Com o fim da segunda Guerra mundial, o mundo se viu num estado de profundas transformações sociais, estruturais e tecnológicas. Todas as instituições tiveram que se adaptar a estas mudanças e com a Igreja Católica não foi diferente, era preciso dizer adeus à idade média para sobreviver como instituição
Sob o comando de Paulo VI (63-78) a igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), viveu um período de mudanças. As missas passaram a ser celebradas na língua nativa dos fies, até então eram celebradas exclusivamente em latim com o celebrante de costas para os fiéis. A ICAR abriu canais de diálogo com outras instituições religiosas e iniciou debates sobre temas considerados intocáveis até então, como sexualidade, controle de natalidade, divórcio transformando-se em uma instituição com responsabilidades sociais e não apenas com as velhas atribuições essencialmente espirituais.
Claro estas aberturas deveram-se muito mais a seu antecessor, João XXIII (58-63) que ciente das profundas alterações sociais no mundo do pós-guerra, convocou o concílio Vaticano II (62-65), na tentativa de preparar a Igreja Católica para o Segundo Milênio.
Estas reformas não foram bem recebidas pelos setores mais conservadores da Igreja, Paulo VI era assumidamente um conservador. Nem é de se entranhar que todos seus sucessores, igualmente conservadores, foram nomeados por ele para compor o Colégio Cardinalício (João Paulo II em 67, João Paulo I em 73 e bento XVI em 77).
Wojtyla e Ratzinger, durante seus papados se empenharam muito na tarefa de exterminar todos os “movimentos sociais” nascidos dentro da igreja graças as aberturas promovidas pelo Concílio Vaticano II. O extermínio do movimento Teologia da Libertação, criado por religiosos ligados a movimentos sociais é apenas um dos exemplos.
Durante a Terceira Conferência Geral do Episcopado latino Americano, realizada na cidade de Puebla no México em 1979, os bispos reunidos alertaram que as desigualdades e injustiças na América Latina eram os fatores geradores da pobreza desumana vivida por milhões de latino americanos. Não combater estas desigualdades e injustiças seria um escândalo e uma contradição com modo de ser cristão.
Apesar disso, tanto João Paulo II, quanto Bento XVI, fizeram vistas grossas a estas constatações. Preferiram focar seus pontificados em assuntos mais espirituais ou escandalosamente absurdos, como a proibição de todo e qualquer método contraceptivo de Wojtyla ou a perseguição implacável aos homossexuais de Ratzinger.
O discurso social foi completamente abolido e criminalizado dentro da ICAR, qualquer menção a idéia de igualdade social é vista como uma teoria diabolicamente marxista. Pois segundo os doutrinadores da igreja, a única salvação é o paraíso celeste e este só é alcançado através da oração, do sacrifício e do sofrimento.
Com isso, a ICAR vem perdendo cada vez mais e mais fiéis para as igrejas pentecostais com suas teologias da prosperidade. Assim a igreja romana volta-se quase que exclusivamente para os poderosos ou abastados. Os ex-fiéis e fiéis descontentes indagam-se sobre os rumos e escolhas da instituição. Lógico que estes descontentamentos e estas indagações transformam casos pontuais de corrupção e/ou pedofilia dentro da igreja em eventos supostamente corriqueiros.
Talvez tenha sido por isso que Bentão Nazi 16 pediu pra sair.
Mas a saída de Bentão não implica necessariamente em mudanças ou da retomada do rumos da ICAR numa cruzada por justiça social, como aquela pregada por Jesus Cristo em seus sermões.
Esta mudança deve ser estrutural, infelizmente todas as lideranças sociais de dentro da igreja foram dizimadas. Hoje a igreja confunde justiça social com caridade e caridade, como todos deveriam saber: A caridade não passa de um luxo, ela alimenta os pobres do mesmo modo que alimenta os cães abandonados.
Segundo o pensamento conservador da Santa Igreja Católica Romana, pobres são como cães e devem ser tratados como tal pelas almas caridosas.
E vai continuar assim, a tendência é aumentar cada vez mais o abismo entre os abastados servos da igreja e os cães dependentes da caridade.
Polaco Doido
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