Gehe zum Inhalt

Polaco Doido

Zurück zu Blog
Full screen Einen Artikel vorschlagen

As políticas burras de combate e prevenção ao uso de drogas

September 14, 2012 21:00 , von Unbekannt - 0no comments yet | No one following this article yet.
Viewed 110 times

Dia desses, quando saia para almoçar, me deparo com três garotos de uniformes escolares, muito bem tratados, brancos de olhos claros, sentados no meio-fio sob a sombra de uma árvore em uma rua pouco movimentada aqui do bairro.

Três garotos, com não mais que quatorze ou quinze anos, alunos de uma escola particular da região, tranquilamente enrolavam seu baseadinho, sob a luz do sol e as vistas de quem passasse por ali.

Três garotos que nem têm pelos no saco, ou sequer conhecem o cheiro de uma mulher, antes de assistir as aulas do dia, preparam-se enrolando um baseado com primazia e mandando a fumaça para a cabeça.

Como será que foi o aproveitamento destes meninos dentro da sala de aula?

De que adianta toda esta repressão ao tráfico e ao consumo da maconha, uma secretaria municipal antidrogas, tantas apreensões e pirotecnias midiático/eleitorais com as instalações de UPS nos bairros mais violentos da cidade, se adolescentes recém saídos de baixo da saia de suas mães, fumam maconha na rua, em plena luz do dia e antes mesmo de entrar na escola para assistir as aulas?

Com isto posto, fica mais do que claro para qualquer um, que a atual política de combate e prevenção as drogas é caduca, não funciona e só beneficia o mega-traficante e os agentes públicos corruptos, financiados por estes mega-traficantes.

Este mega-traficante não é o passador, aquele que vende maconha na entrada da favela ou mesmo aquele coitado que esconde a maconha no meio da carga do caminhão para dar uma encorpada no orçamento. Estes são apenas vítimas do sistema e pagam muito caro pelo dinheirinho a mais no negócio das drogas. Eles estão sujeitos as leis violentas das milícias do tráfico e ainda sujeitos a duras penas no cárcere caso sejam pegos em flagrante e não tenham dinheiro suficiente para pagar a propina ao agente da lei ou para bancar um bom advogado.

Enquanto isso, o mega-traficante nos é desconhecido. Pode ser algum grande empresário, algum político influente ou até mesmo seu vizinho exemplar, aquele que freqüenta a missa ou o culto, que é um exemplo de pai de família e, provavelmente, volta e meia tem o rosto estampado nas colunas sociais dos jornais da cidade.

Quem é o mega-traficante eu não sei, mas tenho certeza que é apoiado, acredito que involuntariamente, por muitos políticos, empresários, padres, pastores e formadores de opinião espalhados pela cidade.

Padres, pastores, políticos e comunicadores de massa na imensa maioria das vezes são intransigentes quando o assunto é drogas. Repetem em uníssono quase um mantra de que a melhor forma de se combater as drogas é a prevenção e repressão, do mesmo jeitinho que vem sendo feito há anos e, como já ficou mais que provado, não funciona.

Se apóiam em estudos estatísticos toscos e sem nenhum embasamento cientifico. Como por exemplo, de que a maconha é a porta de entrada para outras drogas ou coisas do tipo. Mas ora, este tipo de ensaio estatístico foi realizado em clinicas de recuperação de drogados e, é claro, se o cara tornou-se viciado em cocaína ou crack, também experimentou maconha.

Mas com só um pouco de bom senso, percebe-se que o número de usuários de maconha, incluindo-se aqui os três adolescentes do inicio do post, é infinitamente superior ao número de internados em clinicas de recuperação. Apenas uma pequena parcela de usuários parte para drogas mais “pesadas” e não fazem isso porque a maconha não dá mais o “barato.” O fazem pela facilidade na aquisição da nova droga, pela disponibilidade do entorpecente ou até mesmo porque são burros ao ponto de se afundar nestas viagens sem volta.

O que dizer então das madames e filinhos de papai viciados em anfetaminas, emagrecedores, antidepressivos ou coisas do tipo. São todas drogas pesadas que causam dependência e sérios riscos à saúde dos usuários, mesmo assim, são vendidos legalmente em qualquer farmácia, muitas vezes sem a necessidade de receita médica.

Ou então, de que adianta a instalação de UPS em locais violentos da cidade para se combater a violência e o tráfico de drogas, se para o traficante é muito mais fácil apenas mudar o “ponto” e continuar o comércio ilegal quase que sem sentir a mínima diferença.

É imprescindível alterar a metodologia de combate as drogas no Brasil.

Segundo um estudo da UNIFESP, Universidade Federal de São Paulo, cerca de 7% da população adulta do Brasil, ou seja, mais de oito milhões de pessoas, já experimentaram a maconha. Destes, cerca de três milhões de pessoas fizeram uso da droga no último ano e 1,5 milhão fazem uso diário da erva. Estes números são bastante significativos e comprovam, mais uma vez, de que as atuais políticas de tolerância zero no combate as drogas são indiscutivelmente ineficientes.

Sem contar os custos que esta política causa aos cofres do estado. Como exemplo as prisões: 25% da população carcerária no Brasil cumpre pena por tráfico de entorpecentes, no caso das mulheres, 63% das detentas estão na cadeia pelo mesmo motivo.  É muita gente para ser sustentada pelo estado enquanto cumpre pena e este número só tende a crescer sem nenhuma esperança de que se solucione o problema.

Já passou da hora de se rediscutir a o combate as drogas no Brasil, a política da tolerância zero apenas agravou o problema. Curitiba que desde sempre foi uma cidade pacata hoje é a uma das cidades mais violentas do Brasil e está entre a 25 cidades mais violentas do mundo, graças unicamente a esta guerra contra as drogas. Uma guerra que enriquece alguns, elege outros, mas que infelizmente as únicas vítimas são nossa própria população, que hoje vive encarcerada dentro de suas próprias casas e, em alguns casos, tem que obedecer a toques de recolher impostos por traficantes em lugares onde a própria polícia ou as pirotécnicas UPSs já não tem controle de mais nada.

Polaco Doido


Quelle: http://www.skora.com.br/?p=3558

0no comments yet

    Einen Kommentar schreiben

    The highlighted fields are mandatory.

    Wenn Sie ein registrierter Nutzer sind, dann können Sie sich anmelden und automatisch unter Ihrem Namen arbeiten.

    Abbrechen