Saul Raiz, prefeito de Curitiba 1975 – 1979. Imagem Albari Rosa / Gazeta do Povo

Como o leitor já deve ter visto por aí, o ex-prefeito de Curitiba, Saul Raiz foi baleado durante uma tentativa de assalto no final da tarde do último sábado. Procurou atendimento em um hospital da cidade e teve seu pedido negado pelos atendentes do hospital.

Pelo que se lê e se assiste por aí, parece mesmo um grande absurdo que o hospital tenha negado atendimento a uma pessoa baleada, correndo risco de morte. Agora pipocam as críticas de jornalistas profissionais querendo as cabeças dos responsáveis pelo hospital.

Muita falta de coerência dos nossos “profissionais” da notícia.

A tentativa de assalto ocorreu na Visconde de Nacar, a poucos metros do hospital e o ex-prefeito, usando a lógica, seguiu sozinho, dirigindo o próprio veículo, a procura de atendimento no hospital mais próximo.

O que os “profissionais da informação” esquecem, talvez propositadamente de informar, é que o Hospital São Vicente, não possui uma unidade de pronto socorro, um pronto atendimento para ferimentos deste tipo. Sendo assim, não tinha mesmo como prestar socorro ao homem baleado, se o fizesse e por ventura, o procedimento não fosse bem sucedido, os riscos seriam muito maiores, tanto para o baleado, quanto para a instituição.

Como já disse, o Hospital São Vicente não tem profissionais nem estrutura física para atender pacientes vítimas de ferimento à bala. É um hospital particular, conveniado também ao SUS, que executa procedimentos como consultas, cirurgias, tratamentos diversos e internações.

Para atendimento de traumas como ferimentos à bala, existem diversos outros locais na cidade. Como o hospital Evangélico, o Hospital Cajuru e o Hospital do Trabalhador. É lá que se encontram os equipamentos e profissionais treinados para este tipo de atendimento.

É claro que nesta situação, o ideal seria que os atendentes do São Vicente, primeiro tivessem pelo menos estancado os sangramentos do ex-prefeito, para depois, providenciar o transporte do mesmo para uma unidade especializada no tratamento e acredito que isso tenha sido feito.

Talvez não houvesse uma ambulância disponível, talvez a ambulância tenha demorado e, por isso, do manobrista do hospital ter tomado a iniciativa de levar o ex-prefeito até o hospital Evangélico.

Tudo dentro da normalidade.

Mas e se…

E se o médico de plantão do hospital São Vicente no último sábado, com quase certeza um clínico de cardiologia ou oncologia, tivesse se metido a tratar os ferimentos do ex-prefeito?

Por mais que tivesse obtido sucesso neste atendimento, com certeza ele e a instituição sofreriam represálias legais por parte do conselho de medicina.

Então, as atitudes tomadas por todos os envolvidos, desde o ex-prefeito, os atendentes, o médico de plantão e até o manobrista, foram absolutamente corretas e dentro dos padrões estabelecidos.

Que a prefeitura e o ministério público queiram investigar o ocorrido, para apurar se houve ou não alguma falha no atendimento, tudo bem, faz parte do processo.

Agora, estes veículos profissionais de informação, fazendo estardalhaço pelo caso, é no mínimo suspeito. Dá a impressão de que o único objetivo é conseguir audiência sensacionalista em cima de uma tragédia ou esconder debaixo do tapete o verdadeiro problema, o caos na segurança em curitiba.

Nenhum dos veículos profissionais da informação se preocupou com os motivos que levaram o ex-prefeito a ser baleado. Foi uma tentativa de assalto, seqüestro, atentado? O que o ex-prefeito fazia em seu veículo estacionado na Visconde de Nácar?

Não, todos eles partiram direto para as acusações contra um hospital particular que agiu dentro das normas estabelecidas.

A violência descabida, nestes tempos de UPSs do governo Beto Richa, foi convenientemente esquecida por todos os veículos de comunicação.

Por que será?

Um hospital particular é quem tem que responder sobre o caos na segurança pública na cidade de Curitiba, justamente quando esta violência atinge um alto represente da elite na cidade de muito pinhão?

Parece que vivemos um caso extremo de inversão de valores.

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma” – Joseph Pulitzer

atualizado em 18/02 as 12:11

Segundo a Gazeta do Povo, o ex-prefeito não corre risco de morte, deixou a UTI na manhã desta segunda feira e será transferido para outro hospital ainda hoje. A família de Saul Raiz preferiu não divulgar o hospital para onde será transferido o ex-prefeito.

Polaco Doido