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Os EUA fazem hoje com a Venezuela o mesmo que fizeram durante meio século com Cuba. Não deu certo.

23 de Maio de 2018, 19:32 , por Nocaute – Blog do Fernando Morais - | No one following this article yet.
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Olá, tudo bem?

Você deve estar vendo, todos os dias nos jornais e à noite nas tevês, uma grande mentira que é a cobertura que a grande imprensa tem feito sobre as eleições na Venezuela.

O que está havendo por lá é uma guerra de agressão. Os Estados Unidos começaram impondo sanções, congelando bens venezuelanos nos Estados Unidos – para de comprar isso, pune quem está comprando tais coisas da Venezuela.

Sanções contra determinadas pessoas, especificamente, ou contra empresas venezuelanas. E recentemente – dois dias pra cá – a situação se agravou no âmbito diplomático quando o presidente Maduro expulsou da Venezuela o Encarregado de Negócios dos Estados Unidos – que é o posto mais alto ocupado na Venezuela por um representante de Washington.

Antes que a reciprocidade fosse reivindicada por Trump, o próprio Maduro se encarregou de chamar de volta o seu Encarregado de Negócios em Washington, Carlos Ron, que passa a ser vice-ministro das Relações Exteriores.

Essas agressões por parte dos Estados Unidos, são um filme velho. Nós já assistimos a isso. Tem um livro muito interessante que deveria ser publicado no Brasil que se chama “Operação Extermínio, 50 anos de agressões contra Cuba”. Esse livro foi escrito pelo general Fabián Escalante, meu amigo, amigo do Brasil e amigo de muita gente no Brasil, sobretudo dos cineastas. É um general cinéfilo que deve ter setenta e poucos anos e que foi um dos criadores do Serviço de Inteligência cubano.

É inacreditável o que os Estados Unidos fizeram contra Cuba ao longo desses cinquenta anos. Para se ter uma ideia, um levantamento insuspeito, feito por organizações internacionais, revela que ao longo desse período foram realizadas 681 ações terroristas contra Cuba. Incluindo a invasão militar da Baía dos Porcos, que foi armada, montada, planejada e municiada pelo governo dos Estados Unidos oficialmente. O presidente Kennedy reconheceu a derrota.

Tentaram invadir Cuba com aviões, navios e tropas fortemente armadas e o povo desceu para a Baía dos Porcos. Cada um levando o que poderia levar: uma arma, um pedaço de pau, uma pedra. Em 72 horas as tropas americanas foram escorraçadas da ilha de Cuba.

Esses atentados, essas agressões, ao longo desse tempo produziram 3.478 mortes – ou seja, morreram quase 4.000 pessoas em atentados provocados pelos Estados Unidos – e 2.100 pessoas ficaram mutiladas com esses atentados.

Foram atentados a bomba, incêndios em canaviais, contaminação de rios, lançar pragas em plantações de alimentos e além disso, tem algo que permeia a agressão física que é o bloqueio econômico.

As pessoas ouvem falar do bloqueio contra Cuba, mas sem uma ideia do que seja. Vou dar um exemplo do que é o bloqueio econômico.

Há alguns anos, Cuba conseguiu financiamento internacional e comprou do Japão uma partida de 50 equipamentos para exames tomográficos – esses tubos eletrônicos para fazer exames de saúde – equipamentos de última geração, sofisticadissimos e caríssimos.

Mas como é que leva isso tudo para Cuba? Como é que se transporta esses 50 equipamentos?

Um dos artigos do bloqueio diz o seguinte: “qualquer navio estrangeiro que atracar em um porto cubano fica, automaticamente, proibido de atracar em portos norte-americanos por seis meses”.

Agora, é fácil de imaginar, que companhia de navegação – transporte de carga marítima – se disporia a correr o risco de ficar seis meses sem poder atracar no porto do maior país comprador do mundo que são os Estados Unidos?

Então, isto é o bloqueio.

Qual foi o custo disso para a economia cubana ao longo desse meio século?

Segundo cálculos feitos por organismos internacionais, Cuba teve prejuízo de 280 bilhões de dólares ao longo desse tempo todo. Prejuízos materiais, não estão contidos aí pedidos de indenizações por mortos ou mutilados, que é o que os Estados Unidos devem a Cuba por prejuízos causados à revolução, à Ilha de Cuba ao longo desses anos.

Eu pergunto para vocês o seguinte: se os Estados Unidos tiveram a coragem de fazer isso tudo com uma ilhazinha que a população é menor que a população da Zona Leste de São Paulo, é fácil imaginar o que eles vão tentar fazer (e estão fazendo) com um país como a Venezuela, que detém a maior reserva mundial de petróleo (203 bilhões de barris) mais que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes.

Ocorre que, se Cuba era uma nação pequenininha, naquela época com um exército ainda mal armado, os americanos podem dar com os burros n’água na Venezuela. Há poucos anos o governo venezuelano renovou toda sua força aérea e comprou caças-bombardeiros Sukoi russos de última geração, que podem decolar de Maracaibo e chegar a Nova York em questão de horas.

Portanto, a situação é de uma enorme gravidade. Mas se os Estados Unidos virassem pra trás e olhassem para a história, descobririam que não vai dar certo. Porque fizeram isso com Cuba. Agrediram Cuba por 50 anos e a revolução está lá, dona de seu próprio nariz.

Então, chegou a hora dos norte-americanos colocarem os pés no chão e descobrirem que podem estar entrando em uma aventura ainda mais dramática do que foi a aventura do Vietnã nos anos 70.

O que está acontecendo na Venezuela não é falta ou excesso de democracia. São 203 bilhões de barris de petróleo.

Deu para entender?

Veja também:

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Fonte: https://nocaute.blog.br/2018/05/23/os-eua-fazem-hoje-com-a-venezuela-o-mesmo-que-fizeram-durante-meio-seculo-com-cuba-nao-deu-certo/

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