O governo de Roberto Requião (2003-2010) foi uma verdadeira mãe para os puxa sacos de plantão, apadrinhados, parentes e cabos eleitorais de luxo. Volta e meia o então governador enviava pedidos para criação de mais e mais cargos de comissão. Eram alguns carguinhos aqui para um parente, outros ali para os amigos, mais outros para apadrinhados e mais outros para seus apoiadores, os apoiadores dos apoiadores e, é claro, não podia faltar uma gorda teta para os puxa sacos de plantão.
A farra foi tamanha que no final do ano de 2010, o governo do estado contava com quase 4.000 pessoas agraciadas pelo tão desejado cargo de confiança, cargo em comissão. Onde a pessoa é contratada pelo estado, com um salário bastante atrativo, mais benefícios, agrados e “otras cositas mas,” sem a necessidade de prestar um concurso público.
Para chutar o pau da barraca e mostrar serviço, uma das primeiras ações do Richa como governador do estado em 4 de janeiro de 2011, foi, com uma canetada só, exonerar 3.931 pessoas que ocupavam cargos em comissão. Claro que, uma tremenda presepada de Richa pois entre estes 3.931, constavam também pessoas cujos cargos em comissão eram ocupados em virtude de eleições, como o caso de reitores, diretores de escolas e servidores escolhidos por estes eleitos para ocuparem estas posições.
Richa também prometeu acabar com grande parte destes cargos, enxugar a máquina pública e pôr em prática o tal “Xoque de Gestão.” Passados dois anos, o que aconteceu foi exatamente o contrário.
No começo, o governo Richa criava cargos de comissão em doses homeopáticas. Eram 30 carguinhos na Sanepar aqui, mais 20 na Copel ali, mais 10 acolá.
De repente, em junho de 2011, a coisa degringolou, saiu do controle. De uma vez só e para acomodar sabe-se lá quem, o governo Richa criou 295 cargos, na grande maioria, para compor o quadro da novíssima Super-Secretaria da Família, sob o comando da Esposa do governador.
Em dezembro de 2011, mais uma canetada e a criação de mais 140 cargos.
Durante o ano de 2012 foram criados nada menos que 901 novos cargos comissionados no estado. Vale lembrar que não somente no governo estadual, o Tribunal de Justiça e a Assembléia Legislativa ficaram com boa parte destes novos cargos.
Apenas durante este mês de dezembro foram criados mais 402 cargos novinhos em folha.
É evidente que existe uma explicação lógica para este festival de distribuição dos cargos de confiança de novembro para cá. Taniguchi, Richa e Ducci, durante os mais de 15 anos em que estiveram no comando da prefeitura de Curitiba, criaram um exército de apadrinhados. Agora, sem a máquina da prefeitura a partir de janeiro de 2013, estes apadrinhados terão de ser realocados e a solução mais cômoda, é empregar estes fiéis seguidores dentro do governo do estado.
Estes fiéis baba-ovos de plantão, sem a necessidade de concurso e sem a necessidade de comprovação curricular, terão garantidos, por pelo menos dois anos, uma polpuda remuneração, o celular pago as custas do erário, carros oficiais com motorista, viagens, as invejadas e apetitosas diárias, almoços e jantares as custas do dinheiro público, os horários flexíveis e, principalmente, o sagrado direito de exercer o assédio moral para cima dos orelhas secas de carreira, aqueles Manés que prestaram concurso e dedicam suas vidas pelo bom funcionamento da máquina pública.
Se o governo Requião foi uma verdadeira mãe para os comissionados do estado, o governo Richa vai muito além, é uma verdadeira fada madrinha.
Não bastassem os incontáveis novos cargos criados, em outubro de 2011 o governador ainda resolveu dar uma turbinada nos vencimentos de todos estes comissionados. Fora as gratificações que já são superiores ao salário médio dos paranaenses, Richa ainda concedeu aumentos que variaram entre 63% e 128%.
Na outra ponta da tabela, os “laranjas podres” que votaram em Richa motivados pela promessa de receber um aumento salarial de 27% ainda em 2011, já entrando em 2013 receberam parcos 6% divididos em várias parcelas, os outros funcionários de careira do estado receberam aumentos inferiores a isso. Concurso público no estado até parece ser palavra proibida, apenas para policiais e olha lá.
Então, não é de se estranhar estes indicativos de greve que pipocam nas repartições públicas, a já confirmada greve dos professores da rede estadual marcada para fevereiro de 2013 e a total estagnação do estado.
O Paraná voltou no tempo, instalou-se por aqui um novo sistema de governo, uma monarquia disfarçada onde os únicos beneficiados são os amigos do rei e, para todos os outros, restam somente os rigores da lei.
Polaco Doido
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