Mais de 80% das amostras de leite materno examinadas em um estudo recente em Uruçuí, Piauí, continham agrotóxicos. Segundo o estudo realizado pelo pesquisador Inácio Pereira Lima, mestre em Saúde da Mulher do Centro de Saúde e Ciências da Universidade Federal do Piauí (UFPI), verificou-se que 83,4% das amostras de leite materno continham glifosato, ácido aminometilfosfônico (AMPA) ou ambas as substâncias.

“A presença de glifosato no leite materno indica contaminação direta por essa agrotoxina ou que as quantidades utilizadas na atividade agrícola na região devem ser tão altas que o metabolismo ou a microbiologia da planta não degradam o excesso”, explicou Pereira Lima. “Nas regiões próximas, onde a atividade agrícola não está presente, suspeitamos que os agrotóxicos contaminaram a água.”

As amostras foram obtidas na maternidade do Hospital Regional Dirceu Arcoverde (HRDA) no município de Uruçuí, localizado a 450 quilômetros da capital Teresina. É o maior produtor de soja do estado, e suas safras são pulverizadas com grandes quantidades de agrotóxicos, segundo o Pragmatismo Político.

Em 2016, foram consumidos 10,1 milhões kg no estado. É o equivalente a 3,18 kg por pessoa, uma porcentagem comparável à média nacional.

Surpreendentemente o mesmo nível de contaminação foi detectado no município de Oeiras, a cerca de 750 quilômetros de Uruçuí, onde a atividade agrícola é a menor no estado.

Com uma participação de 20% do consumo mundial total desde 2008, o Brasil se tornou o principal consumidor de pesticidas do planeta, revelou um novo estudo.

O uso de pesticidas não só impacta a produção de alimentos agrícolas em grande escala, mas também tem sido associado a um elevado número de mortes a cada ano.

*Do Telesur

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