Amanhã 22/02, a URBS fará uma audiência pública para definir a nova tarifa de ônibus em Curitiba. A Audiência será  realizada no auditório do Mercado de Orgânicos do Mercado Municipal, com início previsto para as 14 horas. Somente empregados e empregadores do sistema estão aptos a apresentar reivindicações ou argumentos. Apesar disso, depois das apresentações, representantes da comunidade podem fazer suas considerações e questionamentos sobre a nova tarifa.

Ou seja, um joguinho de cartas marcadas.

Devido a outros compromissos já assumidos, o Polaco Doido não poderá participar desta audiência pública. Mas se o leitor não tiver nada melhor para fazer e também não tiver nenhuma consideração ou argumento sobre o caso, segue abaixo uma singela dica.

Um pequeno exercício lúdico de como deve ser calculada a tarifa do transporte na cidade de Curitiba, pelos nossos sábios gestores do sistema.

Uma passagem rodoviária, de Curitiba para Foz do Iguaçu, pela Viação Catarinense, custa R$ 231,21. Os ônibus leito têm capacidade para 24 passageiros e contam ainda com poltronas confortáveis, ar-condicionado com controle individual, mantas, travesseiros, frigobar, TV/DVD, calefação e até um cagadorzinho caprichado. E dois motoristas, já que a viagem é superior as oito horas regulamentadas para o exercício do profissional.

São 24 passageiros, numa viagem confortável de mais ou menos nove horas e 637 quilômetros. Ou seja: (R$ 231,21 x 24) / 637 km = R$ 8,71 por quilômetro rodado.

O sites http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/institucional/urbs-em-numeros e http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/frontend_dev.php/transporte/tarifas-custos trazem informações interessantíssimas.

Segundo a URBS, o custo por quilômetro rodado do sistema é de R$ 5,9571. Mas vamos tentar compilar alguns números.

Segundo o primeiro dos links acima:

• 2.290.000 passageiros / dia (útil)
• 355 linhas
• 21.680 viagens
• 478.000 Km percorridos (dia)
• R$ 2,89 tarifa técnica.

Beleza, continha básica:

(R$ 2,89 x 2.290.000) / 478.000 km = R$ 13,8453 o quilômetro rodado.

A arrecadação de R$ 13,85 por Km rodado é muito mais que os R$ 8,71 da Viação Catarinense no trecho Curitiba – Foz do Iguaçu.

Beleza! Sei que quem leitor que vai discordar destes números, vai alegar que tem um monte de passageiro não pagante no sistema etc.

Então tá, vamos recalcular utilizando somente os usuários pagantes conforme divulgado na página da URBS.

(R$ 2,89 x 1.888.000) / 478.000 = R$ 11,4148 o quilômetro rodado.

Ainda um valor superior ao arrecadado pela Viação Catarinense numa viagem confortabilíssima entre Curitiba e Foz do Iguaçu.

Mas os chatos de plantão ainda vão discordar, vão argumentar que numa viagem rodoviária o a rotação do motor se mantêm constante, o consumo de combustível é menos por Km… E, neste caso, o único impacto é apenas o consumo de combustível, apenas um dos inúmeros itens para o cálculo da tarifa técnica.

Vamos extrapolar e supor que no transito da cidade os ônibus consumam 30% a mais e, para isso, estendemos no número de Km percorridos em 30%, sem desconsiderar desgaste de pneus, lubrificantes e outros insumos.

(R$ 2,89 x 1.888.000) /  [478.000 + 30%] => 621.400 = R$ 8,78 o quilômetro rodado!

R$ 8,78 sete centavos a mais do que o cobrado pela Viação Catarinense. Sem lotação, com todos os passageiros confortavelmente acomodados em suas poltronas espaçosas, com cobertor, travesseiro, ar-condicionado individual, TV/DVD, frigobar.

Qual o argumento agora?

Manutenção dos terminais e estações tubo?

Pagamento dos cobradores nos tubos?

Justifica esta tarifa técnica absurda José!

Se o leitor tiver tempo livre e bom coração de levantar estes questionamentos do Polaco Doido, compareça na audiência pública de amanhã e apresente este e outros questionamentos.

Serviço:

Audiência Pública Para Discussão da Nova Tarifa do Transporte
Auditório do Mercado de Orgânicos,
Mercado Municipal de Curitiba
Sete de setembro, 1865
Dia 22/02/2013 as 14 horas

Polaco Doido