessão dos governos dos Estados Unidos em não permitir a existência de governos que não sigam a agenda imposta por Washington – não importando as consequências. A longa história de intervenção estadunidense nos assuntos alheios agora vem bater à sua própria porta.

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“Querido Lula”

 

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Fonte: https://www.nocaute.blog.br/2018/08/02/crise-migratoria-nos-estamos-aqui-porque-voces-estavam-la/

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