Surrupiado do Anais Políticos

Na cidade de Curitiba, sempre atenta aos modismos nacionais e internacionais, desembarcaram os mais novos superstars das numerosas duplas sertanejo-políticas que infestam o país. Os escolhidos da vez são Damedo e Danojo. Foram direto para o segundo turno das mais disputadas eleições das últimas décadas. Havia gente mais competente que eles, mas o citadino curitibano, insistindo na alienação que lhe é peculiar, escolheu dentre todos, o queridinho da mídia e o odiadinho da mídia.

Instala-se uma situação temerosa. Damedo provém de uma “elite” política azeitada, com tentáculos discretos espalhados por todos os ramos do poder, sempre com uma secretaria aqui, uma influência alí e um trololó insuportável acolá, do falar muito e do dizer nada. Damedo é o queridinho da imprensa porque ele representa o continuísmo daquilo que a high society sempre quis, que é o “vamos mudar para que nada mude”. E como por aqui é feio ir contra o que manda a high society, Damedo que aliara-se a uns esquerdistas de meia pataca que também falam muito e dizem nada, colocou o pé no segundo turno depois de ser acusado de tudo, no primeiro. A maioria, verdade.

Danojo, por outro lado não faz parte de nenhuma elite quatrocentona, apesar de também ser rico e aparentemente, boa vida. É estudado mas dizem por aí que ia pra faculdade mesmo, era pra ouvir o ritmo universitário e pegar o canudo. Patrocinado pelo pai, um personagem quase circence adorado por certa parte da população, Danojo revestiu-se de um discurso socialista, pero no mucho. Danojo inspira medo e é ridicularizado pela classe média por ser filho de quem ele é. O problema de Danojo é que ele nunca quis ou nunca conseguiu provar o contrário. Aos ricos não provou que não tá nem aí pros pobres. Aos pobres, não provou que não liga para os ricos. Ficou no purgatório eleitoral, onde se pega uma parcela do eleitorado, e com ele morre abraçado.

Damedo e Danojo tocaram juntos  no mesmo bailão em Brasilia por anos a fio e apesar de serem de facções diferentes no repertório político, acabaram ouvindo cada um o seu ego e chegaram à brilhante conclusão de que poderiam ser prefeito da Capital do Paraná. Cada um lançando mão de sua gama própria de poder e influência. Nenhum efetivamente, com a intenção de fazer a cidade voltar a ser o que um dia já foi.

Sobrou para o povo que terá de escolher entre o ruim e o pior. No meu modo de ver, Danojo é ruim, mas Damedo é o pior. Coitado do povo que por pura ignorância, deixa chegar nesse ponto.