A próxima campanha eleitoral só se inicia em junho de 2014, daqui a 16 meses, mas o governo Beto Richa no estado do Paraná ainda não começou e o governador só pensa em sua reeleição. Cada movimento, cada assinatura, cada pronunciamento, visa única e exclusivamente às pesquisas de opinião para o próximo pleito.

A última pesquisa, ADI/Ibope, aponta que o governador tem uma avaliação positiva de 73% do eleitorado paranaense. Porém um dado muito pouco divulgado desta pesquisa mostra que esse nível de aprovação deve-se muito mais ao interior do estado. Em Curitiba e região metropolitana, que concentram uma parcela considerável de eleitores, esta aprovação é de apenas 57%. Conforme a análise muito lúcida do amigo Tarso Cabral Violin em seu blog.

Como o leitor já deve saber, o novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, rompeu com o grupo de Richa no estado e na eleição de 2014 vai apoiar o candidato indicado pelo PT, provavelmente a ministra Gleisi Hofmann.

A capital tem o poder de definir a eleição estadual, então, parar tentar reverter este quadro negativo na capital, a estratégia de Richa é minar, desestabilizar e desconstruir o máximo possível da administração do novo prefeito na cidade.

Na terça feira, dia 5, Beto Richa anunciou que a partir de maio de 2013, não manterá o subsídio do governo na tarifa do transporte coletivo de Curitiba e região. Na prática, jogou a responsabilidade do iminente aumento da tarifa exclusivamente nas costas do novo prefeito.

Hoje, dia 8, o governador anuncia que vai enviar para a assembléia, um projeto de lei que isenta do ICMS o diesel utilizado pelas empresas de transporte dos sistemas integrados da região metropolitana.

Betinho segue à risca os preceitos de Maquiavel em O Príncipe. Cria um problema complexo para, em seguida, a apresentar uma solução mirabolante para o problema que ele mesmo causou e ganhar o amor do povo.

Mas não é só isso. Todo este caos nas tarifas e no transporte público de Curitiba é de total responsabilidade de Richa, vem desde os tempos em que ele era prefeito da capital.

Richa quando prefeito, sempre segurou como pôde os aumentos nas tarifas do transporte público, até quando já não era mais possível e, em maio de 2012, já como governador do estado, se viu obrigado a criar o tal subsídio para tentar salvar a candidatura capenga de seu sucessor, Luciano Ducci, na tentativa de dar continuidade a seu grupo político no comando da capital.

Sinceramente, não acredito que os cálculos empregados na definição da tarifa técnica sejam realistas, mas supondo que sejam, esse rombo de mais de R$ 100 milhões nos cofres da URBS, devem-se exclusivamente à administração Richa.

Entre os anos da administração Richa, a inflação acumulada foi de 35% as tarifas do transporte público sofreram reajustes de apenas 14%. Confira o texto do Celso Nascimento sobre este Assunto.

Queira ou não, este aumento de quase 40 centavos por passagem a ser anunciado nas próximas horas é um reflexo direto da má administração Richa quando o mesmo era prefeito da Capital. Manteve reajustes artificiais das tarifas por oito anos e agora é Fruet quem será responsabilizado pelas lambanças do ex-prefeito e atual governador do estado.

A isenção do ICMS para o combustível das empresas do transporte integrado também não passa de mera enganação oportunista e eleitoreira.

Segundo a URBS, os custos com combustíveis e lubrificantes correspondem a apenas 15,55% dos custos por Km rodado no sistema integrado de transporte, ou R$ 1,3795 dos R$ 5,9571 por Km cobrado pelas empresas de transporte. Aqui.

Como a alíquota do ICMS para combustíveis no estado do Paraná é de 12%, os custos com os combustíveis passarão de R$ 1,3795 para R$ 1,21396 e o valor do Km rodado passará para R$ 5,79156.

No fim, essa festejada isenção do ICMS corresponde a uma redução de apenas 2,7% nos custos operacionais do transporte. Um quase nada!

No bolso do trabalhador e na roleta. Uma tarifa estimada de R$ 3,00 a partir da próxima segunda feira, passaria para uma tarifa de 2,919. Ou seja, na roleta, R$ 2,95 (sem nenhum subsídio) e uma tungada de 70 centavos a mais por dia no bolso do trabalhador.

O bom dessa história toda é que se Gustavo Fruet tiver mesmo algum interesse em peitar o governado nessa disputa visando as eleições de 2014, a única solução é finalmente dar transparência nas contas da URBS. Nenhum prefeito ainda teve coragem para tanto, se ele o fizer, ganhará o respeito de uma considerável parcela do eleitorado curitibano, incluindo este Polaco Doido metido a escrevedor.

Por outro lado, como já é sabido, Fruet está amarrado com os empresários do transporte e mesmo na URBS, o novo prefeito manteve nada menos que quatro dos diretores da gestão anterior.

Se Fruet não enfrentar o governador neste caso do transporte coletivo e URBS, das duas uma:

Ou é um tremendo cagão com medo dos empresários financiadores de futuras campanhas;

Ou

Está somente fazendo o jogo de Richa, e o abandono do ninho tucano foi apenas jogo de cena para mais uma vez ludibriar o já cansado eleitorado curitibano.

Qual delas?

O futuro próximo tem a resposta!

Polaco Doido