Com as notícias de piora no estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e as matérias e comentários maldosos que pipocam pela rede mundial, fico aqui me perguntando o porquê de tanto ódio para com um presidente democraticamente eleito e que, indiscutivelmente, é responsável direto pela democratização e inúmeros avanços sociais no país vizinho.
Classificam-no como um “ditador,” “tiranete,” “comunista” e, as vezes até, de ser a própria encarnação do capeta.
Ao ler matérias sobre Chávez ou Venezuela é muito comum encontrar comentários repletos de uma ira descabida e até em conversas com conhecidos, muitos deles simpatizantes dos ideais da esquerda, não é raro ouvir que Hugo Chávez é um ditador e não merece nenhuma consideração.
Aqui no Paraná o Dep. Ney Leprevost(PSD) em 2007 conseguiu com que Hugo Chávez fosse declarado persona non grata (pessoa não bem-vinda, em tradução literal) no território do estado, para depois, em 2009, proibir a TV Educativa do estado a retransmitir os noticiários da Telesur, produzidos pela TV estatal venezuelana.
E Leprevost conseguiu esta façanha sem exibir uma única prova contra o presidente da Venezuela. A única justificativa apresentada foi que o deputado tomou a iniciativa apenas por considerar o venezuelano um verdadeiro ditador.
Um absurdo, mesmo que vindo de um deputado do PSD, na época filiado ao PP. Imagine que com essa iniciativa, qualquer pessoa pode ser declarada não bem vida no estado, independente de qualquer fato ao argumento.
Segundo o Houaiss ditador é:
autoridade máxima de um país que concentra todos os poderes do Estado e exerce poder absoluto, durante uma ditadura.
Ora, a Venezuela nem de longe é uma ditadura, é uma democracia. Desde que Chávez foi eleito em 1998, os venezuelanos compareceram as urnas nada menos que quinze vezes, todas estas eleições foram julgadas livres por todos os observadores internacionais. O ex-presidente norte americano Jimmy Carter descreveu o sistema eleitoral venezuelano como “o melhor do mundo.”
Antes de Chávez quase 25% dos venezuelanos viviam num estado de extrema pobreza, hoje este índice é de 8,6%. O desemprego reduziu-se pela metade e o PIB per capita dobrou.
Muitos alegam que Chávez destruiu a economia de seu país, mas as exportações de petróleo foram de US$ 14,6 bilhões em 1998 para US$ 60 bilhões em 2011.
O valor máximo pago de impostos no país é de 34% e a sonegação é astronômica.
Bem ao estilo de Augusto Pinochet quem em 1973 assassinou o presidente eleito do Chile, Salvador Allende, a oposição venezuelana tentou um golpe de estado para derrubar o governo Chávez em 2002. Apesar da violência durante a tentativa de golpe a única represália do governo foi a não renovação de concessão da emissora de TV RCTV em 2007 (5 anos depois), A RCTV teve uma participação crucial durante o golpe de 2002. (Vídeo completo no final do post)
Além disso, a mídia privada venezuelana detém cerca de 90% da audiência no país e toda mídia privada de lá é contra Chávez.
Então. Onde está o indicador de que Chávez é mesmo um ditador e de que na Venezuela existe uma ditadura?
Claro que a Venezuela de hoje não é um paraíso na terra. Lá, como em qualquer outro país da América Latina, ainda existem muitos problemas como violência urbana e rural, analfabetismo, saúde pública, saneamento básico, etc.
A diferença é que Chávez, durante todos estes anos no comando do país, deu mais atenção as áreas problemáticas. Aplicou os lucros da exportação do petróleo em programas sociais e de distribuição de renda e não apenas somente na saúde dos acionistas da empresas petrolíferas.
Talvez o único erro de Hugo Chávez tenha sido fomentar a criação dos Conselhos Comunais, onde a população tem o poder de atuar diretamente nas decisões políticas de sua região. Estes conselhos são comunidades de aproximadamente 200 famílias que moram próximas e que possuem laços em comum. Através de assembléias populares os cidadãos comuns decidem quais obras deverão ser executadas na comunidade. Estes Conselhos Comunais participam ativa e diretamente no processo político chegando a propor e apresentar leis, como por exemplo, a Lei de terras (contra o latifúndio e a melhor produção e distribuição dos alimentos), leis contra o açambarcamento em supermercados (quando o vendedor esconde alguns dos produtos na esperança de um aumento nos preços) e até a própria lei dos Conselhos Comunais.
O problema é que com estes Conselhos Comunais até o mais simples e mais humilde dos cidadãos acaba por entender, participar e fazer a diferença no processo político e até eleitoral. Com isso, todos os venezuelanos são politicamente iguais, desde o orelha-seca auxiliar de porra nenhuma, até o alto executivo de uma grande empresa petrolífera.
Então, Chávez é um ditador apenas por ter verdadeiramente democratizado a Venezuela e ter criado um sistema simples que tira da ignorância política todos os cidadãos venezuelanos.
Pessoas como o nobre deputado Ney Leprevost e outros incontáveis formadores de opinião a soldo de políticos como o deputado tem um medo terrível de que os cidadãos brasileiros atinjam este nível de politização. Se isto um dia ocorrer, nunca mais se elegem para porra nenhuma nesse país.
Chávez é um ditador, um tirano um demônio para todos aqueles que têm medo da democracia. A democracia plena e participativa. A democracia para todos e não para apenas um grupo seleto de abastados políticos profissionais acostumados com as tetas do dinheiro público e os esquemas lucrativos com os empresários da iniciativa privada.
Só por isso!
Polaco Doido
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