Jesus, o personagem principal da mitologia cristã era um cara bastante experto.
Certa vez, quando perguntado sobre a licitude do pagamento de impostos ao imperador romano não titubeou e soltou a celebre frase:
“Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21)
Apesar dos ensinamentos cristãos já fazerem parte da cultura ocidental desde sempre, parece que muitos dos que se intitulam seguidores do Cristo, na verdade não seguem seus ensinamentos. Ou são burros ou hipócritas ou simplesmente oportunistas.
E aqui, Polaco, doido, completamente tapado e sem nenhuma pretensão de ser levado a sério, apesar de assumidamente ateu, tenho a absoluta certeza de que religião e política são coisas distintas e não deveriam se misturar, sob o risco de sofrermos graves conseqüências com isso.
É claro que o leitor ainda lembra das aulinhas de história, durante a idade média na Europa? As cruzadas, os reis regidos pelo papa, a regressão da sociedade, da ciência e da filosofia; sem contar nas perseguições descabidas contra todos aqueles que eram considerados descrentes.
Pois é, é justamente isso que ocorre quando a religião exerce o poder sobre o estado. Afinal nenhuma religião é democrática são todas elas absolutistas.
Será que é isso que você, mais todos aqueles que crêem em um ser superior, realmente desejam para o futuro?
Infelizmente caminhamos a passos largos para a criação de um estado predominantemente teocrático. Se não vejamos:
Dos 30 partidos políticos brasileiros, pelo menos seis são ligados a instituições religiosas ou então baseados nas doutrinas destas.
- PTC (Partido Trabalhista Cristão) – Antigo PRN que nos deu Fernando Collor presidente do Brasil em 1989.
- PSDC (Partido Social Democrata Cristão) – Legenda de centro-direita inspirada nos valores humanísticos do cristianismo e no testemunho do evangelho. Para lembrar, cante mentalmente com o Polaco: ♪♫ei, ei, Eimael… um democrata cristão♫♪
- PSC (Partido Social Cristão) – A denominação “Social Cristão” vem de seus partidários que acreditam que o cristianismo, mais do que uma religião, é um estado de espírito que não segrega e não exclui, além de servir de base para que pessoas tomem decisões de forma racional. (um exemplo de como a legenda não segrega nem exclui e é extremamente racional, pode ser comprovado no vídeo logo abaixo)
- PHS (Partido Humanista da Solidariedade) – em seu estatuto: Art. 3ª § I: permanente reverência a Deus, cuja proteção e orientação deverão ser invocadas na abertura e encerramento de todas as reuniões.
- PRB (Partido Republicano Brasileiro) – braço político da Igreja Universal do Reino de Deus do Pastor Edir Macedo.
- PEN (Partido Ecológico Nacional) – seguindo o exemplo do PRB é o braço político da Igreja Assembléia de Deus. No Art. 3º de seu estatuto, segundo o qual a base do partido são, “os conceitos da Social Democracia Cristã”.
Para pensar na cama antes de trocar aquelas idéias com Morfeu:
“Sempre que a moralidade baseia-se na teologia, sempre que o correto torna-se dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e estabelecidas.” (Feuerbach)
Além disso, temos por esta terra de palmeiras e sabiás, a formação de verdadeiras quadrilhas bancadas religiosas nas casas legislativas espalhadas pelo país. São incontáveis senadores, deputados e vereadores eleitos para defender os interesses de suas religiões e seus deuses e não de toda a sociedade e dos partidos aos quais representam e pelos quais foram eleitos.
Na câmara federal são nada menos que 74 deputados ligados diretamente a instituições religiosas espalhados pelos mais diferentes partidos.
- 22 Assembléia de Deus,
- 09 Igreja Batista,
- 07 Igreja Universal,
- 06 da Igreja Presbiteriana,
- 06 Evangelho Quadrangular,
- 05 Internacional da Graça,
- 02 Maranata,
- 17 de outras igrejas.
Não parece nada, mas se fosse um partido político seria a terceira maior bancada do congresso, perdendo apenas para o PT e o PMDB.
E a questão principal neste caso é que estes deputados não agem de acordo com os programas dos partidos legalmente constituídos e pelos quais foram eleitos, mas sim, pelas orientações religiosas que professam. (fonte)
Trata-se de uma bancada bastante poderosa e que consegue travar a tomada de decisões muito importantes para toda sociedade.
Como foi na legislatura passada com a quase proibição das pesquisas com células tronco e na atual legislatura, com as discussões sobre criminalização da homofobia, a não discussão sobre o direito ao aborto e mais recentemente, a tentativa de taxar a homossexualidade não com algo natural e sim como um desvio de personalidade, uma doença.
Mas é lógico que não se pode culpar o cidadão comum, o eleitor. Ele não percebe que está colaborando para criação de uma ditadura religiosa quando escolhe seu candidato na urna. Claro, o cidadão comum ainda vota na pessoa e não nas idéias e ideologias que o partido deste candidato representam.
Daí, com este filão eleitoral religioso, fica fácil para os candidatos se apresentarem como idôneos, moralistas e tementes a deus, ganhando assim, o voto e consequentemente o mandato de seus eleitores. Uma lástima.
Curitiba pode servir como exemplo.
Em novembro de 2002 o vereador Pastor Valdemir Soares (PRB) da Igreja Universal, Propôs a instituição da marcha para Jesus na cidade, com o seguinte texto:
Art. 1º. Fica instituído, no município de Curitiba, a Marcha para Jesus que se realizará, anualmente, no 3º sábado do mês de maio.
Art. 2º. O Poder Executivo dará todo apoio e estrutura necessários para a realização da Marcha, colocando à disposição dos organizadores pessoal necessário e suficiente para que o evento se realize da melhor forma possível.
Em 31 de março de 2005, o então prefeito e atual governador do estado, Carlos Alberto Richa, promulgou a lei que inclui a Marcha para Jesus no calendário oficial do município.
E está desde então, institucionalizada a folia religiosa na cidade de muito pinhão!
Só para dar uma pequena noção, só em 2012 a vereadora Noêmia Rocha (PMDB) da Igreja Assembléia de Deus, destinou a bagatela de R$ 48.000,00 em emendas orçamentárias para a realização da marcha.
Quanto será que mais verbas em emendas no orçamento do município os outros vereadores da bancada evangélica também destinaram para a realização do evento?
Mas tá, vá lá que a tal Marcha para Jesus fosse mesmo um evento dedicado ao protagonista dos evangelhos e do cristianismo, eu nem ficaria puto, muito menos, subiria nas tamancas.
Infelizmente, na tal marcha, a última coisa a ser lembrada é a pessoa homenageada.
A marcha serve somente a três propósitos:
- Divulgar os nomes de pessoas e igrejas patrocinadoras e responsáveis pela marcha;
- Apresentar cantores e bandinhas gospel com seus respectivos empresários e gravadoras do gênero que, montados nos trios elétricos, animam a festa;
- E principalmente, apresentar mais e mais candidatos ligados às igrejas para as próximas eleições.
E não é?
Se você, que se é evangélico, muito pouco provavelmente está lendo este blog sujo, mas se, por acaso, já participou da tal marcha, sabe que não estou faltando com a verdade. Sabe que é bem isso mesmo.
Ainda não acredita? então dê uma olhada em outro texto muito mais confiável: http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/2012/07/marcha-que-nunca-foi-para-jesus.html
Polaco Doido
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