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Olga Praguer Coelho, para ouvir e lembrar do país que nós fomos.

21 de Setembro de 2018, 15:20 , por Nocaute - | No one following this article yet.
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Em sua coluna, Irineu Franco Perpétuo comenta o disco e a trajetória da violonista e cantora brasileira, Olga Praguer Coelho. São 22 gravações que cobrem essas três décadas da carreira da Olga Praguer, desde 1929 até 1960. Um repertório bastante vasto, que tem alguns arranjos do Segóvia, com coisas do Jaime Ovalle, coisas do Hekel Tavares, música espanhola, mexicana, colombiana.

Nesse país em que queima Museu, desativa Orquestra, fecha Universidade a gente está sempre tendo que, nem sei se resgatar ou inventar uma memória para ser resgatada para a gente não se esquecer de si mesmo, nesse país que a elite só olha para fora, alguém tem que olhar para dentro e construir a nossa identidade.

Dentro desse processo eu fico bastante feliz com iniciativas como essa, um disco, finalmente, resgatando ou talvez até apresentando de forma decente pela primeira vez, a arte de Olga Praguer Coelho, musicista brasileira.

Quem foi a Olga Praguer? Se você não sabe, não é culpa sua. Ninguém te fala. Agora, finalmente, você pode até ouvir a Olga Praguer. Ela viveu entre 1909 e 2008. Já é um fenômeno de longevidade. Nasceu em Manaus e ela meio que correu o mundo. O Getúlio Vargas chamou-a de embaixadora da música brasileira e nessa condição ela voou de Zepelim, esteve nos jogos olímpicos de Berlim. Sua arte percorreu a Europa até que junto com o marido, o poeta Gaspar Coelho, eles se radicaram em Nova Iorque, em 1941.

Em 1943, Olga Praguer conheceu aquele que a gente pode considerar como fundador do conceito moderno de violonista concertista, que foi o Andrés Segovia. Não só um tremendo instrumentista, mas sobretudo por ter meio que inventado o recital moderno de violão e ter estabelecido o violão como um instrumento com a mesma seriedade dos outros. Tão digno de dar um recital erudito como qualquer outro.

A Olga e o Segovia viveram juntos por duas décadas. E nessa associação com o Segovia, a Olga foi a primeira pessoa a dar um concerto de violão com corda de nylon. Até então só se tocava violão com corda de tripa.

Por três décadas a Olga gravou e essa trajetória está sintetizada nesse disco. Esse disco tem 22 faixas. Ela não só tocava violão, como ela cantava também. Ela se acompanhava ao violão. Então, a produção dela é cancionista, de uma voz muito bem colocada, acompanhada por um violão de técnica muito bem resolvida.

Aqui a gente tem 22 gravações que cobrem essas três décadas da carreira da Olga Praguer, desde 1929 até 1960. Um repertório bastante vasto, que tem alguns arranjos do Segovia, com coisas do Jaime Ovalle, coisas do Hekel Tavares, música espanhola, mexicana, colombiana. Tudo isso tocado, interpretado com muita graça e muito carisma.

Mas, além disso, para a gente falar de um disco assim com muita coisa antiga, parece que é coisa mais museológica que você ouve e guarda, porque nem sempre a qualidade é boa. Aqui foi feito um trabalho notável de engenharia de som. Você pode imaginar que nesse período todo as fontes são muito diversas, a qualidade dos fonogramas originais, realmente era muito complicada. Eu lembro de ter ouvido lá atrás e mal dava para ouvir que tinha alguém cantando. Mas aqui não, dá para ouvir com prazer e a qualidade foi homogeneizada. Parece que você está ouvindo um disco só do começo ao fim.

Então, vamos lá. Vamos dar uma ouvidinha na Olga Praguer Coelho e lembrar desse país que nós fomos.

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Fonte: https://nocaute.blog.br/2018/09/21/olga-praguer-coelho-para-ouvir-e-lembrar-do-pais-que-nos-fomos/

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