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Polaco Doido

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Coronelismo Midiático – A ascensão do novo coronelismo paranaense

21 de Julho de 2014, 15:40 , por Polaco Doido - | No one following this article yet.
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Nestes primeiros movimentos da campanha eleitoral 2014, as atenções e os holofotes da imprensa corporativa estão limitados apenas àqueles candidatos ao executivo com chances reais de chegar ao segundo turno (Beto Richa – PSDB, Gleisi Hofmann – PT e Roberto Requião – PMDB).

Talvez os chefes de redação tenham se esquecido que o sistema de governo no país, estados e municípios é dividido em três poderes distintos, equivalentes e teoricamente independentes e que o poder legislativo, exercido pelos deputados, é tão determinante e influente nas tomadas de decisões importantes quanto o é o poder executivo, comandado pelo governador do estado.

Também não é muito estranha a opção de Ratinho Jr. – PSC-PR?

Ora, um político com o histórico eleitoral de Ratinho Jr. poderia disputar com chances reais qualquer um dos cargos em disputa no estado.

Seria um forte candidato a Governador, a vice-governador a Senador ou se reelegeria facilmente como Deputado Federal.

Por que então, ele não aceitou a vaga de vice-governador na forte chapa de Beto Richa e optou por disputar o prosaico cargo de Deputado Estadual. Um cargo sem o glamour e os holofotes de chefe do executivo estadual ou de senador?

Simples. Ratinho Jr. não é nada bobo.

A administração de Richa no comando do governo do estado tem sido muito aquém do esperado e são muito reais as chances do atual governador não conseguir se eleger para um segundo mandato.

Como vice de Richa, Ratinho Jr, correria o sério risco de amargar uma derrota eleitoral que mancharia seu currículo vencedor e o colocaria numa espécie de ostracismo eleitoral pelos próximos anos.

Se concorresse a mais um mandato de Deputado Federal seria facilmente eleito, mas depois disso seria apenas mais um deputado no Congresso Federal, com seu brilho ofuscado por tantos outros deputados federais muito mais atuantes, relevantes e midiáticos que ele.

Ratinho, o Júnior, tem ambições maiores. Não quer ser apenas um coadjuvante na história política, quer ser protagonista, quer ser cacique.

E qual é o plano?

O plano é maquiavelicamente simples.

O moço é um fenômeno de votos e se repetir o desempenho das últimas eleições será facilmente o recordista de votos nominais para o cargo de Deputado Estadual do Paraná.

Histórico:

Eleições/Partido

Cargo

Votos Nominais

Percentual dos votos Válidos

2002/PSB Dep. Estadual 189.739 3,656%
2006/PPS Dep. Federal 205.283 3,827%
2010/PSC Dep. Federal 358.924 6,805%
2012/PSC 1ºT Prefeito 332.408 34,08%

Em 2010 o candidato Ratinho Jr. ainda não possuía a força da participação de 33,32% na Rede Massa de Comunicação LTDA, contando com cinco emissoras de TV, aproximadamente 200 retransmissoras cobrindo 100% do território estadual e ainda, as oito emissoras de rádio FM cobrindo as principais e mais populosas regiões metropolitanas do estado.

Para as eleições de 2014, com o apoio legal, porém imoral, da rede de rádio e TV onde Ratinho Jr. é um dos proprietários, podemos esperar um desempenho ainda melhor do candidato nas urnas.

Vamos supor que o candidato Ratinho Jr. apenas repita seu desempenho de 2010, arredondado para 7% do total de votos válidos.

Clique aqui para entender como é feito o cálculo das eleições

Sozinho Ratinho Jr. elege-se a ele mesmo e mais outros 4 deputados da sua coligação.

Levando-se em consideração que além de Ratinho jr. concorrem pela mesma coligação outros 107 candidatos, alguns deles com boas chances de conseguir uma quantidade considerável de votos. Numa estimativa modesta, pode-se esperar que a próxima legislatura da ALEP conte com entre 8 e 14 deputados do PSC e de partidos menores, satélites, atualmente coligados a este, o PR e PTdoB.

Pode parecer pouco, mas não é. Atualmente, o partido com o maior número de representantes na ALEP é o PMDB, com seus 13 deputados.

Além disso, na última eleição o PSC elegeu apenas dois deputados estaduais.

Com esta demonstração de poder nas urnas, Ratinho Jr. pode se quiser (e vai querer mesmo), pleitear a presidência daquela casa, finalmente tornando-se protagonista, um cacique. E não importa quem seja eleito governador, este vai ter que tocar conforme a batuta do dono da Rede Massa de comunicação. Se não, nada se faz nada se aprova e o executivo ficará travado.

Além disso, de lambuja, Ratinho ainda contribui para dar musculatura ao Partido do qual ele é presidente estadual.

Não custa nada lembrar que para substituir o lugar (e os votos) de Ratinho Jr. na Câmara Federal, foram escolhidos pelo menos dois nomes com grande potencial para tornarem-se igualmente campeões de votos:

A auto-intitulada psicóloga cristã, Marisa Lobo (PSC-PR) que recentemente teve cassado seu registro para o exercício da profissão de psicóloga.

O Bolsonaro dos Pinheirais, Sheherazade de cuecas, olavette assumido e orador do instituto Mises nos jornais da Rede Massa de Televisão, Paulinho Martins (PSC-PR).

Tubo bem, o PSC está tentando se firmar como principal legenda de oposição aos projetos de cidadania e inclusão social iniciados no governo Lula em janeiro de 2003.

Tudo bem também que a atual grande força de oposição ao Governo Federal, o PSDB, vem fazendo uma oposição chula e desonesta desde janeiro de 2003.

Mas não me parece que o PSC com seu discurso religioso, sexista, segregador, conservador e homofóbico, seja uma alternativa coerente de oposição ou mesmo de governo.

O destino poderia ter preparado algo “menos pior” para a gente.

Que Deus nos livre de novos e mais raivosos Marco Felicianos na política!

Polaco Doido


Fonte: http://www.skora.com.br/?p=5679