Apesar de estar sendo estudado em 74 países, mas por enquanto sem nenhum resultado conclusivo, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou nesta quinta-feira (9), que os hospitais municipais vão passar a utilizar a cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus.
A Secretaria Municipal de Saúde introduziu no seu protocolo de tratamento contra a Covid-19 a cloroquina desde que haja prescrição médica e desde que haja consentimento do paciente ou da família, disse o prefeito.
A polêmica sobre o uso da cloroquina começou no Brasil quando, em uma live, o presidente Jair Bolsonaro exibiu uma caixa do remédio Reuquinol dizendo inclusive que “umas dez cápsulas resolvem o problema”.
A questão foi levantada aqui no Nocaute, mas praticamente ignorada, na época, pela grande imprensa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o uso da cloroquina combinado com o antibiótico azitromicina é uma das quatro combinações de medicamentos que estão em fase de testes em 74 países e cujos resultados são monitorados pela organização.
Consultada pelo site de notícias G1, a OMS afirmou que “até agora, nenhum produto farmacêutico se mostrou seguro e eficaz para tratar a Covid-19”.
A cloroquina é usada por pacientes de lúpus, artrite e reumatismo. Como houve uma corrida às farmácias em busca do Reuquinol, houve um desabastecimento nas farmácias, o que obrigou a Anvisa a colocar a droga na lista dos remédios controlados. Fato parecido aconteceu também com a vitamina D, apontada por leigos como preventivo para o coronavírus.
O infectologista Álvaro Furtado Costa, do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, em entrevista ao Jornal da Band, da Rede Bandeirantes, disse que “ainda é muito cedo” para considerar a vitamina D como alternativa para a prevenção ou tratamento do coronavírus.
Depoimento
“Há três anos, tomo diariamente, antes de dormir, uma cápsula de Reuquinol, recomendado pelo meu médico, desde que ele constatou, depois de vários exames, uma artrose que atacou principalmente a articulação da minha mão direita. Depois de acompanhar o noticiário sobre o remédio, inclusive a live irresponsável do presidente do Brasil, um país concedido pela automedicação, procurei o meu remédio em várias farmácias e não encontrei. Como ainda tenho alguns compridos em casa, não me preocupei em estocar, claro, mas já providenciei a receita porque agora só podemos comprar o remédio com o pedido do médico. Virou uma droga controlada. Só lembrando que, no início dos anos 1970, espalhou-se pelo país que casca da árvore de ipê roxo era um santo remédio para curar o câncer. Eu era jovem e me lembro que milhares de pés de ipê roxo em Minas Gerais foram descascados da noite para o dia. A moda passou e nunca mais ninguém falou nisso. Não se tem notícia de nenhuma cura com o chá de casca de ipê roxo”.
Alberto Villas, editor do Nocaute
O post Prefeitura de SP entra na onda da cloroquina como remédio para o coronavírus apareceu primeiro em Nocaute.